Contato

Contato Carl Sagan




Resenhas - Contato


227 encontrados | exibindo 211 a 226
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 15 | 16


danielgdo 07/01/2011

Carl Sagan foi um dos maiores divulgadores científicos que existiu. Neste livro ele viaja em sua imaginação especulativa de como seria um encontro com vida inteligente fora da Terra. A história se apóia numa verossimilhança com a física e a astronomia até então conhecida, e divaga através das possíveis descobertas futuras. A questão religiosa está presente e o embate ceticismo x religião da um gosto a mais na história.O conhecimento científico do autor ajuda a dar um toque de realismo ao livro.
comentários(0)comente



Félix 15/10/2010

Este livro foi uma surpresa para mim, pois esperava uma estória voltada só para a exploração espacial. Ledo engano. O livro se desenrola a partir da certeza da existência de extraterrestres (os Veganos). Quais a implicações de tal fato para a humanidade, principalmente no que se refere às convicções religiosas. Com diálogos que versam sobre história da ciência, astronomia, mitologia e filosofia, Carl Sagan constrói uma narrativa primorosa. O livro tem uma linguagem bem técnica, às vezes ficava perdido com as inúmeras teorias que são apresentadas. Mas, estamos falando desse autor, que é hábil em escrever para leigos. O que mais gostei nesse livro foi a personagem Ellie Arroway, porque, simplesmente, me identifiquei com os pensamentos dela em relação a religião. O livro tem um final surpreendente e, sem dúvidas, é uma obra escrita por alguém que conseguia explicar o universo de uma forma simples e clara.
comentários(0)comente



Ladi 01/09/2010

Opinião
O livro trata de uma cientista/pesquisadora da área de astronomia que faz uma grande descoberta: A Mensagem. Daí por diante a sua vida e a vida de muita gente no planeta todo muda.
Achei que o autor lança mão de muita linguagem técnica afim de impressionar o leitor, mas não esclarece certos pontos.
Enfim, apenas um capítulo do livro me atraiu.
danielgdo 07/01/2011minha estante
A linguagem técnica é que faz com que o livro seja mais verossímil, pois explica varios pormenores das coisas que ocorrem.


Habibks 03/02/2011minha estante
Eu concordo que ele faz uso excessivo de linguagem cientifica, so não sei se foi pra impressionar o leitor, acho que ta mas pra mania de cientista expressar-se de maneira dificil/complicada/tecnica.

E sobre o que o colega ai embaixo falou sobre conferir mais autenticidade a trama, discordo absolutamente! O leitor medio não tem conhecimento suficiente pra saber quais teorias ali presentes são validas, reais ou provaveis de acontecer no mundo real, restando so acreditar na palavra do autor.

Pelo menos eu não parei em cada capitulo pra checar se o que tava sendo dito ali realmente existia no mundo real.




George Diniz 25/08/2010

Carl Sagan se superou mesmo nesse livro, pois ele apostou no gênero Romance, pra expor suas idéias sobre nosso universo, ciência e até astro-física, como sempre Sagan tenta levar ao mundo conhecimento a respeito do "mundo" em si, não apenas sobre a Terra, mas principalmente a parte do universo que ainda não conhecemos, mas que existe. Teve um filme baseado nesse livro, "Contato", que nao chega nem perto do livro, mas nos faz pensar, muiiiito bom.
comentários(0)comente



Ariadna 04/07/2010

Fantástico!
Esse livro mostra como Carl Sagan tinha uma mente brilhante! Fico me perguntando o que (em termos de tecnologia terrestre) descrito por ele, já existe por aqui. E como uma pessoa que além de ET, também crê em outras vidas, torço para que seu espírito esteja vivo e habitanto outra dimensão, ou outro planeta. Voltando ao livro, acho que se a pessoa não tem interesse por astronomia ou ficação científica, não vai gostar dele. Mas quem sabe?
comentários(0)comente



hemersonbrandao 04/05/2010

O contato de Carl Sagan
Há 12 anos o mundo da divulgação científica perdia uma de suas estrelas de maior magnitude. Carl Edward Sagan, formado em Astronomia Planetária pela “University of Chicago” e doutor em Biologia pela “Harvard University”, dedicou sua vida à pesquisa e a divulgação da Astronomia, principalmente na área da exobiologia, que estuda a possibilidade de existência de formas de vida, fora da Terra.

É considerado por muitos como o maior divulgador de ciência da história, graças à visibilidade que recebeu através de sua série de televisão “Cosmos”, veiculada em 1980. Gravado em parceria com sua esposa Ann Druyan, durante 3 anos visitou 12 países, produzindo 13 episódios abordando assuntos como história da ciência e da Astronomia, Exobiologia, além dos feitos alcançados pela Astronáutica. Tendo mais de 500 milhões de espectadores em todo mundo, seu carisma garantiu um prêmio Emmy e o título de maior série científica da história da TV. Sua versão em livro alcançou o best seller da divulgação científica.

Foi consultor e conselheiro da agência espacial NASA, chefiando as missões Mariner, Viking, Voyager e Galileo, que explorou todos os planetas do Sistema Solar, sendo condecorado pelos resultados obtidos. Também foi co-fundador da “The Planetary Society”, congregando membros do mundo inteiro em prol da exploração pacífica do espaço e a pesquisa da vida extraterrestre.

Carl Sagan foi autor de 20 livros e dezenas de artigos científicos. O seu livro “Os Dragões do Éden”, sobre biologia evolucionária e antropologia, recebeu o prêmio Pulitzer de literatura.

Sua última obra, “O mundo assombrado pelos demônios”, expressa sua forte preocupação com a divulgação de pseudociências em nossa sociedade atual e estimulando o pensamento crítico e racional, além de abordar temas polêmicos como o aborto e o aumento preocupante da militarização da humanidade.
Morreu aos 62 anos, em 20 de dezembro de 1996, vítima de complicações da mielodisplasia, uma rara doença da medula óssea.

Durante sua vida, Carl Sagan escreveu apenas um único romance de ficção-científica, o "Contato" (Companhia das Estrelas: Tradução de Donaldson M. Garschagen, 1997, 416 páginas), que narra de uma forma envolvente o que poderia ser o primeiro contato da humanidade com uma inteligência extraterrestre.
A narração inicia com a infância de Ellie Arroway e os seus primeiros passos em direção à ciência, graças sua curiosidade por aparelhos de rádio e pelas belezas do céu noturno. Ambiciosa e sonhadora, sempre com apoio e incentivo de seus pais, suas paixões de infância e a facilidade com matemática, física e engenharia, acabaram levando a protagonista para a faculdade, e uma formação em Radioastronomia, especializada em estudos das emissões e reflexões de radiações eletromagnéticas por corpos celestes.

Durante sua vida acadêmica, na “California Institute of Technology”, Ellie tem o contato com o pesquisador Peter Valerian, um radioastronomo respeitado na instituição, mas que tinha um fascínio ligeiramente desabonador, pela possibilidade de existir inteligências extraterrestres. Peter se tornaria seu amigo, e quanto mais Ellie o conhecia, mais ela era envolvida com o seu fascínio, a ponto de Ellie começar a divagar se com radiotelescópios não seria possível contatar civilizações extraterrestres avançadas pelo Universo.
Após conquistar seu doutorado, Ellie é nomeada auxiliar de pesquisa no Radiobservatório de Arecibo, em Porto Rico, o maior radiotelescópio do planeta, sendo, portanto, o mais disputado por radioastronomos. Durante seus curtos períodos disponíveis para utilizar o radiotelescópio, Ellie dedicava-se às primeiras pesquisas buscando emissões de rádio de estrelas que poderiam abrigar sistemas planetários com formas de vida, na esperança de encontrar uma civilização avançada que tivesse a intenção de comunicar-se conosco.
Sua pesquisa ganha reconhecimento e recebe o convite para direção do Projeto Argus, contando com 131 radiotelescópios móveis e controlados por computador, que dentre outras pesquisas recebia financiamento para a pesquisa de busca por vida extraterrestre inteligente.

Desacreditada por muitos, depois de anos sem alcançar algum resultado mensurável, ela acaba sendo estimulada a deixar a pesquisa por estar gastando dinheiro e tempo precioso em radiotelescópios, numa busca cega por extraterrestres. Até que numa determinada madrugada, Ellie é surpreendida pelo alarme de monitoramento automático de freqüências, ao receber uma série de pulsos eletromagnéticos e repetitivos, que codificados apresentaram-se como uma seqüência de números primos. Entrelaçado com esse sinal, estão desenhos esquemáticos de uma cápsula no formato de dodecaedro, envolta por um grande aparelho, capaz de abrigar 5 pessoas.

Desconfiados mas seduzidos a construir o artefato, governos do mundo inteiro se unem, e após anos e trilhões de dólares gastos, a máquina está pronta para ser utilizada. A máquina consegue gerar uma espécie de portal bidimensional que os leva a uma série de complexos “buracos de minhoca” que possibilita vencerem em segundos as longas distâncias no espaço. A viagem acaba levando os seus cinco ocupantes a uma viagem ao centro da nossa galáxia e o contato com os seres extraterrestres responsáveis pela mensagem.
O livro virou um filme homônimo com a personagem principal sendo representada pela atriz Judie Foster. Adaptado pelo diretor Robert Zemeckis em 1997, Carl Sagan não viveu o suficiente para ver sua obra nos cinemas.

Tanto no livro quanto no filme, apesar de não declarado, é apresentado uma estreita relação do projeto Argus com o projeto na vida real idealizado pelo Instituto SETI, que busca sinais de radio emitido por civilizações inteligentes em nossa galáxia. O seu fundador, o astrônomo Frank Drake, conhecido pela sua “fórmula Drake”, calculou através das leis da probabilidade que atualmente somente em nossa galáxia poderia existir, na melhor das hipóteses, 10.000 civilizações alienígenas num ponto tecnológico similar ou mais avançado que o nosso, e que os mesmos poderiam estar tentando se comunicar entre si através de emissões radiotelescópicas. É nessa cifra que o projeto se apóia e tem as mesmas dificuldades apresentada no livro, tanto na busca por financiamento assim como hora disponível em radiotelescópios, para pesquisa.
O projeto já existe há 40 anos e computadores já analisaram dezenas de milhões de emissões de rádio em diferentes partes do céu, e apesar de alguns sinais intrigantes, até o momento nenhum sinal foi identificado como de proveniência extraterrestre. O grande problema tem sido qual freqüência especifica devemos buscar, em qual momento e em para qual porção do céu deve apontar nossas antenas.

Um outro ponto desanimador nessa busca são as longas distâncias no espaço e as dificuldades num contato interativo inter-civilizações. No livro, o sinal extraterrestre é proveniente da estrela Vega, que apesar de ser uma estrela bastante próxima da Terra, existe um atraso de 26 anos para que uma mensagem seja emitida no nosso planeta percorra todo o espaço, até alcançar a estrela.

Carl Sagan foi feliz em utilizar a teoria dos “buracos de minhoca” para permitir que os 5 astronautas pudessem viajar até o centro da galáxia. Apesar de ainda estar na linha da física teórica, talvez seja uma alternativa para futuras e longas viagens através do Universo.

Outro ponto abordado no decorrer da obra são os embates entre ciência e a religião que uma mensagem dessas provocaria, numa sociedade que 95% das pessoas acreditam em alguma divindade. Marca de Carl Sagan, que expunha publicamente seu ceticismo e agnosticismo, a protagonista Ellie era avessa às religiões, seguindo uma inclinação de seu pai, que opinava que a Bíblia seria uma coleção de "histórias bárbaras misturadas com contos de fadas".

Entre longos debates por todo o livro, perguntada sobre a proveniência da mensagem não seria de origem divina, Ellie respondeu num dos pontos altos da trama: “Naturalmente, não é um símbolo cristão, ou um símbolo de qualquer uma das grandes religiões atuais. Não imagino que o senhor quisesse argumentar que os deuses só falassem com os gregos antigos. O que estou dizendo é que, se Deus desejasse enviar-nos uma mensagem, e se os textos antigos fossem a única maneira que ele imaginasse para fazer isso, poderia ter realizado um trabalho mais bem-feito. E de maneira alguma ele teria de se limitar aos textos escritos. Por que não existe um imenso crucifixo em órbita ao redor da Terra? Por que na superfície da Lua não estão gravados os Dez Mandamentos? Por que Deus haveria de ser tão claro na Bíblia e tão obscuro no mundo?"
Se Deus existe ou é apenas uma parte de um mito coletivo de nossa sociedade, o romance de Carl Sagan responde com um alto e sonoro “não” a inquietante pergunta que aflige a humanidade desde suas primeiras divagações: Estaríamos sós no Universo?
Hebson 14/10/2011minha estante
Eu só procurava uma simples resenha sobre o livro...=(


Heloisa 05/08/2014minha estante
Uau, parabéns pela resenha!!! Só fez aumentar a vontade de ler o livro.


Douglas Brilhante 10/05/2020minha estante
FANTÁSTICA RESENHA.




Sr.Matsui 04/04/2010

Uma grande e interessante lição

Como em boa parte de seu trabalho, Carl Sagan contrapõe ciências e profissões da astronomia e astrofísica para o leitor leigo com grande habilidade - com um evidente carinho pelo assunto e pelos seus leitores.

Eu gostei bastante da 'humanidade' dos personagens e a realidade profissional envolvida no dia-a-dia deles.

Eu li o livro antes de assistir o filme e senti - como (quase) sempre - que o livro foi melhor. Mesmo porque, nas páginas de um livro sempre dá para se criar sub-tramas e se desenvolver personagens individuais, que o leitor pode passar direto e retornar com mais calma em uma segunda leitura.

Já um diretor de cinema tem que se prender à trama central e ficar dentro dos limites orçamentários.

De qualquer maneira, o relacionamento da heroína com seu pai é muito mais intensa e surpreendente no livro do que no filme.

Este é o único livro de ficção científica deste proeminente astrônomo de final de século, que ficou famoso com a série "Cosmos" - que até passou na Globo, na década de 80.

Nenhuma ficção científica é comparável no seu realismo. Dá para se acreditar que uma sequência de acontecimentos como apresentada na história poderia começar amanhã.

O livro é recheado de ganchos, reviravoltas-surpresa, detalhes e especulações científicas fascinantes. E pedaços inesperados de caracterização que apenas Sagan poderia ter incluído.

O autor, que aparentemente se considerava um "agnóstico espiritualizado", explorou assuntos religiosos e científicos neste trabalho, e o resultado é discutivelmente herético - se visto de um ponto de vista religioso convencional.

Mas não é heresia como o leitor poderia imaginar. Na verdade, o clímax-surpresa da história torna "Contato" o equivalente de um "Paraíso perdido" do século XX - um trabalho que, sutilmente herético, é um dos livros religiosos mais numinosos já escrito.
comentários(0)comente



Leostuepp 02/04/2010

Não é minha leitura predileta
Mesmo considerando que a ficção não é minha leitura predileta, gostei de ler esta obra de Carl Sagan, pois ele era professor de astronomia e ciências espaciais e cientista visitante no Laboratório de Propulsão a jato do Instituto de Tecnologia da Califórnia, então, com seu dom para escrever, pode realizar uma obra que cativa e nos leva a uma verdadeira viagem pelo mundo da ficção, misturado ao mundo real onde alguns conceitos são nebulosos para nós pessoas do mundo normal, como o algorismo decriptográfico, o etanol em W-3 e tantos outros.
Para quem iniciar a leitura e, começar a sentir que "esta não é a minha praia", aconselho a continuar a leitura, pois ao seu final, pode ser que esteja cansado, mas com certeza valeu a pena a viagem.
comentários(0)comente



Marcos 19/03/2010

O velho mestre...
Que teve a oportunidade e o privilégio de assistir a série Cosmos na década de 80 vai encontrar o mesmo estilo de "conversar" do autor nesse livro. Carl Sagan pode não ter sido um dos maiores cientistas da história, mas com certeza é um dos mais tarimbados a divulgar ciência.

Ele tinha a habilidade fenomenal de transmitir a idéia mais complexa do mundo em algo que até uma criança podia entender.

É um livro sobre a matemática de números encoberto por uma romance tão intrincado e bem amarrado que você só descobre que o livro era sobre matemática nas últimas páginas. E o mais interessante é que você passa a ver os números transcedentais por um nova ótica.

A linguagem que Carl Sagan usou nesse livro é hipnotizante, inebriante...
comentários(0)comente



SGolzio 14/02/2010

Além do Texto
Vejo como o paradigma ciência e religião, o livro insere uma teoria geral onde uni as duas doutrinas de tal forma que não se percebe quando você segue uma ou a outra.
Excelente o contexto e visão que o autor tenta passar.
comentários(0)comente



Ende 12/02/2010

Resenha do Contato (Carl Sagan) para o www.lostinchicklit.com.br
“Ellie estava deitada em sua cama. Era uma noite quente de verão. Elvis cantava ‘One night with you, that’s what I’m begging for’. Os garotos da escola secundária pareciam dolorosamente imaturos, e era difícil – sobretudo por causa das determinações e proibições do padrasto – estabelecer um relacionamento firme com os jovens universitários que ela conhecera em palestras e reuniões. Relutantemente, admitia que John Staughton tinha razão em pelo menos uma coisa: quase sem excessão, os rapazes inclinavam-se para a exploração sexual. Ao mesmo tempo, pareciam muito mais vulneráveis, emocionalmente, do que ela havia esperado. Talvez uma coisa provocasse a outra.”
Muita gente já viu o filme, com Jodie Foster e Matthew MacConaughey, muito tempo atrás. "Contato" foi um grande sucesso do final dos anos 90, mas eu, que já era à época, fã de Carl Sagan, só fui ler o livro nas últimas semanas. O filme não é de forma alguma nada além de "baseado" no romance homônimo, e apesar das inúmeros licenças poéticas justificáveis em uma adaptação, se sai muito bem, em especial ao nos explicar a parte gráfica dos acontecimentos. Porém, mais uma vez, o romance ganha da versão cinematográfica.
Comecemos, pois, do começo. A Julianna, aqui do Lost in Chick-Lit, me convidou para escrever um post na coluna Be My Guest, e não obstante a honra que é escrever aqui, falar do meu autor predileto de não-ficção, justo na grande ficção que ele escreveu, é maravilhoso. Carl Sagan, falecido em dezembro 1996 (4 dias antes do Natal, quando ganhei de meu amado pai "Pálido Ponto Azul", primeiro livro do autor que li), foi um grande astrônomo, extremamente influente na NASA, e um dos fundadores do SETI, programa sério de busca por inteligência extra-terrestre através da rádio-astronomia.
Seu romance "Contato" pode quase ser classificado com uma Chicklit de ficção científica de qualidade, pois quem o escreveu foi um grande cientista, e a personagem principal, Ellie Arroway, nos conduz através de um programa de dezenas de rádios-telescópios espalhados pelo planeta que um belo dia, descobrem uma mensagem sendo enviada por rádio desde a estrela Vega, a 26 anos-luz de distância da Terra (ou seja, trilhões e trilhões de kms, tão longe que a luz - e as ondas de rádio - levam 26 anos para ir daqui até lá e vice-versa. Ainda assim, uma estrela relativamente próxima. O Sol, por comparação, está a apenas 8 minutos luz, ou 150 milhões de kms). Além de uma aula de astronomia, física, matemática, rádio-astronomia, e tudo que só um cientista de verdade poderia escrever com tal verossimilhança, o professor Sagan nos conduz pelos meandros da personalidade de Ellie desde sua infância até a idade adulta, quando sendo a descobridora da desconcertante mensagem de Vega, torna-se uma das tripulantes da máquina cujo projeto a misteriosa mensagem esconde.
Ellie é uma pessoa, imperfeita, cheia de defeitos, mas como cientista, é um dos grandes expoentes da sua área e a maneira como o autor trabalha sua personalidade e ações é simplesmente maravilhosa. Seu romance com Ken Der Heer (bem diferente do filme, onde ela se envolve com Palmer Joss, também presente no livro), um consultor de ciências do governo dos Estados Unidos, revela uma outra faceta, da carente mulher que em meio a uma profissão cercada e dominada por homens, tenta destacar-se profissionalmente, mas acaba para isso sufocando seus sentimentos. A relação conturbada com a mãe e o padrasto, e o amor incondicional pelo pai, falecido quando ela era ainda pequena, mostram a fragilidade da forte radio-astrônoma que, assim que a mensagem começa a ser decodifiada, tem que explicar para a presidente norte-americana (no filme, é “o” Bill Clinton, em ótimas edições de falas reais do presidente) "o que Hitler faz em Vega", afinal, no começo, a mensagem revela nada menos que a abertura dos jogos de Berlim em 1936, primeira grande transmissão de TV, e que, como todo o resto que produzimos e transmitimos, de "Alô Christina" a "Capitu", uma vez emitido, segue para o espaço à velocidade da luz. É perturbador que um rádio-telescópio extraterrestre (e qualquer civilização minimamente evoluída tecnologicamente, como nós, já descobriu as ondas de rádio) situado, por exemplo, em Alfa Centauri, sistema solar (ou estrelar, como queiram) a apenas 4,39 anos luz da Terra, seja capaz de ouvir e ver hoje nossos programas de TV que iam ao ar em meados e 2005.
Quem já leu outras obras de Carl Sagan o reconhece em várias passagens, e embora ele seja por definição um dos melhores escritores de não-ficção acerca de ciência do século XX, não se saiu nada mal nesta empreitada de escrever um romance. Se você gosta de uma protagonista carismática, em uma aventura inusitada com mensagens de civilizações extraterrestres avançadas, mas com todo o realismo que só um cientista brilhante seria capaz de induzir, “Contato” será uma grata surpresa.
Além deste livro, Carl Sagan teve publicados no Brasil o belo “Pálido Ponto Azul” – sobre o futuro da humanidade na exploração espacial, do contundente “O mundo assombrado pelos demônios” – que fala do perigo que os “demônios” da ignorância e do obscurantismo trazem à nossa espécie, o sereno “Bilhões e Bilhões” – onde Sagan discorre magistralmente sobre a existência ou não de Deus, o aborto, e tantos outros temas incríveis, inclusive da proximidade da sua morte conforme ele perde a batalha contra o câncer, e posteriormente, lançado em 2008, tivemos “Variedades da Experiência Científica”, uma reunião de palestras dele na Escócia na década de 1980, onde ele responde a questões levantadas pelos alunos, imperdível. Assim como estes, “Contato” também foi publicado no Brasil pela Cia das Letras, e tanto ele quanto “Bilhões e Bilhões” já estão disponíveis nas versões pockets da Cia de Bolso. Se você gosta só um pouquinho de ciências e astronomia, pode ler qualquer um que vai adorar. Afinal, como ele sempre dizia, “A astronomia é uma experiência que ensina humildade e forma o caráter”.
Para finalizar, agradecendo a vocês pela leitura do post ENORME e à Ju pela oportunidade, deixarei um vídeo no youtube para quem quiser conhecer um pouco mais de Sagan e de nós mesmos. Muitos anos atrás, quando as sondas Voyager 1 e 2 haviam passado por Júpiter e Saturno e partido em direção ao espaço exterior a 65mil km/h, Carl Sagan sugeriu que pegassem as potentes câmeras de uma das pequenas naves e mirassem para a Terra, que estava agora a 6 bilhões de kms de distância. Enviados os comandos, a nave obedientemente virou suas lentes para nós e nos fotografou, revelando como nunca antes, o quão pequenos somos. “Para criaturas pequenas como nós, a vastidão só é suportável através do amor”, diz ele numa das últimas páginas do romance. Deliciem-se.
http://www.youtube.com/watch?v=40dql8LFDys&feature=related
Enderson Rafael
comentários(0)comente

Henrique Malikoski 16/02/2010minha estante
Que ótima resenha. obrigado.




Mônica 11/10/2009

Muito bom!
Contato foi um dos primeiros livros que li quando pequena, é uma história envolvente e apesar de tratar de assuntos un tantotécnicos tem momentos que emocionam demais!

O começo pode ser meio chato, mas vale a pena prosseguir a leitura!
Gabriel 03/05/2014minha estante
Engraçado, pois adorei o começo, quando comecei o livro li até a metade logo no primeiro dia.




SandmanBR 02/05/2009

Leia o livro e NÃO veja o filme. ;)
danielgdo 07/01/2011minha estante
Preconceito, o filme é tão bom quanto o livro!


SandmanBR 07/01/2011minha estante
Reli o livro várias vezes e vi o filme...

preconceito
[De pre- + conceito.]
Substantivo masculino
1.Conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos; idéia preconcebida.
2.Julgamento ou opinião formada sem se levar em conta o fato que os conteste; prejuízo.
3.P. ext. Superstição, crendice; prejuízo.
4.P. ext. Suspeita, intolerância, ódio irracional ou aversão a outras raças, credos, religiões, etc


Habibks 03/02/2011minha estante
O filme é melhor do que o livro. Ele e mais focado, e por mais que Carl Sagan fosse um otimo escritor não tem como competir com a poesia visual que Zemeckis(o diretor) impos ao longo do filme. A introdução sozinha consegue resumir toda a ideia do filme. Coisa que Carl Sagan levou pelo menos uns 2 capitulos.

Alias na minha opnião o livro e longo demais, podia muito bem ter cortado varias nuances que não serviram pra absolutamente nada. Ao contrario fazem e o livro ficar cansativo em diversos pontos.


Patterson 13/07/2015minha estante
Qual o problema de ler o livro e depois ver o filme?


mateusferreirajf 29/10/2015minha estante
Vi o filme primeiro há uns 15 anos, recentemente li o livro. E digo que à sua maneira, os dois são ótimos.




Erika 24/03/2009

Excelentes debates
Recebe-se um contato extraterrestre. A partir daí, os personagens são envolvidos em inteligentes debates sobre ciência e religião, interesses político-econômicos, implicações militares e de segurança nacional; o livro apresenta o que seriam as opiniões de cientistas, governantes, empresários, místicos, ufologistas e religiosos sobre a questão, além de falar sobre física e astronomia de forma muito agradável e compreensível. Um dos meus livros preferidos.
comentários(0)comente



227 encontrados | exibindo 211 a 226
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 15 | 16


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR