Sayonara 27/06/2014
Sua Santidade... Os Bórgias!
Os Bórgias estava na minha lista de interesse já há algum tempo, devo dizer, a série e uma pesquisa pessoal que sempre faço por que eu realmente amo história. Daí quando fui a biblioteca e por uma grande felicidade me deparei com esse exemplar,juntei a fome com a vontade de comer.
Deixa eu começar falando do autor, Mario Puzo, em si.
Com a longa lista de elogios declarados a ele e o grande sucesso de "O Poderoso Chefão" eu realmente esperava uma escrita bem estruturada e completamente envolvente, algo detalhista e focado.
Não estou dizendo que a escrita do livro é ruim,não, longe disso. É que simplesmente eu esperava algo mais cru, algo mais realista, e quando comecei nas primeiras páginas, no desenrolar dos personagens, eu achei tudo muito romântico por assim dizer.
Mas então, de acordo que eu ia lendo o livro, eu fui avançando em minhas pesquisas pessoais sobre a família Bórgia e cada um dos personagens (aliás, super recomendo que você faça isso enquanto estiver lendo isso) e então pude entender por que a escrita de Puzo se tornou melancólica e arrastada para esse livro. Ele não estava escrevendo uma biografia, ele escreveu um romance baseado nos Bórgias, tenham sempre isso em mente. E olha, devo dizer que depois que coloquei isso na cabeça, a leitura fluiu muito melhor, e junto com as pesquisas adicionais que fui fazendo, preciso muito dar os parabéns a Mario Puzo por ter seguido bastante os fatos reais. Impressionante como ele conseguiu mesclar os diálogos que não pode presenciar, com os fatos e as histórias relatadas durante os séculos sobre os Bórgias. A estrutura dos personagens demorou a ser concluída, mas acredite, ele foi o mais sucinto possível, pelo menos ao meu ponto de vista.
Mas vamos falar dos Bórgias em si.
É preciso dizer que até Freud perderia um pouco de sua sanidade se fosse contatado para analisar essa família.
Rodrigo Bórgia/Alexandre VII, era louco. Tenham isso em mente, um psicopata criado, que por obra do destino foi parar na igreja e conseguiu sentar no trono mais importante do mundo. Eu digo que ele é louco, por que quando fiz minhas pesquisas eu li sobre um homem que pensava com agilidade e manobrava tudo para seu próprio ganho, e se tornar papa era a forma mais rápida de conseguir tudo o que queria. Mas ai lendo o livro e entrando dentro da cabeça dele, deu para perceber que ele realmente acreditava que era alguém santo e que suas ações eram a favor da igreja. Ele era consciente do que fazia, mas sua obsessão pela igreja o tornou pior ainda, por que ele achava que podia cometer um crime e então tudo bem,ele era o enviado de Deus na terra, era tudo pela santa igreja. E isso me deixou realmente abismada. A forma como usou os filhos, demonstrava que provavelmente ele se contradizia quando dizia que os amava. Casou e descasou Lucrécia em troca de favores políticos, fez de Cesar Cardeal, mas então depois tirou o título do filho e o empossou como General do exército papal... Todos eram peões da mente doentia de Rodrigo Bórgia.
Agora, é preciso dizer que as loucuras do pai Bórgia teriam levado o livro a ruína se não fosse por Cesar Bórgia. O primogênito Bórgia, digo e repito, foi o grande protagonista do livro. Firme em suas convicções, e sua obsessão (amor) pela irmã Lucrécia, carregou toda a história nas costas e mostrou uma inteligência formidável por quase todo o livro... Quase! É interessante e ao mesmo tempo engraçado a forma como o autor relatou seus encontros com grandes mentes como "Maquiavel" e "Leonardo da Vinci". Eu estava lendo o livro e do nada.. pá, Leonardo Da Vinci entrou e começou a conversar com Cesar Borgia e eu virei e falei: É o da Vinci? Mas como assim? hahahaha Puzo foi ousado nesse sentido, mas não estava errado, pois o convívio dos Bórgias com essas duas grandes mentes pode ser comprovado nas citações de Maquiavel a Cesar em seu livro "O Príncipe."
Lucrecia e Jofre são casos a parte, pra ser sincera, Jofre Bórgia conseguiu até minha simpatia a partir do momento em que o autor desenvolveu e estruturou melhor sua personagem.
Lucrécia era uma criança quando se casou pela primeira vez e sempre teve a mente corrompida pelo pai e o irmão. Eu não posso afirmar que ela não consentia nas relações incestuosas, apesar de o livro mostrar que ela tinha um amor louco pelo irmão e pelo pai, mas acho que a partir de seu segundo casamento, ela deu uma virada completa de 180º e se tornou uma mulher forte e decidida, o que me fez torcer por ela na segunda metade do livro.
Se você está buscando informações sobre história e a família Bórgia, eu realmente recomendo o livro, ele é rico e amplo. Minha preocupação com os fatos que poderiam ou não serem verídicos foram relevados junto a minhas pesquisas, por que pelo que pude ver, Puzo foi fiel em seu máximo ao construir seu romance.
Para amantes de história, divirta-se, o livro é um prato cheio e mostra perfeitamente toda a sujeira e corrupção que permeava a "Santa Igreja" desde seus primórdios e que os escândalos de hoje, não são nada comparados com os de séculos atrás.