Ohana Taís 07/02/2020
Guerra dos Farrapos em profundidade
Foi a leitura que parecia que nunca chegava ao fim. Embora seja muito bem escrita e de fácil compreensão, é repleta de expressões da época e da terra gaúcha. Talvez essa demora para finalizar a obra seja mais um fator que Letícia usou ao seu favor para expressar com profundidade o que demonstra na obra: espera, mais espera e muito vazio.
Essa poderia muito bem ser uma história que falasse sobre como os homens revolucionários foram fortes, aguerridos e bravos nessa luta que durou quase 10 anos. Acompanhamos parte da trajetória de Bento Gonçalves e seus homens nessa guerra, mas, o que nunca é falado ou mostrado se torna o principal cenário dessa obra: a longa espera recheada de sentimentos nas entrelinhas das fiéis mulheres da família Gonçalves: Caetana, D. Ana, Maria Manuela, Perpétua, Manuela, Mariana e Rosário. D. Antônia, da Estância do Brejo e irmã de Bento, também participa ativamente dessa longa jornada.
Desde que a família Gonçalves sai de Pelotas para a Estância da Barra em Camaquã, a guerra põe fim aos bailes para dar lugar às rezas, aos bordados, a necessidade de manter tudo em ordem para a volta incerta dos seus homens. Nisso, amores e desamores, tristezas e pequenas alegrias, passeios e comilanças, mortes e ferimentos, desafios aos padrões da sociedade e, acima de tudo, o famoso sexto sentido, por meio de sonhos, minuanos, fogos e sensações são apresentados com maestria.
Talvez eu ainda não ame essa obra como um dia vou amar, mas talvez seja por ainda não ter digerido completamente todas as 516 páginas, que mostraram que a Guerra dos Farrapos não foi exatamente como a cultura gaúcha tem o costume de exaltar. Vale muito a leitura!