Juliana Pires 11/03/2013Desde os idos de 2002 quando saiu o primeiro filme de Resident Evil eu definitiva e permanentemente faço parte do time Zumbi, eu nunca odiei unicórnios, eles são até simpáticos não tenho nada contra eles, mas a verdade é que os zumbis são infinitamente mais interessantes.
Um dos pontos fortes do livro é o fato dos autores não se prenderam aos esteriótipos dessas duas criaturas, e eles até brincam com isso, zumbis podem amar e unicórnios podem ser assassinos cruéis e calculistas. Achei muito interessante a forma como é explorado a orientação sexual dos personagens, sério, você não começa um conto esperando um zumbi gay, não, você não espera. Temos três contos assim, e eu adorei, por que você não pensa que os pobres coitados dos zumbis quando estão comendo cerebros por aí, também tem seus desejos sexuais.
Maureen Jonhson, Libba Bray, Scott Westerfeld, Carrie Ryan e Diana Peterfreund estão na minha meta de leitura em 2013, mas ainda não tinha lido nada deles, meu primeiro contato foi através desse livro e podem ter certeza que vão encontrá-los muito por aqui esse ano.
O livro foi organizado por Justine Larbalestier e Holly Black, a questão começou em 2007, depois que as duas, Justine e seu fascínio por zumbis e Holly e seu amor por unicórnios, começaram uma discussão acalorada onde cada uma defendia com clamor o seu lado, o sucesso foi tanto que essa questão virou febre na internet, e ninguém parou de se perguntar, quem são melhores: Zumbis ou Unicórnions?
Os meus contos favoritos foram o de Alaya Dawn Johnson, Naomi Novik, Diana Peterfreund e Libba Bray, mas isso não quer dizer que eu não tenha gostado dos outros, só teve um que eu realmente não gostei, foi o de Margo Lanagan, achei estranho e sem sentido, não consegui entender a história, para mim esse deixou a desejar.
Favoritos:
Love Will Tear Us Apart - Alaya Dawn Johnson
Esse conto me surpreendeu por que eu nunca - não vejam isso como preconceito - imaginei que zumbis tinham orientação sexual, isso me surpreendeu muito. Grayson não sabe como ou quando aconteceu, só se lembra de ter acordado com uma fome enorme, não se lembra nem se matou a própria família ele foi capturado pelo governo e recebeu uma dose de um remédio que o curou parcialmente, fazia com que ele pudesse organizar seus pensamentos, e não ficasse caindo aos pedaços, ele ainda precisa se alimentar, mas não com a mesma voracidade de antes, e então ele fugiu. Se mantendo escondido entre uma escola e outra, tenta viver uma vida "normal" e se alimenta aos poucos para não chamar atenção, já que o governo esta em seu encalço. Mais aí ele conhece Jack, que tem um incrível cheiro de macarrão com molho de queijo, e a fome logo ataca, ele iria matá-lo mas assim que o conhece melhor essa fome da lugar a outra coisa, amor? É, zumbis amam ao final das contas.
Teste de Pureza - Naomi Novik
Cinco filhotes de unicórnio foram capturados por um terrível mago, que pretende alcançar a imortalidade usando-os. Belcazar - um unicórnio adulto - decide ir resgatá-los, mas precisa de ajuda, e é assim que, dormindo em um banco do central Park ele encontra Allison. Assim como qualquer pessoa normal que é acordada no meio da noite, por uma criatura mítica, Allison acha que esta bêbada ou começou a ter alucinações, e mesmo assim decide ajuda-lo. Mas espera, Allison não é mais virgem, como ela ajudaria Belcazar em sua missão, mas ele não esta nem aí para isso ele precisa de competência não de pureza. Como não gostar de um conto assim, né? Agora vá ler para saber onde isso vai terminar, prometo, é muito bom.
O cuidado e alimentação de seu filhote de unicórnio assassino - Diana Peterfreund
Lembra que eu falei que, alguns contos fogem do esteriótipo que temos dessas criaturas, e bem, a Diana passou longe daquilo que já ouvimos falar de unicórnios. Essas criaturas que todos nós sempre soubemos que não passam de fantasia, na verdade existem mesmo, e bem, não são nada daquilo que as lendas dizem, elas são criaturas más, que caçam e matam seres humanos. E foi isso que aconteceu com Wen, no ultimo outono ela e seus primos foram atacados por um unicórnio assassino, e só ela sobreviveu. Mas não é tão simples assim, Wen sobreviveu por ter habilidades especiais, foi o que disseram, ela deveria se tornar uma caçadora de unicórnios para livrar o mundo deles, mas é claro que seus pais não permitiram. Ela só tem contato com outro unicórnio um ano depois, ele estava exposto em um circo que esta na cidade, e assim que seus olhos se cruzam, Zenion não para de chamar Wen em seus pensamentos, mesmo não querendo, a atração é tão forte que ela vai atrás, assim descobre o que o unicórnio queria, que ela cuidasse de seu filhote, caso contrário ele seria morto, mesmo relutante, ela o pega, e assim passa a criá-lo e desenvolver uma estranha relação de afeto com aquela criatura assassina.
A noite do baile - Libba Bray
Esse conto me deixou levemente assombrada, mesmo não sendo terror/carnificina. Uma doença começou a se espalhar, ela atacava primeiros os adultos que inconscientemente infectavam seus filhos, as coisas foram ficando cada vez mais grave, e os adultos precisaram ser afastados, a cidade foi cercada, os jovens estariam seguros lá, sabendo que jamais veriam seus pais de novo, em casos piores, eles próprios foram obrigados a matá-los para não serem infectados. Agora me digam, que esperanças de melhoras a raça humana pode ter, se apenas crianças e adolescentes sobreviverem ao apocalipse zumbi? Eu não vejo saída, antes de alguém conseguir uma cura, eles arrajariam um jeito de ferrar com tudo.
Esse livro foi uma surpresa muito agradável, não esperava gostar tanto, e ainda foi melhor, por ter tido a oportunidade de conhecer autores que estão na minha lista de desejados. Eu acho que devia ter tido um conto da Justine e da Holly também, fiquei curiosa para saber como seriam as histórias delas. Gostei demais dos diálogos entre as duas no começo de cada conto, achei a Justine muito mais convincente e não só por que sou time Zumbi, mas por que ela realmente sabe defender o que acredita.
"Posso confiar em um animal que está a solta para nos matar. São os defecadores de arco iris que eu não consigo suportar." - Justine no dialogo antes do conto da Diana Peterfreund