Servidão Humana

Servidão Humana W. Somerset Maugham




Resenhas - Servidão Humana


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@fabio_entre.livros 20/02/2024

Romance deformação
Se não me falha a memória, este é o segundo livro que eu torno favorito pela razão mais contraditória que um leitor pode alegar: sentir ranço dos personagens principais e raiva das atitudes que eles tomam. Não é coisa fácil de explicar, mas a narrativa do Sr. Maugham tem um magnetismo irresistível que provoca no leitor uma espécie de compulsão por continuar virando as páginas, mesmo quando nos força a testemunhar as abjeções a que o protagonista se sujeita, e que vão além do fetichismo masoquista do título.
Como romance de formação, já digo na lata que este é, em minha opinião, o mais consistente e crível que já li. Os europeus (e, sobretudo, os britânicos) parecem ter um talento nato para esse tipo de narrativa, mas eu encontrei aqui um romance que se aproxima da vida real no que ela tem de mais inquietante e cru. Em outros romances do gênero que li, especialmente os de Charles Dickens, eu tive a sensação de que as vidas dos personagens, a despeito das inúmeras peripécias por que eles passam, seguem um roteiro predeterminado, como se eles fossem conduzidos pelo acaso ou pela fatalidade ao bel-prazer do autor. Isto não acontece aqui; ao acompanhar a vida de Philip Carey desde sua infância de órfão até o ingresso na vida adulta e a possibilidade de formar uma família, somos arrastados por todas as intempéries da nossa existência sem nenhuma complacência ou idealização por parte do autor. Como todos nós, Philip sofre de constantes dúvidas e inseguranças acerca de cada grande decisão que toma, e tais decisões nunca o conduzem a um ponto fixo e satisfatório; ao contrário, geralmente o levam a experimentar uma sucessão de decepções ou passar por situações dolorosas e degradantes, como o seu amor autodestrutivo por uma mulher incrivelmente vil.
Nos outros aspectos da vida, a trajetória de Philip também espelha as nossas experiências de formação: idealização e desilusão com as amizades, as incertezas e obsessões amorosas, as dúvidas sobre nossas capacidades na escolha de uma profissão (independentemente de limitações físicas, como é o caso de Philip), a ânsia por descobrir o nosso papel no mundo.
Contudo, não só de inquietação e amargura o livro é composto; ao longo das aventuras (e desventuras) de Philip, somos brindados com profundas reflexões sobre o sentido da vida, o bem e o mal, a fé e a razão, a arte e a estética. E, ainda que de maneira muito mais contida que Dickens, Maugham também tem uma discreta veia cômica, apresentada através de alguns personagens excêntricos, sobretudo o patriarca da família Athelny.
Por fim, uma justificativa para a palavra "deformação" no título deste texto: não foi erro de digitação, mas um trocadilho infame com a condição física do protagonista.
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Nati 17/02/2024

Essa foi uma releitura nostálgica. É muito interessante quanto nossa percepção de um livro é influenciada pelo momento de nossas vidas. Este é um romance de formação e acompanhámos Philip Carey desde sua infância afetado por uma deficiência no pé até seus quase 30 anos. Vemos em especial a geração pré guerra, perdida e desesperançada, sem saber o que fazer e com dúvidas e incertezas sobre o futuro.

Há grandes momentos reflexivos durante a obra, sobre tudo: Deus, família, dinheiro, amor, pobreza, amigos, sonhos, etc. E há uma panóplia de personagens interessante, inclusive a Mildred, que me fez passar momentos de puro ódio e pena. Todos são bem construídos e possuem pontos de vista singulares. É possível ver como tais pessoas influenciam e constroem a personalidade de Carey.

Admiro que o autor tentou ao longo das página fazer com que o personagem
passasse por várias adversidades sem cair no sentimentalismo ou ser apelativo. Tudo o que acontece é fruto de suas decisões, e sinceramente em poucos momentos eu realmente senti pena de Philip.

Não é um livro difícil,longe disso, mas pode ser árduo em alguns momentos e devido à sua extensão. Apesar de ser voltado e gerar maior identificação para quem anda na casa dos vinte, é uma leitura interessante para qualquer idade. O final não é o esperado, principalmente para quem ama finais felizes - é um final humano, meio amargo. Sem explosões de sentimentos ou loucuras. É apenas a vida a seguir seu rumo.
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Leo Leu 27/10/2022

A escrita do autor não seguiu para mim de forma fluida, tive que dar um tempo quando estava na metade do livro, mas me apaguei ao personagem e precisava encerrá-lo é assim fiz algum tempo depois e ao fim me apeguei ao Philip é que bom que continuei e acompanhei a vida desse personagem profundo e peculiar, vivendo sua vida de servidão e autoconhecimento.
Uma doce lembrança
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Bia 04/02/2022

Que homem besta
Pensava eu que seria um livro para tratar de um jovem que passa a vida toda tentando se encaixar a normalidade por causa do sua deformidade no pé e se trata justamente do contrário. O livro fala de um jovem que percebe que todos nós levamos consigo um defeito de um dos lados da face e que nos incomoda e nos faz sofrer.

É um livro sobre não se encaixar na sociedade, é sobre abandono e sobre o sentido da vida. Uma biografia que não empolga, mas que faz pensar que presente estamos sacrificando pelo nosso futuro que supostamente será mais feliz
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Abduzindolivros 29/05/2021

Encantador
Nesse romance de formação, acompanhei a história de Philip através da infância, adolescência e idade adulta. Estou impressionada com o quanto me identifiquei com vários momentos da vida do Philip, e como minhas experiências me levaram às mesmas conclusões que ele ia chegando...

Indico demais, é uma história incrível, para ser apreciada como a uma pintura ???
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Wellington Carneiro 06/03/2021

"Não posso te dizer o sentido da vida. A resposta nada significará a menos que a descubra por ti mesmo."
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Heidi Gisele Borges 17/10/2020

Adoro os clássicos e ano passado terminei a leitura de mais um grande título: Servidão Humana, de William Somerset Maugham (1874-1965), e fui procurar um pouco mais sobre o autor.

A história é um tanto autobiográfica. Maugham passou diversas provações e provocações por conta de alguns problemas. Sua gagueira era algo que o afetava por demais.

Vemos em Servidão Humana Philip Carey passar por muitos desafios por conta de seu pé torto, que o fazia mancar. Esse é um Bildungsroman, ou seja, um romance de formação, em que acompanhamos desde o nascimento do personagem todo o seu desenvolvimento, sua evolução como pessoa.

Muitas vezes senti tudo o que Philip sentia. Mas também me revoltei por suas escolhas.

Ele se apaixona pela garçonete Mildred, uma mulher fria, arrogante que o humilha de todas as formas. Mas sempre precisa dele.

Philip é um rapaz tímido, que se esconde atrás de seu problema, não tem senso de humor e é triste.

Quando pequeno ficou órfão e foi morar no vicariato com os tios, que não tiveram filhos. A tia até tentava ser carinhosa, mas não tinha muito tato com a criança. O tio era frio, distante.

Algumas partes senti raiva pelos pensamentos de Philip. Ele se deixou endividar por querer cuidar da irresponsável e cruel Mildred e depois pediu que seu tio o ajudasse, como este declinasse, passou a desejar sua morte para receber sua herança e poder terminar a faculdade medicina.

É um romance tão intenso, tão triste. Acompanhar a vida toda de um personagem, perceber com ele sua insignificância, mas, ao mesmo tempo, descobrir que há pessoas que gostam dele. E ele acha estranho quando querem ajudá-lo, por que motivo alguém se compraz de sua dor? Depois de tanto tempo sofrendo, se diminuindo e sendo diminuído, ele não espera nada de ninguém.

A frase de Maugham resume bem esse romance:

"É cruel descobrir sua mediocridade quando já é tarde demais." Algumas frases se encaixam em nossas vidas. De forma irônica.

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Miss.Jackð 11/10/2020

Profundo.
Cada página vale a pena, pois trás inúmeras reflexões em cada frase, cada pedaço.
É um compilado de críticas que são extremamente atuais e podem ajudar muita gente a se encontrar nos caminhos tortuosos da vida.
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notexist 28/12/2019

Num lívido dia tudo teve início.
Não é por coincidência que essa obra tenha como protagonista Phillip (Felipe em português). O mesmo nome que o meu. Mas as semelhanças não param por aí.
Venha, vamos descobrir o porquê.
Ele inicia a sua trajetória ainda bebê. Sim, o autor desejou contar a história dele desde o seu nascimento. Fazendo-nos testemunhar as vicissitudes pela qual passou, até que atingisse a fase adulta, e é nela que se encontra o corpo principal da obra. Mas até que atingisse-a tentaram lhe encaminhar para um bom rumo. Novamente, seus familiares lhe queriam bem, cada qual ao seu modo.
Assim, ingressou num escritório de contabilidade. E, eu também passei por uma rápida experiência similar.
Acontece que ele tinha uma vocação que lhe acenava. Era o doce convite à Paris. A cidade dos artistas que buscavam aprimoramento e reconhecimento de seu talento.
O fato é que após tentativas, entre erros e acertos buscou outra área, mais prática e atuante para exercer seus dons.
Entretanto, a vida para ele foi de reviravoltas. Viu-se em dificuldades. Fatos alternavam-se por capricho em sua busca pela consolidação, tanto intelectual quanto financeira, e na afetiva... bem, é melhor que descubram pela leitura dessa, que sem dúvida, é uma das obras mais humanas e significativas na busca pelo bom, belo e verdadeiro na vida de um ser humano.
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Flávia Pasqualin 30/10/2019

Afinal, qual o sentido da vida, para que existimos?

O livro conta a trajetória de Philip desde a infância ate a fase adulta. Conforme os anos vão passando a maneira como Philip encara o mundo vai se transformando, seja por conta de acontecimentos pessoais ou por influência de pessoas que passam por sua vida. A sinopse da ênfase ao relacionamento entre Philip e Mildred, mas a história vai muito além disso. São mais de 600 páginas com diálogos memoráveis. Sem dúvida deveria ser uma leitura obrigatória.
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Fabiana.Amorim 04/02/2019

Amor e ódio
A simpatia pelo órfão Philip Carey vem de imediato. Desde pequeno, um leitor e amante das artes. Buscava na leitura uma distração para o espírito , como a maioria de todas as gentes. A existência... Qual o seu sentido? Muitas vezes a gente se pergunta. Philip se perguntava sem compreender a trama ingrata da vida. Nascer, viver e morrer. No meio dessa jornada muita dor, mágoa, sofrimento, humilhação e o amor que todos necessitam.
.
Aceitar que não há sentido em tudo isto é se reconciliar com a existência, segundo o personagem. A vida, apesar dos seus entraves, é bela. A nossa história é uma obra de arte tecida fio a fio entre risos e lágrimas. Ao fim, quem sabe, poderemos admirá-la como se não tivéssemos sofrido(ou não vivido)... Digo melhor... Poderíamos admirá-la como sobreviventes. .
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Eu senti muita raiva de Philip e o seu amor escravo pela pérfida e vulgar Mildred. A que ponto de degradação se pode chegar um ser humano por amor? A um ponto terrível. Humilhante, absurdo. Quisera que nenhum de nós passássemos por isto. Mas isto significaria que não teríamos vivido ou amado. Nem todos possuem a sorte de um amor tranquilo. De uma vida serena sem percalços. Mas para aqueles que creem, o dia chegará. Amém? .
Mas Philip, que visitou os porões mais baixos da servidão humana, era um ser humano admirável.
Justo e bom sem nunca perder a fé em si mesmo e no amanhã.
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Muitas vezes , espíritos mais suscetíveis se perdem pelo caminho. Mas ele não. Ele nunca. Duvidar sim, render-se não se aplica aos vencedores. Viver é um desafio.
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Livro incrível. Essencial para quem não teme calhamaço de 600 páginas. Nota 5/5
#2/2019
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Tom 13/09/2018

Servidão Humana até hoje
Servidão é o estado do servo, do escravo, escravidão, privação da independência ou da liberdade, cativeiro, sujeição, dependência. Ao ler o livro pude verificar que até as descrições feitas pelo autor com as vicissitudes da natureza e da vida corroboram que vivemos à mercê de nós mesmos sendo nós servos de nós mesmos e dos outros. Livro que nos reflexiona a até quando a maldade pode chegar. Independente de gênero, etnia, religião.
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