Gabriel A. 30/04/2022
Ótimo livro, apesar de lento!!!
Eleanor Arroway, mais conhecida como Ellie, é radioastrônoma e diretora do VLA (Very Large Array) no Novo México, um dos maiores radiotelescópios do mundo. Também é a principal pesquisadora no projeto Argus, que tem como objetivo buscar outras formas de vida inteligente no Universo.
Ellie passa por muitas dificuldades e preconceitos, seu trabalho não recebe muito crédito e é considerado perda de tempo. Até que após quatro anos e com o projeto em vias de ser encerrado, um sinal de rádio com um comportamento fora do comum é captado, vindo de uma distância de 26 anos-luz.
A mensagem não foi direcionada a nenhum país específico, religião ou povo e sim enviada para a Terra. Após um enorme e árduo trabalho de decodificar a mensagem, descobre-se que tal mensagem nada mais era que um manual para a construção de uma máquina, ou "nave", que levaria cinco passageiros à constelação de Vega. E a partir daqui, você só saberá o que acontece se ler o livro.
Sobre as minhas impressões, de início foi muito cansativo porque fui esperando uma ênfase maior na ficção, mas a meu ver a ficção ficou em segundo plano. Mas isso não é demérito algum, Sagan aborda essa temática de contato alienígena de uma forma muito racional, e descreve como a humanidade, a comunidade científica e o governo se portariam diante de tal situação.
A narrativa dos acontecimentos, desde os testes para provar a veracidade do sinal, a criação da máquina e a constelação de Vega, é muito técnica e se utiliza de muitos métodos científicos. E um exemplo disso, é que todo o sistema dessa máquina foi revisado pelo físico teórico Kip Thorne. Uma narrativa muito rica em conhecimento, eu diria.
Sagan aborda temas muito interessantes no livro, como a importância da cooperação e harmonia entre nações. Já que para a construção da máquina ser bem sucedida, seria necessário um esforço de vários países e muita coletividade. Afinal, independente da localização geográfica, a mensagem foi enviada para um povo só, os Terráqueos.
Outro tema tratado no livro, é o tão famoso e acalorado debate sobre ciência e religião. Nesse caso, eu diria que Sagan escreve de uma forma que não menospreza nenhum tipo de crença, mas critica o fato de fazerem afirmações sobre a própria ciência baseando-se na fé e ignorando métodos científicos. Ainda assim, ele mostra que a religião pode ter um papel importante e fundamental em busca de um bem maior.
Chama a atenção também, o papel atribuído às mulheres. Além de Ellie - que ocupa um cargo importante e foi a primeira a descobrir a mensagem -, temos também uma mulher como presidente dos EUA. E se levarmos em conta a época que o livro foi escrito, a atitude de Sagan de colocar as mulheres em destaque e em cargos de alta importância, é digna de admiração.
Também fica explícito em vários momentos, a importância do contato entre nós humanos, algo até mais evidente nos dias de hoje, onde a tecnologia nos afasta de pessoas próximas e nos aproxima de quem está longe (mas aqui já sou eu divagando mesmo). Segue o trecho em questão:
"Toda sua carreira tentara fazer contato com os mais remotos e exóticos dos estranhos, enquanto em sua própria vida não fizera contato com praticamente ninguém"
Só tenho a dizer que, apesar de algumas ressalvas, Carl Sagan trata o tema com muita sobriedade e é impossível não pensar que seria exatamente assim que o mundo se portaria em um cenário desses (pelo menos é o que a gente espera né). Enfim, achei interessante ver que um contato alienígena pode sim, ser feito sem um monte de naves espaciais saindo por aí atirando e tacando fogo em tudo.