Molloy

Molloy Samuel Beckett




Resenhas - Molloy


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arthur966 15/05/2023

é difícil demais de dizer, para mim. sim, mesmo nessa época, na qual tudo se esfumava, ondas e partículas, a condição do objeto era a de ser sem nome, e vice-versa. digo isso agora, mas no fim sei disso agora, daquela época, agora que chove sobre mim o granizo de palavras congeladas de sentido e que o mundo morre também, toscamente, torpemente nomeado? sei o que sabem as palavras e as coisas mortas e isso dá uma pequena soma bonitinha, com um começo, um meio e um fim, como nas frases bem construídas e na longa sonata de cadáveres. e que eu diga isso ou aquilo ou outra coisa, na verdade pouco importa. dizer é inventar. falso como se espera. você não inventa nada, acredita inventar, escapar, não faz mais que balbuciar sua lição, restos de um castigo, tarefa decorada e esquecida, a vida sem lágrimas, tal como você a chora. e depois que merda.
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Pedro.Henrique 06/05/2022

Médio
Muito bom, porém, algumas pessoas idolatram o livro e o autor, por ser um clássico! Acho que o final deixou a desejar um pouco!
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lilimonetta 02/03/2022

ah! beckett... sempre um sufoco, uma vertigem, chega quase a dar dor física. segundo romance que li dele, sinto que me perdi na tessitura mais do que em malone morre mas a experiência é tão potente quanto.
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Dudu Menezes 02/03/2022

Precisamos de Beckett
Primeiro contato com a obra de Samuel Beckett e não tem como sair indiferente ao que essa leitura nos provoca.

Claro que eu não poderia deixar de citar a parceria da Aritana Becker - ou seria Aritana Beckett? - nessa viagem, que se dispôs a reler a obra para discutirmos o tanto que essa literatura do absurdo pode nos dar a pensar.

E como é bom essa "comunicação" com outro(s) leitor(es), enquanto lemos, mesmo que a leitura seja justamente sobre a impossibilidade da comunicabilidade moderna.

Molloy e Moran! Dois narradores, duas partes, mendigo e trabalhador, pedras e pastilhas, abelhas e galinhas, filhos e mães, pais e filhos, Cristo e anticristo... tantos "pares" - ou melhor, díspares - quanto possível for de se formar, nessa eterna "busca" por um sentido para a nossa existência. Apenas um!

Estamos todos a caminhar e a se "equilibrar", no deslocamento entre supostos pontos de partida e de chegada, enfrentando os próprios limites físicos e biológicos, do que muitos chamam de "jornada".

Tão distantes e ao mesmo tempo tão próximos em nossa essência humana, seguimos criando métodos e estabelecendo rotinas. Assim, vamos longe, ou ficamos parados no mesmo lugar, tanto faz, porque, na maioria das vezes, nem mesmo somos capazes de comunicar o que sentimos.

Beckett não vai te dar uma "história" pronta, delimitada no espaço e no tempo, com reflexões que te permitem se apegar a uma falsa "esperança". Ele vai te entregar o que sobrou - e sobrou? - do homem moderno, resultado do "pós-guerra", que, ainda hoje, não demonstra que tenha compreendido absolutamente nada. Daí essa imensa incapacidade de se comunicar, seja com o seu interior, seja com o exterior.

Outras leituras de Beckett certamente virão e vamos aprofundar essas questões. Por ora, fica o convite para que aceitem fugir ao rebanho, desviar um pouco do matadouro - mesmo que por uma fração de tempo - e repensar a forma absurda com a qual "conduzimos" - ou são conduzidas - as nossas vidas...

Vamos ler Beckett!
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Vanessa.Jamille 06/02/2022

A gente se apega a história.
Socorro foi a palavra que soltei quando terminei de ler o livro. Bem diferente de livros que já li e é daqueles que a gente sente orgulho porque terminou. É uma história dividida em duas partes: a primeira falada pelo Molloy e a segunda por quem procura o Molloy: Moran. Pensei várias vezes que Molloy era o Moran, por suas mazelas parecidas e a linguagem que tende a se igualar. Não direi o que conclui. Molloy sofre mas também tem aventuras peculiares e engraçadas. Esperei muito que ele encontrasse o que tanto buscava. Já o Moran possui uma linguagem onde existem parágrafos, existem horários, existe um método. Também desejei que Moran encontra-se o que procurava. É bem interessante a relação dele com seu filho, uma mescla de autóritario com preocupação e acreditar que ele sabe tudo de melhor pro filho sem pensar muito em como aquela criança compreende o seu entorno. Recomendo a leitura para quem quer mais se aventurar por diferentes linguagens do que por uma boa história. Na verdade, não recomendo.
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Italo 25/02/2021

Se Molloy é um personagem confuso, doente, que vive em devaneios e tenta em vão chegar ao seu destino ou explicar a sua jornada, Moran surge como o oposto: um personagem lógico, pragmático, metódico que enumera e analisa minuciosamente como chegar em seu destino e explica de forma clara a sua jornada.

Até ser incumbido de buscar Molloy, sem bem saber o porquê.

Se Moran fracassa em encontrar Molloy, ele na verdade tem sucesso em se tornar Molloy. Desde o início perdendo todo seu modo sistemático, a vida vai lá e destrói Moran, o subverte, o deixa confuso e ele não tem mais nada.

Samuel Beckett diz que simplesmente tudo é frágil e não há esperança pra nada. No fim nada tem sentido, nada é absoluto, nada é comunicável.

***

Há dois tipos de incomunicabilidade: aquela que se dá na natureza literal de ser impossível de se dizer, e aquela que se diz mas no fundo não se diz nada. Beckett faz mais parte da primeira, eu tenho preferência pela segunda.

***

Que péssimo pai é Moran.

***

10. É verdade que São Roque, bebê, não queria mamar nem às quartas nem às sextas?
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suy 20/07/2020

"A maior parte do tempo ficava na minha caixa que não conhecia nem estações nem jardins. E era bem melhor. Mas lá dentro era preciso prestar atenção, fazer perguntas a si mesmo, por exemplo, saber se você ainda é, e se não, quando isso acabou, e se sim, quanto tempo isso ainda vai durar, qualquer coisa que nos impeça de perder o fio do sonho".
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marcelo.batista.1428 27/12/2019

Valeu por conhecer o estilo de um autor consagrado.
Para quem procura uma narrativa simples e prazerosa, penso que não é esse o livro que devem encontrar. Esse é um daqueles livros em que o processo e estilo da leitura conta mais do que a história narrada.

Na primeira parte fala Molloy. Parece o inconsciente falando ou um sonho sendo sonhado ("Pois minha vigília era uma espécie de sono"). O fluxo narrado é contínuo (não há parágrafos), tempo e espaço não estão bem definidos (é difícil saber se o narrado foi ontem ou no ano passado), não há clivo moral ( "Vejam a mamãe. De que morreu, no final? Eu me pergunto. Não me surpreenderia se a tivessem enterrado viva. Ah, ela passou bem para mim, a vaca, suas porcarias indefectíveis de cromossomos") e as ações não tem uma coerência lógica. Pitadas de sarcasmo e ironia são algo bom de se encontrar no meio dessa narrativa contínua. ( "Quem não tem nada é proibido de não gostar da merda" )
Na segunda parte temos Morran como narrador. Aqui temos pausas, vários indicativos de cronologia, outros que nos situam em um local, a personagem busca sempre se colocar no papel que lhe é pedido (pai, patrão, empregado e outros). Temos uma narrativa com começo, meio e fim, embora haja um estranhamento para o leitor da lógica que segue Morran. De qualquer maneira, nem sempre a narrativa é simples (" É meia noite. A chuva está batendo nas janelas. Não era meia noite. Não estava chovendo").

De semelhante nos dois, para além de uma perna ferida que dificulda a mobilidade, a meu ver, uma ausência de afetos na relação com o outro. Acho que essa indiferença aparece também perante aos acontecimentos que as personagens vão vivendo, que geram consequências, mas parecem não gerar afetos.
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Lopes 13/03/2018

O intocável dano
Samuel Beckett. Este nome já carrega contrapontos somente ao citá-lo. É um autor imenso, e como todo autor imenso, é discutível e exaurido em sua redoma que questiona a existência. São compreensíveis todas as qualidades que emanam de seus livros apocalípticos, no entanto, não existe prazer ou riso histérico e nervoso, nada que desmonte aquela sensação de fim infinito. Estar na frente de “Molloy” é correr sem chão, dando voltas em si mesmo, como se a alma se jogasse para fora da consciência e criasse um repertório cheio de pistas embasadas. O enredo é trocado por perguntas sólidas que retratam a condição. Beckett implode, Molloy recebe desse movimento as dúvidas ao despertar num apartamento de sua mãe, sem saber boa parte do tempo que o levou até aquele lugar, e Moran, na segunda parte do livro, que por sua vez constata as dúvidas destes dois ruminando sua obrigação, vigiar Molloy até esse lugar. É difícil se comunicar com as vozes de Molloy e Moran, ambos estão no pós-guerra, distante do diálogo, próximos da morte e do amor, mas sem abrir qualquer mecanismo que exija um comunicar. Quando Samuel leva até as últimas consequências esses dois senhores e suas razões de não vida, não entendimento e emoções espatifadas, corta um laço importante entre o leitor e a obra, esse corte é o que revelam pontos positivos e negativos, se por um lado não existe esperança no pós-guerra, por outro é na luz dessa consciência que algo acontece. Este é o primeiro livro da trilogia pós-guerra, tão perturbador como estar diante de um fim de consciência.
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Júlio 03/09/2017

Molloy é o primeiro livro da trilogia do pós-guerra de Beckett. A história é dividida em duas partes. Na primeira são abordadas as desventuras de Molloy, que se vê no quarto de sua mãe sem saber como chegou até lá, e na segunda a peregrinação de Moran, que sem saber qual o propósito de sua missão fica encarregado de encontrar Molloy.

Tendo lido somente Fim de Partida já fui direcionado com certas expectativas à respeito de como seria a “trama” e seus personagens. Realmente, os personagens se mostram novamente como pessoas decadentes, fisicamente e psicologicamente. Na primeira metade o narrador é Molloy, que narra toda sua parte da história em um só fôlego, em um único parágrafo que começa após sua introdução, em sentenças curtas, diretas e cheias de digressões. Aos poucos vamos sabendo sobre suas manias, suas dificuldades físicas e sobre a forma confusa em que se formam seus pensamentos, sem ter certeza sobre a veracidade de certos eventos e de certos nomes Molloy vai ilustrando que não só seu corpo como também sua mente decaem. Por momentos surge a tentação de reduzir o personagem a um mendigo ou lunático, porém a clareza em certos pensamentos, suas referências sobre arte e a forma metódica em que ele elabora a logística das coisas mais absurdas ilustram um homem que lá existia, e que talvez ainda exista mas que já não tem como se libertar. Já na segunda metade temos a história de Jacques Moran, o novo narrador, que recebe a tarefa de ir ao encontro de Molloy. O contraste entre as duas narrações é o suficiente para mostrar a diferença entre os personagens. Os pensamentos de Moran são mais organizados, longos e devidamente ordenados, de forma que o texto reflete sua psique intacta e clara.

Moran se mostra um personagem bem adverso de Molloy, tem casa, rotina e um filho. A relação entre Moran e seu filhos é das mais complexas, ainda que pareça ser emocionalmente básica, pois Beckett consegue passar ao leitor informações que o narrador ou aparenta esconder ou expõe nas entre linhas sem se dar conta disso. Conforme Moran segue seu destino essa relação entre pai e filho acaba mostrando sinais que seu prognóstico é semelhante ao físico-mental de seus personagens.

Apesar de ao fim do livro ficar tentado a achar que a conclusão é óbvia, inteligentemente óbvia, que existe sim uma aliteração na forma em que ambos pensam, fiquei com a impressão de que a “trama” vai um pouco além do que os personagens contam. Suas desventuras e ruína mental são mais importantes que a história. Molloy em uma certa parte chega a dizer que já não mais diferencia as pessoas que vê pela rua, é uma constatação que muda a forma de interpretar os eventos narrados. Esse sentimento de que há uma dúvida que não deveria existir, que leva o leitor a indagar além daquilo que é apresentado, mesmo que indiretamente, pela narrativa dos personagens eleva muito a qualidade da obra, pois a dúvida, ao assombrar o leitor, o traz mais perto desses personagens que gostaríamos de manter distância.
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Welber 19/12/2016

Molloy o "Narrador-narrado".
Molloy, que, junto com Malone morre e O inominável, compõe a “trilogia do pós-guerra”, marca a estreia de Samuel Beckett como escritor em língua francesa. Escrito no início da década de 1950, mesma época em que o autor escreveu Esperando Godot, foi de certo modo eclipsado pelo imenso sucesso da peça, mas certamente está entre os romances do século XX que continuam atraindo a investigação da crítica mais exigente, e o próprio Beckett costumava pôr seus textos ficcionais num patamar mais alto.
O que se sente ao ler a trilogia de Samuel Beckett? Não sei ao certo, mas uma grande sensação de impotência, talvez, defronte da vida e de si mesmo, isso devido à situação irreversível da degradação de suas personagens, impossibilitada devido as suas enfermidades drásticas que os tornam em pessoas nulas, inúteis à sociedade e até mesmo a si próprias. O declive parece infinito, o declive que levará a morte parece infinito, por mais que se tenha passado apenas umas poucas horas, o tempo aqui é outro e também pode ser que não exista. Apenas se permanece um conflitante monólogo interno. Como o próprio Beckett diz sobre Molloy: “O narrador-narrado”.
Tratando-se de Molloy que é dividido em dois narradores, primeiro o próprio Molloy e depois um agente que não se sabe de quê, nem de onde, que é designado a procurar Molloy (a lá Kafka). Moran, o agente que também leva seu filho nesse empreendimento e vive experiências nada comuns com o garoto, digo até um complexo de Édipo (isso por parte da imaginação do pai).
Molloy que se encontra no quarto da mãe e vai tentando através de estilhaços de lembranças recordar como chegou ali, além de suas dificuldades físicas, com uma das pernas enrijecidas usando muletas e ao mesmo tempo se utilizando de uma bicicleta para se locomover isso até certo ponto da peregrinação. Mesmo em sua impotência segue com aventuras sub-humanas em sua trajetória na tentativa de retornar a casa de sua mãe, contando apenas com o acaso, pois nem sua memória funciona bem quando tenta se lembrar onde é a casa da mãe. Uma personagem indiferente aos atritos que vai encontrando ao longo de seu caminho.
Ambas as investidas, tanto de Molloy de chegar à casa da mãe e de Moran de encontrar Molloy, são completamente logradas pelas suas foças exauridas.
Apenas um adendo: Esses romances de Beckett são de uma leitura onde não se pode procurar sentido o tempo todo, digo que é melhor para uma boa leitura, se entregar ao fluxo das narrativas. Algumas palavras chaves são: talvez, quem sabe, etc. São essas incertezas que vão construindo o caminho do romance numa rica síntese.
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Adriana Scarpin 03/05/2016

Agora ficou clara a influência de Beckett em Hilda Hilst, imagine Hilst escrevendo de forma mais racional, este é o Beckett.
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Renato 02/03/2016

Nada como ser como
'Molloy' não é um texto fácil, Beckett não é. Literatura para quem gosta da escrita, não só da história. 'Molloy' é a cor acinzentada do fora de foco intencional. Um narrador que muda sua distância, enevoando o personagem. O enredo que é um fluxo de pensamentos musicalizado, com cada expressão escolhida minuciosamente para ser uma poesia - centenas no mesmo livro.

'Molloy' é o mundo interior que começou a ser desvelado com Dostoievski, o início do mundo que leva o particular como universal. Que vê a relação de busca do filho pela mãe como o campo de batalhas de uma grande cruzada. Beckett faz da narrativa a lógica do pensamento, que nunca consegue ser domado, quando muito, seguido. Os fatos se interpõem como uma livre associação. Sem nenhuma arrogância ou elitismo voluntário, 'Molloy' não é para muitos. É preciso se entregar sem buscar a compreensão imediata, deixar-se aventurar e sentir para compreender o verdadeiro motivo do rumo aparentemente anárquico. Da existência que nasce da relação que é a mais simples, e que se complica, ao se colorir de fatos e memórias.

Beckett é absolutamente influente na literatura brasileira contemporânea. Muitos tentam escrever como Beckett o fez, criando uma família, a mesma linhagem. Inúmeros romances de quase poesia, de quase linguagem, sem personagem ou enredo. Olhando em volta, sem nenhum julgamento de valor, percebemos: Beckett é, os outros parecem. Soa como se escrever como Beckett fizesse um autor ser inovador e moderno. Muitos de nós sabemos que somos um degrau, algo transitório rumando ao desconhecido. Outros fazemos como. Orgulho. Conseguimos. Somos capazes de. Becket foi e por isto continua sendo, muitos dos demais soam. Cópias piratas apaixonadas por si mesmas. Exercícios de estilo com preensão.

Por isto Beckett continua, e marca.

Nada como ser como se deseja.
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Arsenio Meira 27/04/2014

Detonando a linguagem, sem esperar por ninguém

Dizer que é uma leitura prazerosa, fluída, descompromissada, seria o mesmo que não reconhecer a genialidade de Beckett, do Beckett dramaturgo, autor da mítica peça "Esperando Godot". Este romance, o primeiro escrito por Beckett em língua francesa, causa estranheza porque nos arranca irreversivelmente do conforto. Agride porque aponta para a ruína de uma linguagem que já não é mais capaz de representar. Seus personagens chafurdam na lama, e é o gosto dessa lama que faz o nosso sorriso silencioso se sentir incomodado. Beckett fez questão de dar ênfase às contradições. Ênfase plena.

Por isso, ao final de Esperando Godot (lembro bem), Vladimir e Estragon dizem: Vamos embora, mas permanecem parados no mesmo lugar. Por isso Moran, um dos personagens deste romance, reconhece a impossibilidade de arrancar da linguagem algo que não seja paradoxo, um manifesto desespero pela palavra que perde os sentidos: Então voltei para a casa, e escrevi, É meia-noite. A chuva está batendo nas janelas. Não era meia-noite. Não estava chovendo (p. 237). Ao perder-se nesta intriga, Moran recupera as exatas primeiras linhas de seu relato, instaurando a incerteza, a consciência da parcialidade, transformando a precisão do branco e preto num borrão cinza.

Não obstante tais obstáculos, Beckett segue adiante, mesmo depois de atestar a impossibilidade de se ir adiante. Por isso Molloy, ecoando a expressão de seu criador sobre a necessidade de se pôr para fora, sobre a necessidade de dizer mesmo quando não há mais como ou por que, atesta a morte da linguagem, ao decretar de modo sublime: Não querer dizer, não saber o que se quer dizer, não poder dizer o que se acredita que se quer dizer, e sempre dizer ou quase, isto é que é importante não perder de vista, no calor da redação (p. 49). É preciso prestar atenção. Irlandês de nascimento e francês por vocação, Beckett não veio ao mundo para pagar hora extra. Um grande escritor.
Carlos Patricio 19/02/2016minha estante
parece beeeeeeeeeeeeeeem complicado, rs


Ricardo Rocha 12/10/2016minha estante
é tudo isso, amigo, saudades...




Henrique Pontes 26/04/2011

Beckett, o autor do não querer dizer, do não saber o que se quer dizer, do que sempre diz ou quase, faz neste texto o leitor ter de aproximar-se do nível de consciência do personagem, suspendendo a busca de sentido, mais comum dentro do formato convencional dos romances.
Diga-se de passagem que os personagens narradores de Beckett são incapazes de contar ou narrar suas próprias histórias, demonstrando sua total ausência da obrigação de se expressarem.

Cito como iluminadas estas palavras de Beckett e que são dilema para todo escritor que deseje empreender a busca por uma nova expressão na arte:
_ a inovação de que não há nada a inovar, nada com o que inovar, nada a partir do que inovar, nenhuma força para inovar, nenhum desejo de inovar, junto com a obrigação de inovar._

http://estudoeestetica.blogspot.com/2011/04/molloy-samuel-beckett.html
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