Bruna 30/08/2021
O valor das memórias
Um dos presentes que me dei esse ano foi a leitura de Para sempre Alice, de Lisa Genova. A obra trata sobre a professora universitária Alice Howland e sua trajetória a partir da descoberta do mal de Alzheimer. Tendo assistido o filme, com o mesmo título, há alguns anos, e me emocionado muito, não foi uma surpresa ter me apaixonado pela história de Alice.
Ao longo da narrativa, é possível acompanhar de uma maneira muito humana e bastante precisa a caminhada de Alice rumo à perda da memória devido ao diagnóstico de mal de Alzheimer de instalação precoce, já que a protagonista tem apenas 50 anos. Por meio da perspectiva da própria Alice, é possível sentir as diversas sensações vividas pela personagem ao descobrir-se portadora da doença. Desespero pelas consequências em sua vida pessoal (casada, mãe de três filhos adultos) e profissional (brilhante professora de linguística e pesquisadora em Harvard); negação; uma grande preocupação pelas proporções que a inevitável progressão da doença podem tomar; um esforço intenso para manter as lembranças; aceitação com a leveza possível. Esses e outros sentimentos são facilmente acessados ao longo da leitura, pois a escrita é de uma sensibilidade ímpar. Além disso, por partir das percepções da própria personagem, é possível identificar a confusão mental que aos poucos vai se instalando em Alice por meio das referências que faz às pessoas e aos objetos (quando aos poucos esquece dos filhos e dos nomes das coisas, por exemplo).
Outro importante aspecto de Para sempre Alice é a precisão quanto aos estudos clínicos, pesquisas, testes e medicamentos, bem como a rotina acadêmica, o que torna a obra verossímil, e demonstra a preocupação da autora em não tratar levianamente o assunto.
Para sempre Alice foi uma obra que me emocionou muito e que recomendo para quem tem (ou quer desenvolver) sensibilidade para se colocar em uma situação que não gostamos de imaginar.