DIRCE 23/04/2012
Fiquei encantada, mas não necessariamente pela história.
Mesmo me sentindo acarinhada, desde o momento que o livro chegou as minhas mãos ( fiz uma troca com a Sandrinha, e ele veio acompanhado de um carinhoso e delicado bilhetinho), me embrenhei na leitura sem muita expectativa , mas para minha surpresa foi um livro que caiu no meu agrado.
Considero "pecado mortal" livros não trazerem informações acerca do escritor (a). "A dama das amêndoas", também foi acometido por esse "pecado" e, como no decorrer da leitura, senti emanar um forte teor de religiosidade, julguei que a Marina Fiorato ( a escritora) fosse uma espécie de teóloga, porém, após uma consulta, fiquei sabendo que ela é inglesa ( Manchester) de ascendência veneziana, possui licenciatura em História pela Universidade de Oxford, e fez especialização na dramaturgia de Shakespeare.
Esclarecedora essa consulta, pois foi me permitido entender o porquê da narrativa ter tido o poder de me encantar.
Em "A dama das amêndoas", história e ficção se misturam de forma perceptível: Marina Fiorato se inspira na lenda do Licor Amaretto di Saronno para nos contar a história da jovem viúva Simonetta di Saronno, que foi levada pelas circunstâncias a posar para o pintor Bernardino Luinni ( da escola de Da Vinci) e, como era de se esperar, ambos acabam se apaixonando, porém, aos olhos da igreja, o amor foi considerado digamos... profano.
Mas não foi essa história de amor que me encantou. Fui encantada pela beleza da narrativa que me conduziu para Itália do século XVI e, eu, cujo talento para as artes não vai além de uma casinha, um coqueiro e patinhos na lagoa ( que frustração!), pude vivenciar momentos de extrema beleza que despertaram em mim o desejo de ir correndo a uma agência de viagem , e seguir rumo a Milão para ver in loco as belas pinturas.
Me encantaram sobremaneira a figura do Manadorata – o altruísta e amoroso judeu - , e a bravura e dedicação de Simonetta, que julgava ter se afastado de Deus, sem se dar conta de que ela tinha se afastado da igreja, mas estava mais do que nunca próxima de Deus, porque afinal o que devemos, não é amar os nossos semelhantes como Cristo nos amou?
É possível entrever o final da história? Sim, mas é o de menos, porque o que conta mesmo, é percebemos o quanto de errado o homem fez em nome de Deus. É percebemos que o quanto é nociva a intolerância, e o quanto de divino tem em uma amizade que não leva em conta cor, raça, ou crença.
Que critério devemos usar para avaliar um livro? Penso que é o prazer e os ensinamentos que ele nos proporciona, portanto, não poderia dar menos que 4 estrelas para este que, acabo de ler.