Fabricio~Raito 28/04/2014
50 Tons Deprimentes
Decidi finalizar, enfim, uma das trilogias mais faladas da história da literatura. Apesar de tanta crítica negativa, eu tenho opinião própria e primeiro confiro a obra para depois considerar a minha posição sobre. E não é mistério para ninguém que o primeiro livro obteve um saldo positivo na minha conta de leitor, e não vejo motivo algum para me envergonhar disto, afinal de contas, Anastasia Steele foi uma das personagens mais cativantes que pude conferir em uma leitura.
Foi, no passado. No terceiro e último livro, a autora parece ter acabado de sair de uma sessão de retrocesso concernente à sua maturidade, trazendo diálogos fúteis e deveras estúpidos, sem qualquer utilidade à história. E para minha infelicidade, a história estava caminhando para algo melhor elaborado, depois do fim do segundo volume.
O sexo alcança o nível máximo da apatia e do marasmo. Christian e Ana podem transar de cabeça para baixo na tocha da Estátua da Liberdade que Não. Terá. Graça. Alguma. (provavelmente o fogo não-humano da personagem seria capaz de acender a tocha da estátua, diga-se de passagem). O aborrecimento é tamanho que quando o casal começa a transar você faz cara de "Ah não, sério? Gente, vocês comem? Fazem xixi, vão ao shopping gastar esse mar de dólares? PAREM DE TRANSAR UM POUCO!" e logo passa a pular os parágrafos. E L James, sério, a senhora ficou quantos anos sem sexo? Não é possível, mesmo em uma literatura fictícia, que dois seres humanos mais transam do que bebem água na vida!
O complexo de Christian, um dos pontos mais misteriosos e curiosos da trama, parece ter sido reduzido à uma birra infantil. Todo o processo do trauma na infância, que trazia seus reflexos à vida adulta, perdem o significado quando a autora traz um Christian completamente nada amadurecido, insuportavelmente infantil. Você simplesmente quer mandá-lo se f*der várias vezes. Mais da metade das 500 e tantas páginas é pura inutilidade, passagens sem graça e emoção, descrição do dia a dia de dois adultos estupidamente ricos que não fazem nada com a grana a não ser comprar um hiper carro e fim.
Infelizmente, E L James provou a sua falta de criatividade e falta de maleabilidade com uma escrita desgastante e sofrida. Nem o final da trama, que de fato trouxe um ponto surpresa e positivo, foi o suficiente para salvar o livro. É mesmo muito ruim, mas continuo sustentando minha opinião: eu gostei do primeiro livro e leitor que se considera leitor in fact, deve ler algo antes de repetir opiniões de terceiros por ai.