Gabriela Araujo 16/11/2013
Slammed [Resenha]
Resenha postada no blog Equalize da Leitura.
Layken é uma menina 18 anos que está prestes a se mudar depois da morte de seu pai, . Sua mãe não tinha mais como manter a casa em que moravam e ela havia recebido uma proposta de trabalho em Michigan, então é para lá que ela, Layken e seu irmão caçula se mudam. Lake – como é carinhosamente chamada pela mãe – tem absoluta certeza de que a mudança era a pior ideia do mundo e estava decidida de que nada bom poderia acontecer com ela naquele lugar, mas o destino a prova o contrário assim que chega. Uma bela prova chamada Will Cooper. Assim como esse mesmo destino resolve continuar pregando peças na vida dela, e na das pessoas a sua volta.
Eu gosto da forma como Lake e Will se conhecem, por intermédio dos irmãos caçulas de ambos que imediatamente ficam amigos. Will e Caulder - seu irmão - moram na casa em frente à nova casa de Lake, sozinhos, tendo os pais de ambos morrido em um acidente há alguns anos. Realmente gostei do Will. E antes que os anjinhos rolem os olhos para mim como se dissessem ‘Não me diga, Gabriela?’, dessa vez não foi só minha paixão louca por personagens masculinos a responsável: gosto do modo como Will assumiu a responsabilidade pelo irmão mesmo sendo muito jovem e inexperiente, colocando de lado o seu futuro para que o menino o tivesse por perto depois da tragédia.
Gosto da forma como ele queria proteger a vida que tinha com Caulder a qualquer custo, um comportamento demasiadamente maduro para alguém de apenas 21 anos: eu admiro, venero e aspiro maturidade. E embora o lance com eles tenha sido insta-love*, eles basicamente se apaixonam em três dias, isso não me incomodou como eu achei que incomodaria. Mediante as circunstâncias. Ainda que eu não acredite em amor à primeira vista, eu acredito sim que existem pessoas que compartilham uma conexão rápida. Há mais nessa vida do que apenas aquilo que conseguimos enxergar.
"A garota que eu amo
A garota pela qual eu me apaixonei
Tão perdidamente?
Há lugar para ela no primeiro lugar.
Eu vou coloca-la em primeiro lugar."
Esse livro se mostrou ser mais do que um simples romance para mim. Tenho ficado com a pulga atrás da orelha quando vejo que um livro é muito aclamado porque tenho me decepcionado. Dessa vez, eu não me decepcionei. A surpresa foi boa. Esta história apresenta, a meu ver, duas problemáticas principais.
A 1° problemática está relacionada a Will e nos é apresentada logo no início. Eu estava esperando que fosse acontecer alguma coisa devido a sinopse, mas não me passou pela cabeça que seria o que seria. É uma situação complicada, uma sinuca de bico de verdade, e eu entendo o comportamento de Will mediante a situação: foi uma decisão real considerando que vivemos em um mundo real.
A 2° problemática: foi aí que eu decidi que a vida estava mesmo rindo na cara de Lake, porque é muita coisa acontecendo a uma pessoa de uma vez. Aqui, eu encontrei a segunda coisa que me incomodou no livro – a 1° direi mais a frente quando for falar da Lake -: embora o choque da notícia cause um desespero imediato e um sentimento de revolta, depois que a “tempestade inicial” passa eu achei que o assunto é tratado muito levianamente. Penso que se essa situação tivesse acontecido comigo, eu não saberia como me recuperar nem inicialmente e nem depois. Do ‘depois’ a vida se encarrega, e eu entendo isso, mas a forma como o caso é tratado de primeira não me agradou. Principalmente considerando que a família tinha passado por uma tragédia a muito pouco tempo daquela data.
"Existem três perguntas que toda mulher deve responder positivamente antes de se comprometer com um homem. Se você responder ‘não’ para qualquer uma delas, corra sem olhar para trás. (...) ‘Ele te trata com respeito em todas as ocasiões?’ Esta é a primeira questão. A segunda questão é, ‘Se ele for a mesma pessoa que ele é hoje daqui a vinte anos, você ainda ia querer se casar com ele?’ E finalmente, ‘ele te faz desejar ser uma pessoa melhor?’ Ache um homem que te faça responder ‘sim’ às três questões, e então você encontrou um bom homem."
Então chego à protagonista da história: Lake. Ponto contra: a história ser em 1° pessoa. Por mais vezes do que não, percebo que esse tipo de narrativa facilita um problema que me persegue. Pode ser bobagem, mas há muitas histórias que eu acho que seriam bem melhores se tivessem sido em 3° pessoa, porque o fato de eu ter um contato tão íntimo com os pensamentos da heroína acaba fazendo com que eu desgoste dela. Isso raramente acontece quando o personagem é homem, e isso pode ser porque eu devo gostar muito de homens (Opa!), mas talvez não: talvez realmente seja difícil encontrar uma heroína que me conquiste 100% tendo eu acesso ilimitado às ações, ponderações, questionamentos e arrependimentos da mesma. De fato, só consigo me lembrar de uma vez em que eu continuei amando a heroína e foi com a série de vampiros Night Huntress – em 1° pessoa, e a personagem badass e kick-ass Catherine: ela é maravilhosa.
A Lake tem comportamentos demasiadamente “aborrescentes” no livro: quem já leu algumas resenhas prévias minhas no blog deve saber de minha relação de amor e ódio com a categoria Young Adult, então tentei ao máximo não me deixar levar por isso e considerar que ela estava passando por uma situação complicada. Consegui. Mas infelizmente a razão de eu não ter dado 4.0 para esse livro é também a Lake, e a 1° coisa que me incomodou: diante das duas problemáticas mencionadas, eu a vi se comportando de uma maneira que absolutamente não suporto: como mártir. Veja bem, embora as situações a afetassem diretamente ela não era em nenhum momento a protagonista do problema, de nenhum dos dois, e simplesmente não posso aceitar as reações que ela teve diante as duas notícias: como se Deus estivesse especialmente castigando a ela, e como se os sentimentos alheios não merecessem ser considerados.
Mas o livro é bacana, e o livro tem lições bacanas! Eu gostei muito disso! Eu gostei do fato de que até mesmo o relacionamento entre ela e Will parece que acrescenta mais do que apenas duas pessoas se apaixonando simplesmente, eles se ajudam mutuamente em algumas situações e se apoiam porque, basicamente, eles passam a enfrentar os “mesmos demônios”. E o ponto ALTO, SEM DÚVIDA, do livro para mim é: A POESIA. Sério, se você ama poesia, não leu ainda por quê?
A autora coloca em cena algo muito legal que eu não sabia que existia até agora: a poetry slam*. Basicamente é uma competição de performances de poesia submetida a notas por jurados previamente selecionados, no livro algo amador e feito apenas por diversão, onde você encena aquelas palavras que tirou do seu coração e colocou no papel. Há um clube na história que serve como ponto de encontro para que a competição aconteça e é algo MÁGICO. O meu uso de letras maiúsculas é totalmente proposital, de verdade, a poesia aqui é MAGIA. E eu absolutamente enlouqueci cada vez que aparecia alguma. E o mais legal é que qualquer um escrevia a poesia e era ouvido, era apenas cobrada uma tarifa de 3 dólares para que pudesse recitar a poesia, e ninguém queria saber se você era bom ou não, o ponto era mostrar que alguém prestaria atenção no que tinha a dizer.
O livro é cheinho de poesias e também de letras de música de uma banda de rock indie chamada The Avett Brothers. Eu não conhecia essa banda ainda e fui procurar saber mais sobre ela na internet: o início de cada capítulo tem, em sua maioria, um trecho de alguma música dessa banda. Gostei dos vislumbres das letras que tive e elas têm bastante a ver com algumas situações na história. É a banda favorita de Lake e um gosto em comum com Will. Eles dois são fofos no começo, mas minha gente, eu absolutamente AMEI aquela cena no final. Eu amei as poesias, dela e dele, embora ache que o final tenha sido muito corrido. Dois dos três trechos da resenha são pedaços de poesia que aparecem na história, e eu termino minha resenha gigante – eu não aprendo mesmo – com o trecho de uma de minhas poesias prediletas do livro.
"Esse ano eu aprendi
Com
Um
Garoto
Um garoto pelo qual eu estou seriamente, profundamente, loucamente, incrivelmente, e inegavelmente apaixonada.
E ele me ensinou a coisa mais importante de todas...
A pôr a ênfase
Na vida."
Insta love*: Amor instantâneo.
Poetry slam*: é uma competição em que poetas leem ou recitam um trabalho original (ou, mais raramente, de outros). Estas performances são julgadas, em seguida, em uma escala numérica por previamente selecionados por membros da plateia. (Wikipédia)