Resenhas - Tocaia Grande

Eric 17/07/2016

Grande Obra
Uma das obras mais célebres da literatura brasileira, Tocaia Grande é o verdadeiro retrato das cidades do interior nordestino construída a base do cultivo do cacau e da violência.

Surgida a partir de uma emboscada, Tocaia Grande é uma cidade que atraiu comerciantes, prostitutas, pessoas que fogem das crueldades da seca e criminosos. Sendo assim, a imoralidade será base para o desenvolvimento da cidade. O que era uma terra para pernoite e desfruto sexual, desenvolve-se um local de sucesso garantido pelos comerciantes, intensa produção de alimentos e meretrizes de qualidade. Dessa maneira, várias pessoas buscam crescer e sobrevivência em um lugarejo tão acolhedor, transformando o lugarejo sinônimo empreendimento de sucesso e prazeres fogosos.

Jorge Amado é o meu escritor favorito da literatura brasileira, suas obras possuem críticas minuciosas sem perder o humor proveniente da sua terra. Repleta de ação e sexo, Tocaia Grande é um retrato fidedigno da violência nordestina. Crimes passionais, estupros, lutas por territórios e exploração da escória social são temas recorrentes na obra, o que mostra o machismo como método de supremacia e a elite dominando e sugando o pouco que o pobre consegue.

Outro fator interessante do livro foi o processo migratório de árabes no Brasil. O personagem Fadul retrata a busca pelo sucesso financeiro dos estrangeiros ao residir em cidades atrasadas e trazer a novidade da sua cultura para ser vendida. Assim, o autor mostra a importância de imigrantes para as cidades, visto que se espelham a um progresso politico e econômico.

Além disso, Jorge Amado da vozes as personagens tipo, ou seja, fora da area elitista. Prostitutas, pequenos agricultores, criminosos e proletariado são os tipos de pessoas que sustentam esse enredo, o que caracteriza seu caráter comunitário e voz das classes desfavorecidas.

E é nesse cenário da moral unida com a imoralidade que Jorge Amado conta o processo de construção de uma cidade fruta da violência e da perversão, a qual caminha para o desenvolvimento a base de sangue e paixão. Natário, Bernarda, Negro Tição, Coronel Boaventura e Coroca são personagens marcantes, as quais caracterizam uma face da identidade nacional, por mais desregrada que seja, tão presentesna história brasileira

Enfim, Tocaia Grande é uma história de amor e ódio, guerra e paz e vida e morte. Isso é quase um Game Of Thrones dos jagunços. Tem muito sangue, tem muito sexo e tem muita tristezas e grandes alegrias. Recomendo muito a leitura!! Um grande tesouro da cultura brasileira.

Orlando 22/05/2016

Nada a ver...
A resenha de apresentação do livro me decepcionou. Fala ali, de um capitão que avança seus domínio, à maneira dos coronéis, abusando de seu poder. Oxalá todos os coronéis fossem como o capitão Natário: fiel ao patrão e ao povo que nele confiava.
A pequena vila é mostrada como um lugar atrasado, de pecado e violência gratuita. É quase como se merecesse um destino cruel, um castigo.
Na minha leitura, fui cativado por cada personagem, por sua humanidade, com todas as contradições, pela vontade de cada um deles de seguir em frente, de apoiarem-se mutuamente, de vencerem batalhas diárias que os tornavam mais fortes a cada dia. Esse livro me lembrou muito outro livro: Os sertões, de Euclides da Cunha, quanto ao incômodo que causa uma sociedade livre das amarras do controle estatal aos poderosos de ontem e de hoje.

Guilherme 16/01/2016

De fazer rir e cortar o coração, livro obrigatório.
Entre jagunços, meretrizes, coronéis, bodegueiros, mascates, mateiros, retirantes, tropeiros e grapiúnas, Jorge Amado conta a saga não do povo, mas do lugarejo Tocaia Grande. A história desenrola no tempo causos de bem-aventurança e lástima, tocaias e traições de um povo simples, cativante e solene no cú-de-judas nos cafundós da Bahia.

De prosa poética e encantadora o autor nos enfeitiça com astúcia de ilusionista, Jorge Amado escreve com paixão, impossível não gostar. Talvez o melhor livro que leio em anos. Apaixonante.

gabi_vargas 06/01/2015

Jorge Amado nunca é demais
Como em todo livro de Jorge Amado, mal a história termina e você já se vê com saudades dos personagens, como se os protagonistas, falhos mas cheios de dignidade, fossem da família. O desfecho é particularmente soberbo. Um dos meus preferidos do mestre bahiano.

Gabii 25/12/2014

Mais um livro nacional, do nosso querido Jorge Amado, Tocaia Grande foi uma indicação do meu Pai – da época em que ele lia mais.

Pois bem, mais uma vez Jorge Amado nos leva a sua adorada Bahia para nos apresentar o nascimento de uma cidade, Irisópolis, que no inicio não passava de um punhado de casas que ganhou o nome de Tocaia Grande. Com um nome assim, e vindo de um escritor como Jorge Amado, já podemos esperar muitos conflitos, paixões, e um punhado de gente com “sangue nos olhos”, e é exatamente isso que o livro nos apresenta. Natário da Fonseca, ex-jagunço, ganhou sua patente de Capitão e terras – para a produção daquilo que parece ser a grande paixão de Jorge Amado e deu seus personagens, o cacau – após serviços prestados ao Coronel Boaventura Andrade. Um fato interessante é que a cidade, e a vila nasceram em volta do local do serviço mais importante de Natário, na época do coronelismo a disputa de poder se dava muitas vezes na base da bala, e foi em uma disputa desse tipo, em uma tranca ou em uma tocaia que Natário teve a ideia de construir uma casa para sua família no local em que ele “tocaiava” os opositores do Coronel ao qual ele servia, e também foi ali que ele profetizou o nascimento de uma cidade.

Estória a parte, Tocaia Grande se parece um pouco com outro livro que li, do próprio Jorge Amado. Assim como Suor, esse livro mostra o desenvolvimento de um lugar, não apenas como localidade – no caso de Suor, o lugar era um cortiço – mas de novo como um organismo vivo, em que cada parte de Tocaia Grande desempenha um papel importante para sua manutenção, apesar de nesse livro Jorge Amado ter desenvolvido mais alguns personagens – Capitão Natário da Fonseca é inegavelmente o protagonista – do que em Suor, ele ainda traz como grande foco a “aldeia” Tocaia Grande. Na verdade, por Suor ter sido lançado 50 anos antes de Tocaia Grande, eu arriscaria dizer que neste livro ele desenvolveu uma ideia já “imaginada” por ele, que Tocaia Grande no fundo “é um” Suor amadurecido, e maior de idade.

O livro é bem interessante, não decepciona se comparado a outros livros de Jorge Amado, e traz uma estória forte e bem desenvolvida, possui uma gama de personagens imensa, eu chegava a me perder de vez em quando, com características bem peculiares. E claro, é sempre um prazer ler um livro de um escritor brasileiro, que se passa aqui, em nosso solo, sempre fico maravilhada com a quantidade de escritores de alta qualidade que o Brasil possui, e Jorge Amado se encaixa perfeitamente neste grupo.

site: http://embuscadelivrosperdidos.blogspot.com/2014/12/tocaia-grande-face-obscura-jorge-amado.html

HARRY BOSCH 27/10/2014

Balaio Fechado
Acho Jorge Amado um dos maiores escritores do Mundo,através de sua narrativa,nos proporciona uma viagem no tempo,na época dos coronéis,e na época em que até as prostitutas faziam greves,"Balaio Fechado".

Lista de Livros 23/12/2013

Lista de Livros: Tocaia Grande - A face obscura, de Jorge Amado
“Cobiça de mulher no fim do mundo do cacau não tinha freio nem medida, pois não havia fêmea senão para uns raros felizardos; tudo que usava saia possuía encanto e serventia. Sem falar nas éguas, mulas e jumentas viciadas.”
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“Além de cama de casal, Carlinhos trouxe da cidade escrivaninha e estante com livros, a maioria em língua de gringo. Aos que se admiravam ao ver cama de casal em casa de solteiro, respondia amável e desbocado: solteiro, sim, punheteiro, não.”
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Mais em:

site: https://listadelivros-doney.blogspot.com.br/2012/07/tocaia-grande-face-obscura-jorge-amado.html

Rafael Lago 24/07/2013

O mais completo livro de Jorge Amado!

O livro conta a história do lugar chamado Tocaia Grande e que mais tarde viria a se tornar município. Em meio a jagunços, coronéis do cacau com suas divergências políticas, vastas e fertéis terras, retirantes da mais variadas localidades pronto para ali iniciar suas novas vidas, um famoso mascate, e os mais variados detalhes da alta sociedade das cidades de Itabuna e Ilhéus; o livro mistura ficção a realidade, posso dizer isso com clareza por morar em Ilhéus a pouco mais de 10 anos e conhecer um pouco de sua história. A trama tem um protagonista, o jagunço (e futuro Capitão) Natário da Fonseca homem de confiança do Coronel Boaventura Andrade, e pode-se se afirmar que foi o fundador da povoado. Por haver uma grande quantidade de personagens todos com importância relevante a história, vou destacar apenas mais dois, o mascate Fadul Abdala, libanês, que decidira alí estabelecer comércio em virtude da maravilha de lugar que encontrara e o Coronel Boaventura Andrade, chefe político, senhor da fazenda Atalaia cujas terras ultrapassavam as vistas de tão extensas, e por assim dizer um dos homens mais poderosos da região. Fadul Abdala, ou seu Fadul como muitos chamavam, com o apoio de Capitão Natário originou a comunidade pequena, porém unida, que era Tocaia Grande. O motivo de receber este nome não foi por acaso, alí havia ocorrido o massacre dos jagunços do Coronel Elias Daltro, massacre este chefiado por Natário, que armou a tocaia e por sua grandiosidade assim ficou estabelecido, Tocaia Grande.
Sem mais posso dizer apenas que o livro é o mais completo livro do autor Jorge Amado, ao ver meu e de muitos especialistas (o que não sou). Super indico!

MARÍLIA FABIANE 10/01/2013

Tocaia Grande foi o meu primeiro Jorge Amado. Comecei a ler por acaso, quase que por displicência, já que o livro estava abandonado na estante. Página após página, a história me ganhou. Os personagens cresceram, vieram morar comigo, parece. E num instante eu tava ali, (re)nascendo junto com aquela vila, cada dia ganhando novos moradores, cada um com a sua história, torcendo por eles, morrendo por eles, amando com eles. E de repente, a história de Tocaia Grande se confundia com a minha e eu com a dela. Porque com Jorge Amado é assim: ele te abraça e você abraça de volta sem nem perceber, e gosta. Vale a pena cada letra.

Pitty 05/11/2012

Vale a pena!
Na maioria das vezes procuramos autores estrangeiros e da moda, e esquecemos que temos excelentes livros nacionais. Tocaia Grande é um deles.

Cativante desde o início, conta a estória de cidade de Tocaia Grande e porque ela tem esse nome.

Tarsila 16/04/2012

Tocaia Grande
Esse ano estou com sorte! A grande maioria dos livros que eu li, eu amei, e esse não está fora da lista.

Confesso, é complicado ler Jorge Amado, mas se você focar bem, você vai entender a mensagem, ele é um grande escritor, por isso não é fácil de ler.

Mas Tocaia Grande, é incrível, se o leitor reparar bem, a escrita no início é rústica, complicada de ler, e até de falar, é tudo misturado, uma bagunça, justamente como começa o povoado de Tocaia Grande, com gente simpes, pobre, analfabeta, não existe política ou religião, são chucros jogados num pedaço de terra.

Mas conforme o povoado vai crescendo, vão surgindo famílias, a linguagem vai mudando, vai se tornando mais clara, mais formal.

E quando acaba o livro? Quando a religião e a política, as principais bases de uma sociedade denominada "civilizada" são instaladas (contra a vontade do povo de Tocaia Grande).

Luca Coelho 21/09/2010

Muita violência, miséria e putaria no sertão do país. Foi-se o tempo em que era preciso lembrar da realidade miserável do nordeste do Brasil pra se deparar com essas coisas, hoje em qualquer esquina se vê....

Gláucia 07/09/2010

Nasce e morre uma cidade
A tal tocaia ocorre logo no início e não dura mais que duas páginas. A partir daí vão surgindo os personagens que formarão um povoado, uma vila e o esboço de uma cidade. É uma terra de coronéis, jagunços, putas e tropeiros.
O problema é que são muitos personagens, tipos novos não param de surgir e até o final do livro eu ainda não tinha me acostumado com a maioria, o que tornou a leitura um pouco cansativa, principalmente no meio, quando os principais personagens quase não aparecem.
Mas o final conseguiu me empolgar novamente, quando "se interrompe a face obscura (Tocaia Grande) e surge a face luminosa (Irisópolis)-que não paga a pena contar, não tem graça. Até mais ver."

Fabio Shiva 07/08/2010

Tinha que ter um cronista da Bahia
Tinha que ter um cronista da Bahia. E esse foi o destino de Jorge Amado.

“Tocaia Grande” é um romance da maturidade de Jorge. Literatura sem pressa e cheia de experiência. Não se aproxima das obras-primas do autor, mas também não fica longe.

Por falar em obra-prima, aí vai meu “Top 5” de Jorge:

1) TENDA DOS MILAGRES
Brilhante libelo em defesa do povo brasileiro. Jorge se vale de uma história envolvente para contradizer o antropomorfismo de Lombroso & Cia, em vigor no meio científico da época. Curiosa inversão da Inquisição, essa que foi promovida pela história: o que era ciência ontem, hoje dá cadeia. Nem é preciso dizer que foi vitória absoluta de Jorge.

2) DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS
Deliciosamente colossal. Se a Bahia pudesse ser traduzida em um único prato de sua culinária, seria esse livro.

3) GABRIELA CRAVO E CANELA
Empate técnico com Dona Flor no quesito formosura. Esse foi o primeiro da fase de cronista de costumes.

4) O GATO MALHADO E A ANDORINHA SINHÁ
Meu “Pequeno Príncipe” particular. O subtítulo do livro já diz tudo: “Uma Linda História de Amor”.

5) CAPITÃES DA AREIA
O primeiro livro é o primeiro livro. E o melhor representante da fase libertária.

“Tocaia Grande” é um livro que só poderia ser intentado por um escritor de renome, de estilo reconhecido, por alguém como Jorge Amado. Para um autor iniciante, esta seria uma tarefa tão pretensiosa quanto inalcançável. Por inegável valor que tenha o talento, tem certas coisas que só com a experiência.

O livro conta a história do lugarejo de Tocaia Grande, antes que se transformasse no município de Irisópolis. O livro é cativante no início, cansativo no meio e espetacular no final. Isso é o máximo que me atrevo a dizer sem revelar demais.

Salve Jorge!!!

(04.12.2007)