Cê 08/06/2012
AVENTURA MARAVILHOSA E ENVOLVENTE
Isabel Allende é uma das minhas escritoras favoritas. É impressionante como ela consegue construir narrativas tão sensacionais, misturando realismo fantástico e fatos reais, de forma envolvente. Parece que a autora escolhe minuciosamente cada palavra, tornando o texto simplesmente perfeito.
Em “Zorro”, isso não é diferente. A autora consegue reunir a história espanhola e a da Califórnia, inserindo contos míticos e ritos indígenas, viagens marítimas e aventuras de piratas, injustiças sociais e sociedades secretas, missões religiosas e cultura cigana, vilões malvados, donzelas em perigo e heróis charmosos. Cada tema, cada personagem, cada aventura é essencial para compor o romance e dá o tom do herói.
Eu adoro histórias sobre super-heróis. E, neste livro, Isabel Allende apresenta o Diego de La Veja, o Zorro, desde o seu nascimento. Isso é fundamental para compreendermos o seu lado humano, incluindo as suas fraquezas e defeitos. Além disso, conhecemos as suas origens, tanto materna, quanto paterna, o que nos faz ter uma compreensão melhor sobre a sua personalidade e caráter.
O livro é dividido em capítulos que retratam momentos da vida do herói, mas que são delineados pelos locais onde o romance se desenrola. Califórnia, onde acontece o seu nascimento, Barcelona, a sua juventude, Espanha e novamente Alta Califórnia.
Diego de La Vega é filho único de Toypurnia-Regina, uma índia mestiça (pois o seu pai era espanhol) valente e rebelde e Alexandre de La Vega, um capitão espanhol corajoso e honrado. Ele cresce em na Califórnia e possui um meio-irmão, nascido praticamente no mesmo dia que ele, chamado Bernardo. Bernardo e Diego foram criados juntos, mas como aquele é filho de índios, nunca teve os privilégios do irmão. Os dois vivem aventuras incríveis durante a infância e criam um elo de amizade bastante forte.
Quando completam 15 anos, Diego e Bernardo viajam para Barcelona. O primeiro vai com o intuito de estudar e o segundo para acompanhá-lo. Eles se hospedam na casa de um amigo de Alexandre de La Veja, Tomás de Romeu, que possui duas filhas, Isabel e Juliana.
Os amigos-irmãos encontram Barcelona em época de guerra civil, dominada por Napoleão Bonaparte. Após vivenciarem uma série de injustiças, Diego de La Vega cria o seu alter-ego, Zorro, que tenta defender os mais fracos e injustiçados, com a ajuda de seu fiel amigo Bernardo.
Após outras tantas aventuras em Barcelona, os amigos viajam pela Espanha e regressam à Califórnia, para continuarem lutando pelos seus ideais.
Também vamos descobrindo que, em cada oportunidade que teve, Diego de La Vega foi aprendendo alguma coisa, que mais tarde serviria para se formar o herói que foi: desde a infância, ele lia sobre esgrima e treinava com o pai. Durante a sua viagem para Barcelona, para não ficar entediado, Diego aprende truques de mágica com o cozinheiro do navio. Já na Espanha, ele tem aulas práticas de esgrima com Manuel Escalante, que mais tarde, irá introduzi-lo numa sociedade secreta. Mas para isso, Diego terá de treinar e passar por uma série de provas, que envolve esforço físico, inteligência, além de lutas.
O motivo do nome “Zorro”, escolhido por Diego, também é explicado no livro. E uma curiosidade que só soube durante a leitura: zorro significa uma espécie de raposa, encontrada na região da Califórnia.
Destaque para a narração do romance, que é feita por uma personagem do livro, mas só no epílogo é que nos é revelado(a) o(a) autor(a).
Zorro é um romance sensacional, o leitor se envolve desde a primeira até a última página do livro.