Felipe Duco 09/06/2017
Forte, inteligente, bonito, 5 estrelas e favoritadíssimo pra minha vida toda!
Observação inicial: Se me dissessem que Ivan Jaf escreve histórias reais e os personagens são pessoas que ele conheceu e conviveu, eu acreditaria sem hesitar.
Em UM ANARQUISTA NO SÓTÃO temos o menino Tadeu no centro do romance, que cresce durante a ditadura militar. Tadeu é muito influenciável (como um menino de 9 anos geralmente é) e passa por muitas mudanças de comportamento e pensamento ao longo do livro tão naturais e cheias de personalidade que são uma delícia de ler.
A avó de Tadeu tem uma pensão em que mora, no sótão, um velho amigo de seu avô, Donato, que não tem uma perna e vive passando lições de sabedoria através de fábulas antigas, nos presenteando com um contraste de gerações. Não é mais uma história clichê de amizade entre a criança e o velho, não! É uma amizade de um menino curioso e um velho com muitas coisas a dizer, principalmente sobre a atual situação do país.
O romance é contado num período de dez anos. Tadeu (que começa uma criança e termina o livro com 19 anos) amadurece, fica bonito, mulherengo, idealista e o velho Donato, cada vez mais velho e doente.
O livro é muito bem escrito, bem editado e tem elementos que enriquecem a história. Acompanhamos o nascimento da Jovem Guarda (foi muito divertido ver Tadeu com 11, 12 anos sendo fã incondicional de Roberto Carlos), a Copa do Mundo de 70 (e os jogos da Copa são mesclados com o primeiro amor de Tadeu e isso é coisa de gênio), além de se citar muito a Guerra Civil Espanhola (explicando porque o velho anarquista não tem uma perna), anarquismo e comunismo de uma maneira muito franca e contemplar ainda o movimento hippie.
Mais uma vez que julguei um livro de Ivan Jaf como "um livro café com leite" ou "uma leitura pra ser feita depois de um livrão porque vai ser leve". Foi a última vez que fiz isso, juro. Esse livro foi forte, inteligente, bonito, 5 estrelas e favoritadíssimo pra minha vida toda!