spoiler visualizarGabriel.Alves 27/04/2024
A tragédia de Paul Atreides como prólogo de Duna
12 anos se passaram após Paul Atreides reivindicar o trono e colocar Duna como o centro daquela galáxia, não somente como venda de especiarias, mas como centro político.
Enquanto no primeiro livro temos um calhamaço de páginas de desenvolvimento daquele universo, nos estendendo às Casas Maiores, Menores, povos, filosofia, política e, principalmente, à ecologia daquele ecossistema, nesse somos voltados exclusivamente para a polícia e filosofia. Toda a extensão daquele universo demonstrado no primeiro livro recebe zero destaque neste.
Trata-se de uma obra de dois caminhos. Por um lado temos um lado intimista de Paul, suas reflexões, anseios e temores do que ele se tornou, realizou e ainda pode realizar. Pelo outro, temos o desenrolar político de seus inimigos - até mesmo apoiadores - para acabar com a carnificina que Paul iniciou em seu nome.
Muitos aqui podem ser enganados a depender da interpretação política e pessoal que têm em seu âmago interior. Assim como ocorre em obras, ao nosso exemplo, tais quais "Tropa de Elite", "Attack on Titan", e outras, o autor quer demonstrar a eugenia do pensamento de seu personagem principal, mas que pode ocorrer pela culatra, o que vai depender da visão pessoal que cada um tem com a obra. Paul não é mocinho. Paul é um ditador genocida.
É o menor de todos, mas que, com toda certeza, demanda uma leitura atenta e forte. São muitas reflexões acerca dos personagens, deixando uma leitura densa e parada, mas não monótona.
Não sou muito fã da escrita de Herbert por ser meio confuso em certas passagens. Não explica muito, é meio prolixo e, muitas vezes, há um lapso temporal que fica confuso. Assim como ocorre em todas obras de ficção, os termos próprios do universo deixam a leitura mais complexa e difícil. Mas é gosto pessoal.
Iniciado em "Duna", em "Messias de Duna" temos o desfecho da tragédia de Paul e o que ele construiu para aquele universo, com suas perdas, egoísmos e, principalmente, amor. Mas não pelo próximo ou pelo seu povo, por si, pelos seus filhos, irmã e amada. Nem o cruzamento genético, nem o treinamento das Bene Gesserit, nem Mentat, conseguem fazer de Paul um ser supremo, mas continua um humano com falhas. Ou, o que deu a entender no final, ele não era de fato o produto final que as Bene Gesserit esperavam, mas sim, seu filho. Veremos o que esse prólogo nos apresenta nos outros livros.