J.F.Pagotto @biblioteca.eterna 14/06/2020Simples e fantásticoForrest Gump é o tipo de livro que agrada a muitos gostos diferentes. Você pode encontrar nele uma crítica sagaz a modo de vida americano. Pode se fascinar com fascinantes considerações sobre a vida e sobre o valor de cada ser humano. Ou pode simplesmente se deliciar com uma leitura simples e cômica.
A escrita de Winston Groom é propositalmente simplista. Se trata de uma sátira com o uso frequentes de dialetos e simplificações fonéticas que dão a sensação de que é um livro básico voltado para o público mais jovem e iniciante, como romances das séries teens famosas, aqui no Brasil eu lembrei muito da série vagalume. Mas se tratando dos paralelos sociais e políticos , o autor tem uma análise profunda que nos leva a ficar refletindo bastante.
A narrativa é muito fragmentada, mas não necessariamente de uma maneira ruim. Muitos arcos são desenvolvidos e todos tem fechamentos em momentos exatos. Conduzir o personagem a diversas situações e usar cada fato que foi aprendido por ele para eleva-lo a um novo estágio é algo simples na literatura, mas ser tão bem trabalho e evidenciado é algo muito complicado narrativamente.
O maior problema está nos personagens. Forrest Gump é o protagonista e sua jornada monta uma imagem típica de um idiota , mas também mostra genialidade absurda em muitos campos diferentes. Não sei se é possível fazer parâmetros com o autismo ou se é apenas a maneira como o escritor quis criticar o sistema político e social. O furo está nos coadjuvantes da obra, são bastante superficiais e poderiam ter um desenvolvimento muito melhor. Mas isso tiraria a força do protagonista , já que o autor da a voz narrativa ao próprio e de certa maneira ele "emburrece" e infantiliza muitas situações.
O final dessa saga é muito simples. Não há como levar muito a sério depois de tantas aventuras. Mas de certa forma foi algo mais interiorizado, onde o crescimento do protagonista chagou ao seu ápice.
Forrest Gump é cômico, crítico, simples e acima de tudo interessante. Uma obra pouco valorizada que , mesmo não sendo absurdamente fantástica , tem um charme literário óbvio.