Anne (Duff) 14/01/2016
Entre pertencer e frequentar há uma diferença gritante, caso contrário, produziremos o fundamentalismo religioso e o radicalismo ideológico (incrível)
"Adolf Hitler queria inscrever seu nome no concerto das nações e gravar com chamas seu nome na história. O homem que teve a ambição de Alexandre, o Grande, a habilidade de discursar de Júlio Cesar e a sede de poder de Napoleão Bonaparte desconhecia que a vida humana, por mais longa que seja, é como a brisa que sorrateiramente aparece e logo se dissipa aos primeiros raios solares do tempo."
A primeira coisa que me chamou a atenção no livro O COLECIONADOR DE LAGRIMAS, foi à dedicatória que Augusto Cury fez a ele, e a segundo, o subtítulo do livro, que é sobre um tema que sempre me despertou interesse, mas ao ler sobre ele, nunca conseguir realmente tirar todas minhas duvidas.
Acho que escrever um livro como esse, requer um grande domínio sobre o assunto, e Augusto não deixa a desejar ao desenvolver essa romance histórico-psiquiátrico, sendo fiel realmente ao que acontece Durante a Alemanha nazista e abordando também um lado sensível sobre o ocorrido, ao contrario de qualquer livros ou artigo que ao relatar a historia, o fez de uma forma mais didática.
O livro se passa durante a atualidade, e por mais que Hitler não se faça presente, ele é o personagem principal, e os demais são apenas peças que compõem o livro, e temos também, um segundo personagem que a chave principal do livro, Júlio Verne, um professor, que começa a ter terrores noturnos durante a qual se faz presente durante o Holocausto, em que começa a se ver neles, como um dos carrascos. Se sentido incomodado Júlio Verne começa a trazer tais assuntos para a sala, como forma de aliviar a mente, e a necessidade de expor todo o ocorrido, almejando no final das contas, despertar a sensibilidade dos seus alunos. Isso começa a tumultuar a ordem da universidade, quando o professor ganha mais notoriedade, ganhando fiéis seguidores, e inimigos que pensou já terem sido instintos há anos, e que parecem ter vindo de um túnel do tempo.
O livro contem cartas escritas pelo próprio Adolfo Hitler, e através das aulas de Júlio Verne, Augusto faz uma analise sobre este austríaco que abordou técnicas sofisticadíssimas, para se agigantar no inconsciente da sociedade alemã, e como antes de devorar os judeus, eslavos, marxistas, e homossexuais, Hitler primeiro devorou a alma dos Alemães, ao se declarar filho desta pátria durante uma época a qual estava fragilizada pela guerra e se sentido humilhada, e o patriotismo era tudo. Justamente com seu magnetismo social e seus aliados Hitler conseguiu a hegemonia do poder, e se tornou o grande Führer de uma sociedade a qual não pertencia em especial com a ajuda do seu ministro de Propaganda, Goebbels, criando até em massa uma Juventude Hitlerista que a meu ver foi uma das questões mais surpreendente da história. Foi como viajar no tempo e entender a mente desse povo, e como elas se submeteram a este homem.
O livro em si é ótimo, só fiquei um pouco decepcionada com as teses repetitivas e o vício de linguagem fastidiosa do Autor, que sempre ocorre em qualquer livro escrito pelo mesmo, e a parte ficcional do livro, mas o importante é a mensagem que ele deixa no final, e isso é o que mais deve ser relevado.
‘’- Em minha humilde opinião, deveríamos frequentar grupos, mas não pertencer a nenhum deles. Entre pertencer e frequentar há uma diferença gritante. Judeus, islâmico, cristãos, budistas, hinduístas, inclusive membros de partidos políticos, deveriam pertencer em primeiro lugar a humanidade, depois ao seu grupo, caso contrário, produziremos o fundamentalismo religioso e o radicalismo ideológico, e, consequentemente, nunca beberemos o cálice da tolerância nem sentiremos o paladar da solidariedade. ’’