Cíntia 05/11/2023
Como me lembro de tudo o que aconteceu.
Fazia tempo que não conseguia terminar a leitura de um livro, começava vários e desistia da leitura no meio. Por isso decidi pegar para ler um livro mais fininho, com essa capa linda e enredo interessante. Acabei devorando "O sentido de um fim", não pelas suas poucas páginas, mas pela qualidade da escrita de Julian Barnes, que te prende e te faz refletir sobre a própria vida, o que para mim são a definição de um bom livro.
O livro é narrado pelo Tony Webster, que está na casa dos 60 anos e faz um balanço da sua vida. Isso se dá depois de ele receber uma herança que o remete a acontecimentos de sua juventude. Nesse exercício de rememorar o passado, ele percebe que há imprecisões em suas lembranças sobre os fatos daquela época, e ele passa a se sentir inseguro em relação ao que de fato aconteceu, e o que é invenção sua. Até que ponto isso é intencional ou é apenas a sua mente te pregando uma peça? Afinal, nossas emoções e traumas podem interferir na forma como lembramos do passado.
Vários temas permeiam as várias camadas de leitura: tempo e memória, o fim da vida, suicídio, traumas, como nossas escolhas moldam nossa vida.
Como o Tony é um narrador nada confiável, cabe a você montar o quebra-cabeça e tentar descobrir o que aconteceu. Tudo são pistas e migalhas, desde a primeira página do livro, e isso você vai entender mais para o final da história. E o final do livro é muito, muito bom.