Amanda 30/09/2016
Perdida por esse mundo chamado Skoob, já li várias resenhas que analisavam criticamente a escrita dos autores, e eu me peguei pensando no por quê de não conseguir perceber esses detalhes que fazem um escrita ser boa ou ruim. Geralmente, quando sinto algo me incomodando, eu não sei explicar porque só sei algo não bateu comigo ali. Mas lendo esse livro, uma parte da complexidade do universo literário clareou, porque além de compreender o que muitas pessoas reclamaram em outros livros eu consegui perceber o quanto esse foi ruim.
É o famoso 'mostrar vs. contar'. A história te apresenta situações que caem de paraquedas, o protagonistas deduz coisas que a trama não apresenta (os pequenos detalhes, as sutilizas da histórias, que fazem uma história parecer real e depois que bem apresentadas não precisam ser justificadas porque a informação por si só cresce e atinge o leitor quando for a hora certa). Ok, é um livro infanto-juvenil, mas não é por isso que tem que ser tão fraquinho, com diálogos pobres e uma narração sem grandes pretensões.
Resumindo, esse livro 'conta' a história, e muito mal por sinal. Quando o protagonista descobre coisas, sem pistas suficientes, em um momento ele está no telhado da casa observando tudo ao redor, olha para os quartos dos servos e do nada diz 'os quartos com cortinas fechadas devem ser da fulaninha'. Sabe ele não tem indício pra falar isso, mas a partir do momento que ele diz, é uma verdade. Outra hora, Sage comenta que a morte de um random o atormenta em pesadelos e o assombro durante o dia. Mentira! Se ele quer me fazer acreditar nisso, ela tem que demonstrar isso, ele mal lembra do menino, a não ser quando o assunto entra em questão. Não é só o protagonista falar A ou B que vai me fazer acreditar naquilo. A história dele tem que ser a minha história enquanto eu leio, e aqui, nunca é. O que é estranho já que é narrado em 1ª pessoa, mas é muito superficial com o protagonista, percebi no final que essa falta de profundidade foi intencional por parte da autora, já que se abrisse a torneira ela perderia a 'surpresa'.
Também não comprei a história inicial, não importa o que aconteceu no final, no começo a trama era "duas semanas para treinar três órfãos para se passarem pelo príncipe do reino". Aprender modos, etiqueta, cavalgar, lutar com espadas, história do reino, política, ler e escrever... Para piorar toda hora alguém fala 'mas o príncipe era um dos melhores no assunto', olha, tá difícil me convencer que em duas semanas eles vão aprender o básico, jogar as comparações pro alto não está ajudando nada, ainda mais com o descaso que o protagonista levou todas as tarefas. Esse tipo de atitude dentro do texto faz perder o sentido de realidade, eu não conseguiria aceitar como verdade caso alguém conseguisse realizar esse feito, ou faria a histórias pecar lá na frente, quando o mínimo se passar por convincente e enganar a todos.
O que faz uma história ser grande, muitas vezes são os detalhes, e aqui tudo me incomodava, seja quando o nobre importante ficava ensinando as picuinhas de como segurar um talher (gente isso é trabalho pra servo ou sei lá), a égua selvagem que fugiu antes de ser domada, mas depois trataram ela como uma égua premiada, ou então depois de duas semanas de estudo, em que todos eram melhor, Sage, de repente, era o único que estava entendendo os conceitos de diplomacia de determinada situação.
E sobre a conclusão da história, a possibilidade daquilo me passou pela cabeça, mas eu me recusei a acreditar que a autora fosse usar, tão clichê. Eu coloquei a minha cabeça pra funcionar pra achar outras possibilidades e no final.. ai ai...