Pergunte ao Pó

Pergunte ao Pó John Fante




Resenhas - Pergunte ao Pó


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Eni Miranda 18/04/2012

Texto sobre "Pergunte ao Pó" no doseliteraria.com.br
http://www.doseliteraria.com.br/2012/03/o-livro-que-mudou-minha-vida-pergunte.html
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Ivan Picchi 15/04/2010

Bandini
tua sinceridade e vulnerabilidade me contrai



=**


Mestre do meu mestre, tao inocente, covarde e sensível quanto.

Ah, agora terei que ler todas tuas malditas obras!

Me joga todos, pelo meu deserto!
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vortexcultural 18/09/2014

Pergunte ao Pó - John Fante
Por Thiago Augusto Corrêa

Aos 30 anos de idade, o ítalo-americano John Fante trazia consigo uma maturidade preciosa, repleta de autocrítica consciente sobre os anos de sua juventude, com fins de reconhecer os próprios erros de escritor iniciante e narrá-los na ficção através de seu alterego Arthuro Bandini, o ponto mais brilhante de sua carreira.

Um ano antes, o escritor deu vida e voz às peripécias da personagem em Espere a Primavera, Bandini, o primeiro do quarteto que narra a trajetória de Arthuro, tão semelhante a de seu autor que criador e criatura tornam-se sinônimos.

Lançado no país pela José Olympio detentora de boa parte do catálogo de Fante no país , foi Pergunte Ao Pó que trouxe o derradeiro destaque ao autor. A narrativa é uma pequena pérola que não busca uma grande jornada e centra-se na história cotidiana de Arthuro Bandini, de origem ítalo-americana, recém chegado de Los Angeles à procura de emprego e de destaque social como um escritor.

A maneira lúcida com que Fante narra sua história promove uma feroz autocrítica de seus dias iniciais como escritor, universalizado na figura do alterego. Bandini representa o pior que pode acometer um artista novato: é presunçoso, esnobe e vaidoso ao extremo com sua própria criação literária. Por detrás de seu ego, Bandini é tímido, vivendo do medo de não ser tão bom quanto sua capacidade requer. Como um herói romântico, deseja viver aventuras para que possa narrá-las com a pompa necessária.

É pelo viés do sentimento que a personagem conquista o público. Bandini é formado por excessos para se tornar odiado pelo leitor, tanto no reconhecimento que se pode ter diante de seus defeitos quanto a respeito de suas reações extremas. Longe de uma jornada modificadora, a narrativa retrata a juventude imatura e no âmbito da escrita a relação do escritor com sua própria história de vida entre viver para contar ou narrar como forma de viver. Fante reinventa a própria história ao recontá-la em linhas narrativas, fazendo da própria biografia elemento primordial de sua ficção.

Entusiasta do autor, Charles Bukowski incentivou a popularização de Fante na década de 70, quando, ao publicar um novo livro, exigiu de sua editora o lançamento de Pergunte Ao Pó, além de escrever o prefácio da edição. Estranhamente, Fante tem reconhecimento tímido no Brasil, embora seja influente como escritor e chave para compreender movimentos posteriores, como a geração Beat, que faz da sociedade alvo de crítica.

Ao compor um personagem que desejava se inserir na sociedade a qualquer custo, Fante analisava a época vivida em meio à crise de 29 e próxima de uma segunda guerra mundial. Dentro deste cenário, Bandini é um miserável que, assim como muitos outros americanos, viveu de maneiras parcas à procura de um sustento minguado, passando dias comendo dúzias de laranjas, único alimento que tinha dinheiro suficiente para adquirir.

Em meio a este difícil e árido cenário, Fante não tem medo de fazer de sua personagem um homem sentimental. Imaturo, difícil, mas transbordando emoções. Em seu prefácio, o Velho Safado elogia a capacidade do autor em conseguir resgatar certo sentimento perdido na literatura. Como se os autores, à procura de personagens durões, omitissem a sensibilidade natural dos seres humanos.

A épica de Bandini não carrega uma mensagem transformadora de conduta, mas confirma a imaturidade aparentemente perene de um homem ainda incapaz de reconhecer o mal que faz a si próprio.


site: http://www.vortexcultural.com.br/literatura/resenha-pergunte-ao-po-john-fante/
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thaugusto 30/05/2014

[Resenha] Pergunte Ao Pó – John Fante
Aos 30 anos de idade, o ítalo-americano John Fante trazia consigo uma maturidade preciosa, repleta de autocrítica consciente sobre os anos de sua juventude, com fins de reconhecer os próprios erros de escritor iniciante e narrá-los na ficção através de seu alterego Arthuro Bandini, o ponto mais brilhante de sua carreira.

Um ano antes, o escritor deu vida e voz às peripécias da personagem em Espere a Primavera, Bandini, o primeiro do quarteto que narra a trajetória de Arthuro, tão semelhante a de seu autor que criador e criatura tornam-se sinônimos.

Lançado no país pela José Olympio – detentora de boa parte do catálogo de Fante no país –, foi Pergunte Ao Pó que trouxe o derradeiro destaque ao autor. A narrativa é uma pequena pérola que não busca uma grande jornada e centra-se na história cotidiana de Arthuro Bandini, de origem ítalo-americana, recém chegado de Los Angeles à procura de emprego e de destaque social como um escritor.

A maneira lúcida com que Fante narra sua história promove uma feroz autocrítica de seus dias iniciais como escritor, universalizado na figura do alterego. Bandini representa o pior que pode acometer um artista novato: é presunçoso, esnobe e vaidoso ao extremo com sua própria criação literária. Por detrás de seu ego, Bandini é tímido, vivendo do medo de não ser tão bom quanto sua capacidade requer. Como um herói romântico, deseja viver aventuras para que possa narrá-las com a pompa necessária.

É pelo viés do sentimento que a personagem conquista o público. Bandini é formado por excessos para se tornar odiado pelo leitor, tanto no reconhecimento que se pode ter diante de seus defeitos quanto a respeito de suas reações extremas. Longe de uma jornada modificadora, a narrativa retrata a juventude imatura e – no âmbito da escrita – a relação do escritor com sua própria história de vida entre viver para contar ou narrar como forma de viver. Fante reinventa a própria história ao recontá-la em linhas narrativas, fazendo da própria biografia elemento primordial de sua ficção.

Entusiasta do autor, Charles Bukowski incentivou a popularização de Fante na década de 70, quando, ao publicar um novo livro, exigiu de sua editora o lançamento de Pergunte Ao Pó, além de escrever o prefácio da edição. Estranhamente, Fante tem reconhecimento tímido no Brasil, embora seja influente como escritor e chave para compreender movimentos posteriores, como a geração Beat, que faz da sociedade alvo de crítica.

Ao compor um personagem que desejava se inserir na sociedade a qualquer custo, Fante analisava a época vivida em meio à crise de 29 e próxima de uma segunda guerra mundial. Dentro deste cenário, Bandini é um miserável que, assim como muitos outros americanos, viveu de maneiras parcas à procura de um sustento minguado, passando dias comendo dúzias de laranjas, único alimento que tinha dinheiro suficiente para adquirir.

Em meio a este difícil e árido cenário, Fante não tem medo de fazer de sua personagem um homem sentimental. Imaturo, difícil, mas transbordando emoções. Em seu prefácio, o Velho Safado elogia a capacidade do autor em conseguir resgatar certo sentimento perdido na literatura. Como se os autores, à procura de personagens durões, omitissem a sensibilidade natural dos seres humanos.

A épica de Bandini não carrega uma mensagem transformadora de conduta, mas confirma a imaturidade aparentemente perene de um homem ainda incapaz de reconhecer o mal que faz a si próprio.

site: http://www.vortexcultural.com.br/literatura/resenha-pergunte-ao-po-john-fante/
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Duda 24/04/2014

clássico
Pergunte ao pó, um clássico, uma ficção passada nos Estados Unidos em uma época de dificuldade econômica (década de 30 no século XXI), John Fante nos conta a historia de Arturo Bandini, um jovem que sai de uma pacata cidade onde crescera, em Chicago, e vai vier sozinho em Los Angeles a procura de realizar seu sonho: ser escritor. Nessa situação, o jovem passa por necessidades, morando em um hotel imundo, vivendo casos inusitados e se apaixonando por uma garçonete de boteco.
A obra é encantadora, simples de ler e de uma historia riquíssima que te leva à realidade de viver na miséria daqueles tempos, tentando ganhar a vida como escritor. O prefacio, escrito por Bukowski, explica muito bem o tamanho dessa literatura, ele que é um dos grandes fãs de John Fante.
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Osmar 06/01/2014

Impressionado!
"Pergunte ao Pó" relata a trajetória de Arturo Bandini, um alter ego do autor, que se muda pra Los Angeles, na busca de se concretizar como escritor. Bandini escreve alguns contos, entre eles "O cachorrinho sorriu", o mais notável até então. Com o passar do tempo Bandini percebe que a vida em Los Angeles pode não ser tão fácil, passa alguns dificuldades e alguns "travamentos", não conseguindo escrever nada satisfatório. A história de Bandini torna-se circular, e ele percebe-se que para escrever um grande romance, precisa experimentar mais a vida, viver novas experiências e conhecer novas pessoas. As coisas mudam quando Bandini conhece uma mulher, e ele passa a enxergar a vida de uma maneira nem melhor, nem pior, apenas diferente.

O que mais impressiona aqui é a forma que Fante tem de descrever as situações de uma maneira tão poética. Os sentimentos, as reações, as características que revelam a história das pessoas e das localidades são bem visíveis, e a trama fisga de modo que o leitor quer saber o desfecho o mais rápido possível.
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Leonardo 25/03/2013

Descobrindo a vida
O livro conta a história de um jovem de 20 anos, chamado Arturo Bandini, ele se muda para Los Angeles em busca do seu sonho, ser um escritor famoso.

Por longos dias, Arturo se vê sem inspiração, não consegue escrever algo bom, algo verdadeiro. Então ele se sente obrigado a caminhar pelas ruas, a primeiramente aprender sobre a vida. Experimentar o amor, para depois falar sobre o amor.

Em uma noite, ele conhece uma garçonete, e se sente ligado a ela, nesse relacionamento cresce uma relação de amor e ódio.

O livro é narrado na 1° pessoa, o que ajuda a notar as várias personalidades de Arturo Bandini, ao mesmo tempo que ele se vê rico, famoso, um escritor de sucesso, um outro lado dele o chama para realidade, mostrando a ele quem ele é, de onde veio, onde se encontra, dando nota do pó que está ao redor dele.

Arturo, como muitos jovens, parece não ter certeza de nada, é incompreendido e também não se compreende...
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Dose Literária 06/03/2013

O livro que mudou a minha vida
Intensidade dantesca. Com duas palavras, a obra prima de John Fante veio ao mundo. Pergunte ao Pó (Ask the Dust, José Olympio, 206 pág.) traduz a angústia que ocupou a mente da tumultuada geração beat. E não só. Fante conseguiu traçar personagens com vida própria, usufruindo da rara capacidade de sair das páginas fixas e construir história. Foi assim com Arturo Bandini (alter-ego de John Fante), a mexicana Camilla Lopez e até mesmo o excêntrico Hellfrick.

A história é contagiante: de um lado, o amor incontido de Bandini e Camila, lutando diariamente para superar pressões acima do bem e do mal - que eu traduzo como o contexto histórico, desespero social e emocional, e acima de tudo, um complexo das relações humanas. Sim, Pergunte ao Pó reflete a incerteza dos sentimentos; o perigo quase atômico de relações hierarquizadas. Um verdadeiro chute nas bolas do véu que todos nós - em menor ou maior grau - ostentamos, à medida que limitamos nossas possiblidades, nossos desejos, nossas necessidades e nossas prioridades em modelos pré-fabricados.

Continue lendo... http://www.doseliteraria.com.br/2012/03/o-livro-que-mudou-minha-vida-pergunte.html
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Paulo 04/05/2010

Uma história
[atenção: spoilers, trama revelada, não continue se não tiver lido o livro]

Uma história. Vai pegando de pouquinhos, até deixar o leitor com toda uma ternura por Arturo Bandini.

Tematicamente, gostei de ele não ter explorado um clichê de escritor fracassado. No início, parece que é isso que vai acontecer: um sujeito que quer ser escritor famoso, mas a vida é dura e ele vai ficar mofando sem dinheiro naquele quarto imundo pelas 200 páginas. Mas aos poucos seus contos vão sendo vendidos, e no final ele publica até um romance.

Não fica rico, até porque prodigaliza ao máximo por causa de seu amor por Camilla Lopez. O final seria de sonho, ele com Camilla em uma casa de praia, não fosse sua insistência em condená-la por fumar maconha, o que a faz fugir. O desfecho é muito triste e bonito.

Não é um livro genial, mas muito bom. Um perfeito romance urbano do século XX, com boa mistura de questões sociais e existenciais, por meio de um estilo bem ajustado.
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Jpmalcher 11/06/2024

"Eu sou Arturo Bandini!"

"O humor e a dor entrelaçados a uma soberba simplicidade."

"Eu lhes recomendaria que nunca evitassem uma nova experiência. Eu os instaria a viver a vida em estado bruto, a atracar-se com ela bravamente, a golpeá-la com os punhos nus."

"Que bem faz a um homem se ele ganha o mundo inteiro, mas sofre a perda de sua própria alma?"
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Arsenio Meira 19/09/2012

Não foi á toa que Fante marcou profundamente Bukowski, e toda a geração beat. Livro intenso. Universal (como só os clássicos são). Indispensável.
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Bia 20/11/2010

As Fantasias de um Carcamano
CUIDADO, ESTA RESENHA PODE CONTER SPOILERS
“Existe um lugar para mim também, e começa com B, na estante do B, Arturo Bandini, abram caminho para Arturo Bandini!”.
Arturo Bandini

Pergunte ao Pó, escrito em 1939 é o livro mais famoso do escritor ítalo-americano John Fante, e é a sequência de Espere a Primavera, Bandini, escrito em 1938. Ambos contam a história da vida de Arturo Bandini, um ítalo-americano. No primeiro livro conhecemos o garoto Arturo, aos 12 anos, vivendo com seus pais, Svevo e Maria, e seus irmãos, August e Federico, numa pequena casa no Colorado. Em Pergunte ao Pó ele já é um homem de 20 anos, que se muda para Los Angeles com o propósito de se tornar um escritor reconhecido, importante, mas Arturo encontra diversos obstáculos em sua jornada de escritor, como a pobreza, o anonimato e a dificuldade de escrever algo que lhe agrade.
Através da leitura dos dois livros é possível observar o crescimento do jovem Arturo até a idade adulta, e observar o que mudou e o que permaneceu igual na personagem com o correr dos anos.
Desde pequeno ele é sonhador, sonha com a grandeza e a riqueza. Aos doze anos se imagina como um grande jogador de beisebol, famoso, rico e amado. Aos vinte anos continua sendo um sonhador, mas desta vez fantasia ser um importante escritor, um dos melhores, um gênio literário, e também muito rico. Essa é uma característica que Arturo tem tanto na infância quanto na idade adulta, quando ele quer muito uma coisa ele chega a imaginá-la com tal intensidade que essa coisa até se torna real para ele, misturando seus delírios com a realidade.
“Ela era Camilla, completa e adorável. Pertencia a mim e o mundo também. (...) Eu a possui. Então dormi, serenamente cansado, lembrando vagamente através da nevoa do torpor que ela soluçava, mas não me importei. Não era mais Camilla. Era Vera Rivkan (...)”.Nesse trecho temos um claro exemplo de um destes delírios, Arturo deseja Camilla de tal maneira que fantasia que Vera é ela, mas quando o desejo passa, a fantasia também, e Arturo deixa de imaginar Vera como Camilla e logo perde o interesse nela.
Um evento semelhante ocorre em Espere a Primavera, Bandini, quando Arturo fantasia que Rosa, uma menina pela qual ele sente uma grande paixão, morre, e com tamanha intensidade, que chega a acreditar e a temer que Rosa esteja de fato morta, e tamanha é a proximidade entre o delírio e a realidade que a personagem desesperada corre para conferir se na porta de Rosa há ou não uma coroa de flores denunciando o seu falecimento.
No decorrer da narrativa de Pergunte ao Pó, Arturo se apaixona por uma garçonete mexicana chamada Camilla Lopez, que desperta nele sentimentos confusos e contraditórios, mantendo o casal em uma relação que oscila entre o ódio, o amor, o desejo e a obsessão e que resulta em diversas aventuras e desventuras amorosas por eles vividas.
Com um protagonista complexo, conflitante, apresentando delírios, anseios, medos, decepções, alegrias e tristezas na jornada desse jovem aspirante a escritor você será levado para dentro da cabeça de Arturo Bandini através da narrativa carregada de ironia, bom humor e objetividade de Pergunte ao Pó.

-Minha opnião:
Desdo primeiro livro eu estou apaixonada pelo Arturo, seu jeito infantil e conflitante, e nessa história eu realmente me relacionei com ele, a jornada de ser um escritor, a jornada que ele tanto deseja vencer e com trilha com tanto ardor é a mesma jornada que eu pretendo percorrer. Esse livro retrata com perfeição as contradições, os desejos e as aspirações desse jovem escrito chamado Arturo Bandini. Eu realmente recomendo esse livro para todos, mas em especial para aqueles que são aspirantes a escritores e escritoras^^-

Dados técnicos:
Título: Pergunte ao Pó
Editora: José Olympio
Autor: JOHN FANTE
ISBN: 8503007533
Ano: 2003
Edição: 1
Número de páginas: 206
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Alessandro 24/11/2011

Os dias de espera de Bandini
A José Olympio Editora relança os clássicos "Pergunte ao Pó" e "Espere a Primavera, Bandini", obras que ainda surpreendem pelo lirismo e atualidade da narrativa de John Fante.

Arturo Bandini tem pressa. Mas na sua pressa, ele espera, somente. Espera que os dias profundos, os dias tristes evaporem junto com a neve, derretida pelo sol que virá, que ele sabe que virá. Bandini espera que a primavera chegue logo. E o liberte dos dias enregelados, da estufa a ser ligada todos os dias, e dos casacos puídos que o envergonham no colégio. Quer principalmente que o sol derreta o campo de beisebol para que ele possa voltar a aspirar ao sonho de jogador. Bandini espera por mais do que um sorriso de escárnio de Rosa.

Mas Bandini espera mais. Espera também ir além do conto O Cachorrinho riu. Espera diariamente por uma carta de J. C. Hackmuth, que lhe traga a notícia de mais um texto seu publicado. Espera não ter que depender do dinheiro enviado por sua mãe. Espera se comportar de maneira diferente com Camilla Lopez, além do desprezo por seus odiosos huaraches. Bandini espera no quarto do Alta Loma Hotel. Com laranjas embaixo da cama.

Dois Bandinis se revelam e se completam ao cabo de Espere a Primavera, Bandini e Pergunte ao Pó, clássicos maiores e os dois primeiros livros de John Fante. Embora o primeiro retrate a vida de Bandini aos quatorze anos de idade - no inverno rigoroso do Colorado, ainda um garoto em meios aos seus dois irmãos menores, uma mãe extremamente religiosa e um pai pedreiro -, portanto, dando o prólogo ao que viria a ser o Arturo Bandini escritor e homem, morando sozinho em Los Angeles, perdido na agonia da literatura e na relação de amor e ódio com Camilla, descubro que a ordem em que se fizer suas leituras não importa muito.

Comecei por Pergunte ao Pó, encontrando este Bandini perdido pelas ruas de Bunker Hill, entre os tostões divididos no aluguel de quarto, comida e em suas perambulações constantes pelo Columbia Buffet. O Bandini de origem italiana, cheio de orgulho por sua condição, imodesto a se vangloriar pelo seu primeiro conto publicado em revista. “O Cachorrinho riu” é o cartão de visitas de Arturo. É o que faz ser escritor, é o que lhe dá certeza da sua condição, orgulho em sua superioridade de escritor. E o que lhe leva a esperar, até que brote novamente o inebriante momento em que as palavras parecem escorrer por seus dedos:

“Tentei e a coisa andou com facilidade. Mas eu não estava pensando, não havia cogitação. A coisa simplesmente se movia sozinha, esguichava como sangue. era isto. Finalmente eu conseguira. Lá vou eu, deixem eu me soltar, oh, como adoro isto, ó, Deus, eu o amo tanto, você e Camilla e você e você. Aqui vou eu e é tão bom, tão doce, quente e macio, delicioso e delirante. Subindo o rio e sobre o mar, isto é você e isto sou eu, grandes palavras gordas, pequenas palavras gordas, grandes palavras magras, uii uii uii.

Uma coisa ofegante, frenética, interminável, vai ser algo bem grande. Continuando e continuando, martelei durante horas até que gradualmente me pegou na carne, tomou conta de mim, assombrou meus ossos, escorreu de mim, enfraqueceu-me, cegou-me. Camilla! Eu tinha de possuir aquela Camilla! Levantei-me e saí do hotel e desci Bunker Hill até o Columbia Buffet.”

Na nova edição da José Olympio Editora, o trecho acima se encontra na página 132. Quando o li, tive a certeza, que era o momento que, para mim, de maneira mais sublime, resumia todo o sentido do incensado Pergunte ao Pó.

Idolatrado por Charles Bukowski e pelos beatniks, é em Pergunte ao Pó que a saga do então escritor Bandini se desenvolve na sua intensidade e, se lido antes de Espere a primavera, Bandini, traz à tona uma série de indagações sobre aquele perdido em Los Angeles. Por que Bandini é um perdido. Um solitário que cai de pára-quedas na cidade grande, e John Fante o oferece para nós como em um instantâneo: uma trajetória da sua vida, arrancada e contada. Arturo é um anti-herói em comiseração por achar que em seus poucos anos de vida, viveu pouco para ter o que contar. Arturo Bandini tem apenas vinte anos de idade, uma vontade intermitente de ser reconhecido como escritor e o submundo de Los Angeles à disposição como laboratório. É um amargo que humilha a mexicana Camilla Lopez desde o primeiro encontro (e se apaixona por ela!), caindo em doçura em outros momentos, querendo tê-la com a maior intensidade possível. Levanta muitas considerações sobre sua forma de agir, seu modus operandi para a vida. É um tanto complicado de se compreender Arturo. No entanto, apesar da não estampada simpatia, também é difícil de não se encantar com ele, em sua solidão pelas noites de Los Angeles.

A prosa de John Fante (1909-1983) tem uma leveza que seduz desde as primeiras linhas. Lidando com um personagem que teria tudo para dividir a mesma amargura de um Holden Caufield, Arturo Bandini vive em uma oscilação constante entre a graça e a dor. Este clássico de Fante finalmente ganhou nova e caprichada reedição. Lançado pela José Olympio Editora, Pergunte ao Pó [206 págs.] é uma boa chance aos não freqüentadores de sebos de adentrar no universo deste escritor tão aclamado. É um clássico cult da literatura underground norte-americana das décadas de 30 e 40 que volta, trazendo novamente frescor à obra de Fante.

Basicamente uma trama linear, o texto oculta ricas passagens digressivas e se amarra de maneira sutil ao seu predecessor, Espera a Primavera, Bandini, apresentando flashes da vida íntima do personagem (sua relação com a mãe, por exemplo). Toda a atordoante forma de ser de Arturo é magicamente explicada com a leitura deste. Relançado meses depois de Pergunte ao Pó, pela mesma José Olympio Editora, este foi o motivo para minha leitura fora da ordem em que foram escritos. A alteração, no entanto, se mostrou um delicioso exercício de correlações. O pequeno e amargo Arturo se revelará o escritor angustiado anos mais tarde. A linha narrativa, de extrema oralidade que permeia ambos os textos é o que dá margem ao já conhecido vocabulário “bukowskiano” característico deste tipo de literatura, chamada beatnik (movimento onde há uma busca pelo rompimento com a convencionalidade temática e estilística da literatura tida como cânone, acadêmica; produção literária emergente das ruas, dos becos, da decadência até então refutada pela “alta cultura”).

Espera a Primavera, Bandini, Pergunte ao pó e, além, Sonhos de Bunker Hill têm o mesmo protagonista: Arturo Bandini, Arturo, pode-se dizer, é John. Como seu personagem Bandini, John Fante trocou o friorento estado do Colorado pela ensolarada Califórnia. Como Bandini, Fante também se perdeu por Los Angeles.

Uma das passagens mais tocantes de Espere a Primavera, Bandini se dá no capítulo cinco, logo depois que Arturo [o alter ego de Fante] e seu irmão August, vêem seu pai, Svev, que tinha sumido de casa a alguns dias, acompanhado de Effie Hildgarde, uma das mulheres mais ricas e bonitas da cidade. Na tentativa de dissuadir seu irmão mais novo a não contar para a mãe o que viram, Arturo se debate em tentativas que vão desde a ameaça de castigo físico, que, uma vez consumada, não dissolve a resolução de August. Desesperado com a mágoa que tal revelação pode causar a sua mamma, Arturo implora solene e desesperadamente para que August não conte nada a ela. August, no entanto, resoluto - é um guri extremamente religioso e pretensamente reto, constantemente se inquirindo dos pecados que diferentes situações apresentam e se são veniais ou mortais -, se mostra inflexivo na sua decisão.

Com a pouca raiva que consegue trazer à tona, já que está mais triste pelo sentimento que August trará à mãe ao contar, Arturo, por fim, soqueia seu irmão, sem, no entanto, dissuadi-lo da idéia. Este, pelo contrário, cada vez mais resoluto em mostrar-se reto, ri, zombeteiro, dizendo ao outro que pode continuar a bater nele, que nada o impedirá de contar à mãe. A cena se estende por algumas boas páginas, e é de uma riqueza descritiva tal, que as imagens se desenham à sua frente conforme a leitura vai avançando. Ainda que no estado americano do Colorado, em um inverno rigoroso, em um embate que se dá em meio ao frio da neve, é como se estivéssemos em algum ponto daquele caminho, observando a luta que se dá entre os dois.

Mesmo depois de ter soqueado o irmão, em uma atitude que se dá por desespero, sugando uma raiva inexistente - ele mesmo confessa que, em alguns momentos, surrar seu irmão se mostra divertido, mas naquele momento não queria fazê-lo -, Arturo, vendo o sangue que se esvai de seu nariz pela pancada, nada mais consegue do que um sorriso desafiador de August.

Espere a Primavera, Bandini é muito rico e generoso em cada uma das cenas descritas. O autor narra com forte gosto por imagens que desde as primeiras linhas nos trazem claramente o universo dos Bandini. Tanto o exterior, com sua pobre casa e seus móveis e utensílios que também parecem dialogar com o leitor, ter vida própria, quanto a alma de cada personagem, que se desenha com uma perspicácia absoluta. Os dilemas do menino Arturo, sua relação dúbia com a mãe e o ódio e admiração pelo pai, todo o sofrimento da discriminação por sua condição ítalo-americana, católica, sua pobreza que grita e o envergonha por suas vestimentas puídas, os sonhos com a menina Rosa... - tudo é tão claro e de uma riqueza tal, que além de Pergunte ao Pó, que, dizem, virará filme em 2005, este livro daria uma linda e tocante obra cinematográfica.

Charles Bukowski é quem resume de maneira muito precisa o significado da prosa de Fante. Recordando-se de quando o livro caiu em suas mãos, numa biblioteca pública, ele escreveu: ‘‘Aqui, finalmente, estava um homem que não tinha medo da emoção. O humor e a dor entrelaçados a uma soberba simplicidade. O começo daquele livro foi um milagre arrebatador e enorme para mim.’’
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Danielle 04/01/2012

não recomendo a 3a edição da José Olympio, há vários erros de digitação e a tradução de Roberto Muggiati é por vezes deficiente. o texto, ainda bem, se salva. destaco a abordagem da metaficção realizada por Fante (o protagonista Bandini é também um escritor em processo) e a problematização dos limites das personas do autor.
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