Carla.Parreira 07/05/2024
O jeito Harvard de ser feliz (Shawn Achor). Melhores trechos: "...Como os cientistas definem a felicidade? Basicamente, como a experiência de emoções positivas – prazer combinado com um senso mais profundo de sentido e propósito. A felicidade implica um estado de espírito positivo no presente e uma perspectiva positiva para o futuro. Martin Seligman, o pioneiro da psicologia positiva, a segmentou em três componentes mensuráveis: prazer, envolvimento e senso de propósito. Seus estudos confirmaram (apesar de a maioria de nós já saber disso intuitivamente) que as pessoas que buscam apenas o prazer vivenciam somente parte dos benefícios que a felicidade pode trazer, enquanto aquelas que buscam os três caminhos têm a vida mais plena... O principal propulsor da felicidade são as emoções positivas, já que a felicidade é, acima de tudo, um sentimento... As freiras que eram mais felizes aos 20 anos claramente não se sentiam assim porque sabiam que viveriam mais; sua saúde melhor e maior longevidade só poderiam ser o resultado de sua felicidade, e não a causa. Esse estudo destaca outra pista para nos ajudar a solucionar o mistério do ovo e da galinha: a felicidade pode melhorar a nossa saúde física, o que, por sua vez, nos mantém trabalhando com mais rapidez e por mais tempo e, em consequência, aumenta nossas chances de sucesso... Os cientistas descobriram mais evidências de que a felicidade causa o sucesso quando começaram a examinar como as emoções positivas afetam o funcionamento do nosso cérebro e alteram o nosso comportamento... As crianças predispostas a se sentirem felizes apresentaram um desempenho significativamente mais elevado que as outras, concluindo a tarefa mais rapidamente e com menos erros. Os benefícios de predispor o cérebro com pensamentos positivos também não terminam na infância... Nosso ambiente físico pode ter um enorme impacto sobre o nosso estado de espírito e bem-estar. Apesar de nem sempre termos total controle sobre o nosso ambiente, podemos realizar atos específicos para injetar alguma positividade... Inúmeras pesquisas empíricas, inclusive um estudo com mais de 2 mil pessoas, demonstraram que atos de altruísmo – generosidade voltada tanto a amigos quanto a estranhos – reduzem o estresse e contribuem para uma melhor saúde mental. A meditação requer prática, mas é uma das intervenções mais poderosas para atingir a felicidade... As pessoas com um 'emprego' veem o trabalho como um fardo e o salário como a recompensa. Elas trabalham porque precisam e estão sempre na expectativa do tempo que poderão passar fora do trabalho. Em contrapartida, as pessoas que veem seu trabalho como uma carreira, trabalham não só por necessidade mas também para progredir e ter sucesso. Elas se envolvem no trabalho e querem ser bem-sucedidas. Por fim, as pessoas com uma missão veem o trabalho como um fim por si só; seu trabalho é gratificante não devido a recompensas externas, mas porque elas sentem que contribuem para um bem maior, aplicando seus pontos fortes pessoais em um trabalho que lhes oferece um senso de propósito. Não é de surpreender que as pessoas com uma orientação de missão não apenas consideram seu trabalho mais gratificante como também se dedicam mais e por mais tempo em consequência dessa atitude. E, dessa forma, são elas as pessoas que em geral têm mais chances de sucesso. Aqueles que já consideram seu trabalho uma missão estão em grande vantagem... Se você não puder implementar mudanças concretas no seu trabalho cotidiano, pergunte-se qual é o seu sentido potencial e as fontes de prazer que já existem no que você faz... Acontece que, não importa quais possam ser suas motivações antes de trabalhar para esses gestores, os funcionários normalmente se transformam no tipo de trabalhador que seu chefe espera que eles sejam. Estamos falando do Efeito Pigmaleão na prática. Trata-se de um excelente exemplo de uma profecia que acaba se realizando: as pessoas agem como esperamos que elas ajam, o que significa que as expectativas de um líder em relação ao que ele acredita que vá motivar seus colaboradores muitas vezes acabam se concretizando... Todo mundo conhece alguém preso em alguma versão do Efeito Tetris – alguém incapaz de romper um padrão de pensamento ou comportamento. Esse padrão pode muitas vezes ser negativo. Na verdade, o cérebro delas apenas se destaca em encontrar elementos negativos no ambiente – em identificar imediatamente motivos de aborrecimento, contrariedade e estresse. E isso não é surpresa alguma, considerando que, da mesma forma como os jogadores de Tetris, o cérebro dessas pessoas foi preparado e treinado para isso ao longo de anos de prática. Infelizmente, a nossa sociedade só encoraja esse tipo de treinamento... Quando o nosso cérebro está constantemente procurando e se concentrando no positivo, nós nos beneficiamos das três ferramentas mais importantes: felicidade, gratidão e otimismo. O papel exercido pela felicidade deveria ser óbvio – quanto mais atentamos para o positivo que nos cerca, mais nos sentimos melhor – e já vimos as vantagens que isso traz para o desempenho. O segundo mecanismo é a gratidão, porque, quanto mais oportunidades de positividade vemos, mais gratos nos tornamos... Inúmeros outros estudos demonstraram que pessoas em geral gratas são mais energizadas, emocionalmente inteligentes, tolerantes e menos propensas à depressão, ansiedade ou solidão. E não é que as pessoas sejam gratas só porque são mais felizes; a gratidão provou ser uma causa importante dos resultados positivos... Os otimistas também lidam melhor com situações de estresse intenso e são mais capazes de manter altos níveis de bem-estar em momentos de adversidade – todas estas habilidades são cruciais para o alto desempenho em um ambiente de trabalho difícil... Quando as pessoas se sentem impotentes em uma área da vida, elas não apenas desistem dessa área como muitas vezes 'aprendem exageradamente' a lição e a aplicam a outras situações. Elas se convencem de que um caminho que leva a um beco sem saída é uma prova de que todos os caminhos possíveis também terminam em um beco sem saída. Um revés no trabalho pode nos levar à apatia no casamento ou um desacordo com um amigo pode nos desencorajar a tentar formar vínculos com os colegas e assim por diante. Quando isso acontece, nosso desamparo sai do controle, impedindo o nosso sucesso em todas as áreas da vida. Essa é a própria definição de pessimismo e depressão – um mapa mental com todos os caminhos levando a becos sem saída – e uma receita garantida para o fracasso... Da próxima vez que você se pegar se sentindo desalentado – ou impotente – em relação a algum contratempo na sua carreira, alguma frustração no seu trabalho ou alguma decepção na sua vida pessoal, lembre que sempre há um Terceiro Caminho, no qual as oportunidades ocultas na adversidade se revelam – basta você encontrá-lo. E, acima de tudo, lembre-se de que o sucesso não é uma questão de nunca cair e nem mesmo de cair e se levantar repetidamente, como fiz no experimento Ajudando os Idosos. O sucesso é mais do que a simples resiliência. É uma questão de usar essa queda para nos impelir na direção oposta. É uma questão de capitalizar os contratempos e as adversidades para nos tornarmos ainda mais felizes, ainda mais motivados e ainda mais bem-sucedidos. Não é simplesmente enfrentar as adversidades, mas encontrar as oportunidades que se escondem atrás delas... As adversidades, não importa quais sejam, simplesmente não nos abatem tanto quanto supomos. O simples conhecimento dessa idiossincrasia da psicologia humana – que o nosso medo das consequências é sempre pior que as consequências em si – pode nos ajudar a adotar uma interpretação mais otimista dos obstáculos e contratempos que inevitavelmente enfrentaremos... Não importa se você está tentando mudar seus hábitos no trabalho ou em casa, o segredo para reduzir as escolhas é determinar e seguir algumas poucas regras simples. Os psicólogos chamam esse tipo de regra de 'decisões de segunda ordem', porque elas são basicamente decisões referentes a quando tomar decisões, como na ocasião em que decidi antecipadamente quando, onde e como iria me exercitar de manhã. Naturalmente, essa técnica não é eficaz só para decisões do tipo usar a esteira ou a bicicleta ergométrica. No seu brilhante livro The paradox of choice, Barry Schwartz explica como determinar antecipadamente as regras pode nos libertar do constante bombardeio de escolhas que podem fazer uma grande diferença na nossa vida... Nosso companheiro ou companheira na vida, nossa família e nossos amigos. Quando estamos cercados por essas pessoas, grandes desafios parecem mais exequíveis e pequenos desafios nem chegam a ser notados... Estudos demonstram que cada interação positiva que os colaboradores têm no decorrer de um dia de trabalho efetivamente ajuda seu sistema cardiovascular a voltar aos níveis de repouso (um benefício muitas vezes chamado de 'recuperação no trabalho') e que, a longo prazo, os colaboradores com o maior número dessas interações são mais protegidos dos efeitos negativos da pressão no trabalho. Cada conexão também reduz os níveis de cortisona, um hormônio relacionado ao estresse, o que os ajuda a se recuperar mais rapidamente do estresse no trabalho e os prepara melhor para lidar com a pressão no futuro. Além disso, estudos revelaram que as pessoas com relacionamentos fortes são menos propensas a considerar as situações estressantes de pronto. Dessa forma, se investir em conexões sociais, você basicamente terá mais facilidade de interpretar a adversidade como um caminho para o crescimento e uma oportunidade; e, mesmo se tiver de vivenciar o estresse, você se recuperará mais rapidamente e estará mais protegido de seus efeitos negativos de longo prazo..."