Tristessa

Tristessa Jack Kerouac




Resenhas - Tristessa


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Ricardo Rocha 10/02/2011

A eterna música da palavra
Há autores que se lê com prazer porque contam belas histórias ou apresentam uma trama interessante, uma filosofia, uma crítica bem fundada que nos ajuda a conhecer as pessoas e a nós próprios. Outros, nada disso. Apenas se lê com prazer porque escrevem maravilhosamente. A escrita é a história que contam, a filosofia que pregam, a crítica fundada, e sobretudo o conhecimento de nós mesmos porque decerto estaremos ao fechar o livro nos expressando melhor, e vida é isso. Kerouac está nesse caso. Sua aventura ficou defasada, quando não mostra vícios de ser nada estimulantes. Mas sua escrita é eterna, um sopro de vida, e não há aí sombra de vício. Assim é O viajante solitário, nessa mesma toada que consagrou os Subterrâneos. Assim Tristessa. E seu amor pela prostituta viciada de repente, por obra e graça da palavra, se torna um pequeno romance inesquecível.
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Francine 02/02/2011

“suave é o chuviscar que perturbou minha calma.”
http://acontadora.wordpress.com/2011/01/19/tristessa-de-jack-kerouac/

A narrativa começa com Jack Kerouac dentro de um taxi no México, segurando uma garrafa de uísque ao lado de Tristessa, uma prostituta entorpecida por drogas. O destino é o apartamento dela, um lugar sujo e fedorento onde estão Cruz (a irmã de Tristessa), o amigo El Indio, um cachorro, um gato, uma galinha e uma pomba.

Temos apenas a mente de Jack fluindo no mundo em que ele se encontra: a história é real (o nome verdadeiro de Tristessa era Esperanza), em primeira pessoa e narrada no presente, é como olhar pelo buraco da fechadura (super clichê, eu sei).

Cada sensação de Jack nesse submundo mexicano o faz lembrar de outras histórias que viveu ali e também de sua paixão secreta por Tristessa, ele utiliza o fluxo de consciência que faz a narrativa ir e vir de acordo com a distração de sua mente, ele também está drogado, ele também precisa de mais morfina, ele ama Tristessa, mas ela ama apenas as drogas. O óbvio mostra-se logo no início, mas Jack Kerouac tem uma narrativa forte, que faz o leitor querer acompanhar sua aventura no México.

Os outros ambientes: o apartamento de Jack, do vizinho Bull, as ruas, são também relatados como locais sujos e frequentado por pessoas viciadas, mas Jack – apesar de toda a sua fama de doidão – parece um menino inocente, perdido no meio de toda aquela loucura. Ele é um sonhador, um romântico e, após um ano, volta para o Mexico atrás de sua Tristessa, mas tudo é em vão…

Eu vejo Tristessa como a personificação da droga, Jack e seus amigos eram viciados em Tristessa, sentiam compaixão por ela, pena, queriam cuidar… mas ela não queria nada disso, ela queria manter-se drogada. Um ciclo vicioso, doente, sujo, mas que na narrativa de Jack Kerouac ganha poesia. Eu gostei muito dessa frase: “suave é o chuviscar que perturbou minha calma.”

Jack Kerouac (1922-1969) foi um dos mais importantes escritores da geração beat. Até hoje ele é admirado por sua forma alucinante de escrever: On the Road, sua obra mais famosa, foi escrita em apenas três semanas durante uma viagem pela conhecida Rota 66. Ele morreu de cirrose.
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Sampaio 27/01/2011

Tristessa, Jack Kerouac
Tristessa (1955- 1956), podia ser felicidade com tristeza, mas é só tristeza. Foi o primeiro e mais querido livro de Jack Kerouac (Lowell, Massachusets, 12/03/1922- St. Petersburg, Flórida, 21/10/1969), sua família de origem francesa, idioma que dominava totalmente.

Tudo o que faço, colho (p. 29)

Jack Kerouac não sabia falar espanhol. Escreveu Tristessa e publicou sem emendas e orgulhava- se disso. O espanhol escrito no livro é o falado, o idioma tal como ele o entendia: “Eztô duenté” (“Estoy enferma”, “estou doente”) queixava- se Tristessa, que era viciada em morfina. o Livro foi escrito em duas partes: a primeira, em 1926 e a segunda, um ano depois.

Os personagens principais são Jack (mesmo nome do autor), um americano que viaja para o México e Tristessa, uma “índia, asteca, com olhos de misteriosas pálpebras à Billy Holliday, (…) uma tez de penugem de pêssego” (p. 16).

O ambiente é de pobreza e decadência no submundo mexicano das drogas, prostituição e falta de recursos.

Os animais: o gato pulguento e magro, a galinha tão querida, a pomba e o cachorro Chihuahua moram com Tristessa e sua família. Gente e animal se confundem, convivem como iguais, dormem nas mesmas camas, comem a mesma comida, comportam- se por instinto e sobrevivência. Ocorre uma espécie de troca sinestésica, animal racional pelo irracional e vive- versa, um estágio intermediário: homem quase animal e animal quase humano. No entanto, tudo é feito com naturalidade, naquela realidade que poderia ser só de infelicidade, mas não é isso que acontece e Jack usa um tom que hoje seria considerado “politicamente incorreto”, generalizado: “Tudo é tão pobre no México, as pessoas são pobres, e, todavia, fazem tudo com ar feliz e despreocupado, seja lá o que for.” (p. 34).

Jack estava apaixonado por Tristessa e entrou no seu mundo. Realidade ou delírio provocados pelo “whiskey” misturado com a morfina e o amor, Jack (personagem e autor parecem confundir- se) interage com os animais e a sensação é de caos total.

Verdades que Jack aprendeu na Cidade do México: todas as pessoas nascem para morrer e para amar…Jack: “La vida es dolor” (A vida é feita de dor). Tristessa: “mas a vida também é amor”. (p. 56)

Tristessa na realidade chamava- se “Esperanza” e era uma prostituta que Jack Kerouac se relacionou. Jack, autor e personagem, não disse que amava Tristessa/ Esperanza e foi tarde demais para salvá- la. Há quem diga que o amor é mais forte que tudo.

Essa história é um triste tratado de como destruir- se com as drogas e, provavelmente, um tratado de arrependimento. Kerouac morreu de um ataque cardíaco aos 47 anos, já bem envelhecido, por causa das drogas.

Desde o começo insondável dos tempos até o futuro infinito, os homens têm amado as mulheres sem lhes dizerem (…) (p.61)

Originalmente postado em: http://fernandajimenez.com/2011/01/17/tristessa-jack-kerouac/
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Aline 28/03/2010

Podem me criticar...
Peço desculpas antencipadamente aos fãs do Kerouac, mas não consigo gostar. Simplesmente não consigo.

Já não tinha visto muita coisa em "On the Road", livro de cabeceira do meu marido, e "Tristessa" serviu para ratificar minha opinião: muito barulho por causa de um bando de bêbados e junkies.

Não me inspirou, comoveu, tampouco me prendeu a atenção. Li por ler.



Ivan Picchi 29/03/2010minha estante
Perdoo-te, então



(Brincadeira huahe =P)


André Vedder 21/12/2012minha estante
Comigo foi mesma coisa. Me decepcionei com On The Road, e aí resolvi dar mais uma chance com Tristessa.
Conclusão: não gostei também.


Karen * 26/03/2014minha estante
Eu tbm, acabei de abandonar On the Road. Por ser um clássico cultuado achava que não o largaria até terminar, porém não achei nada além de maçante.




Pedro Bastos 26/03/2010

Doidão!
"Tristessa" foi o meu primeiro livro a ser lido do autor Jack Kerouac, e o que eu posso dizer ao término da leitura é que o cara é muito doido, afinal, o romance é quase autobiográfico.

A narração em primeira pessoa é ágil, mas confusa - atropelam-se pontuações, onde as orações que sucedem às outras nem sempre são conexas, evidenciando a dinâmica bastante alucinada do protagonista Jack e dos coadjuvantes Tristessa, Cruz, El Indio, entre outros viciados/alcóolatras/e afins.

Um ponto interessante do livro é a forma da qual Jack enxerga Tristessa, sua amada. Nas últimas páginas foi que pude perceber que seu amor por Tristessa era mais platônico do que real, motivo este que fez-me entender a tamanha idealização de Tristessa, por parte de Jack. Quase um romance romântico, nos estilos do José de Alencar. Tristessa é junkie, decaída, viciada, e mesmo reconhecendo tais defeitos, Jack descreve-a como "a mulher perfeita", "olhos de pomba", "instigante"... Ele a idealiza e parece mostrar sofrimento em suas palavras. Definitivamente, seu amor por Tristessa era sofrível, não só pelo amor em si, mas também pela situação em que ambos se encontram, deploráveis, nas margens da sociedade. Ele como norte-americano viajante; ela, como mexicana pobre. E índia.

"Tristessa" tem um quê de cool-depressivo que só realmente quem estiver disposto a deixar a mente fluir durante a leitura conseguirá chegar até o final. Um quebra-cabeças literário.
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Pedro.Yes. 28/12/2009

"Suave é o chuviscar que pertubou minha calma."
Tristessa: uma palavra que resume perfeitamente a atmosfera do livro. Dividido em duas partes, o romance trata de dois momentos nos quais Jack Kerouac esteve no México "acompanhado" [escrevo entre aspas pois acredito que ele esteve em sua companhia, mas ela nunca] da prostituta viciada chamada Tristessa.

A primeira parte é majoritariamente uma descrição do cenário no qual se encontra o protagonista, um enorme devaneio parado no tempo sobre a casa da mulher e as ruas da periferia da Cidade do México. Também uma contextualização dos personagens. A segunda é o dito "desfeche", onde a história se desenvolve de maneira mais visível, ainda impregnada pela poetização e desespero típicos de Kerouac.



Ao meu ver, diferente de outros livros do autor, esse é um ótimo exemplo de literatura junkie: gira principalmente em torno da droga [da morfina], de seus usuários, da incomplitude, desolação e do amor louco, constantemente incorporado em suas obras. Tudo isso contado ao frenesi, a espontaneidade e aos paralelos espirituais de Kerouac.



No entanto, a história como decorrer dos fatos é muito curta e não senti [agora de modo especialmente pessoal] que Kerouac estivesse tão envolvido com os personagens, extremamente idealizados durante maior parte da obra, como estava com o ambiente em si. Faltou alguma coisa para ser um livro tão tocante ou até tão desesperador e triste como, por exemplo, Os Subterrâneos.
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Gabriel 06/09/2009

Um livro doloroso.
Sim, dolorosamente narrado em primeira pessoa, numa prosa poética e intensa, Jack conta sua viajem para o México e como se apaixonou por uma guria junkie, baseado em fatos que realmente ocorreram em sua vida. Cada frase forma uma sentença aflita e fugaz de um homem louco de amor, de dor por não conseguir seu diamante reluzente, e Tristessa ecoa em sua mente o tempo todo, nas ruas maltrapilhas do México. Simplesmente uma pérola, curto demais e belo demais como a própria vida.
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GCV 22/03/2009

Prosa poética beat-junkie
Em mais um livro de Kerouac, mais uma viagem; em mais um livro de Kerouac, mais drogas e bebidas; em mais um livro de Kerouac, mais garotas. Por que então esse livro seria bom?

Primeiro, pois é curtinho e objetivo: mais 20 páginas e Kerouac estragaria esse pequeno diamante. Segundo, pois ele atinge um refinamento notável de sua prosa, tanto em tema quanto em estilo. Uma alucinante e melancólica viagem, poética e sincopada.
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Fllor 04/02/2009

É um bom livro, bem detalhado no referente a miséria humana, não só material mas com o lidar consigo mesmo; há falta de perspectiva para uma possível mudança; um amor que definha antes mesmo de florescer para enfatizar a vida efêmera e a finitude do ser humano.
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