Mateus 22/05/2022
Numa versão alternativa do que seria a história da Inglaterra vitoriana, em que a magia se entrelaça à política, Gilbert Norrell, mesquinho e avarento, é um sujeito extremamente solitário, crente de que é o único capaz de reviver a magia na Inglaterra e, que com o tempo, se revela um canalha de um invejoso quando encontra alguém a sua altura, o talentoso Jonathan Strange, e que logo trás para perto de si acreditando que se tornará seu discípulo e que jamais o questionará. Ledo engano.
Strange não é um herói unidimensional, consegue ser egoísta, cínico, no caminho do conhecimento acaba por afastar até mesmo a sua amada esposa, a deixando a mercê de estranhos inimigos.
Outro dos muitos e curiosos personagens é o cruel "Cavalheiro de cabelos de algodão", é o rei de Esperança Perdida, um sídhe, habitante do Belo Reino e toda a sua história é muito baseada na mitologia ao redor dos Tuatha Dé Danann, é o mais britânico dos personagens.
E, não sei vocês, mas me lembrou demais o David Bowie naquele filme "Labirinto".
Apesar das 800 páginas a leitura é agradável. Poderia ser mais objetiva, poderia. Muito da história serve para apresentar personagens que acredito levantam mais interesse dos britânicos, mas que são personagens históricos conhecidos. Como o poeta Lord Byron, rei George III, o Duque de Wellington adversário de Napoleão e cujo duelo os levará até a batalha de Waterloo.
Susanna Clarke é uma artista e desenvolve seu um mundo com bastante cuidado, o estruturando e respeitando suas regras. Quando vamos chegando próximos do final, você sente que existe ainda tanto a ser abordado, descrito, explorado! Acho que vou acabar lendo "The Ladies of Grace Adieu" em inglês mesmo.