Graça 10/02/2013
Minha resenha para o livro "Náufrago de um mar doce"
Nauro escutou algumas vezes a história do pescador Nico, sobrevivente de um naufrágio, através de seu sogro Carlos Mazza. Achou que a história renderia um livro. Soube que Nico era vizinho seu, na Vila da Palha, fundos do Areal. E foi conversar com ele. Nico achava sua história comum, mas deu muitas informações. Ele morreu antes de ver o livro publicado. Foi autorizada a publicação pelas filhas de Nico, que também não acreditavam que isso fosse interessar alguém. Nauro também contou com a ajuda de amigos de Nico, inclusive Gauchinho, companheiro de pescarias.
O prefácio do livro foi feito pelo escritor e poeta, Fabrício Carpinejar. Ele diz que Nauro é um fotógrafo quando escreve e um escritor quando fotografa.
A história resumida é a seguinte:
Judith era uma mulher que fazia curas sem nunca cobrar nada por isso. Quando casou com o sargento Delmar ele pediu-lhe que não fizesse mais curas. Quando engravidou de Nico, jurou que se ele nascesse bem voltaria a curar. E assim aconteceu. Ela vivia para ele. Quando saia para pescar, ela benzia Nico, seu barco e suas redes.
A pesca na lagoa dura muito tempo e Nico já estava afastado a 28 dias de casa. Não pescava nada. Então, embora sabendo que se arriscaria, pois uma tempestade viria, ele resolve voltar à Vila da Palha para pedir a benção de sua mãe. Ele teima com Gauchinho, pega seu barco e seu fiel companheiro Thuco (seu cachorro) e, no meio de uma grande tempestade, naufraga, ficando só no mar (o barco segue à esmo com Thuco). Ali passa quase 24 horas. E em meio aos seus pensamentos nos remete a sua vida e a tudo que fez.
Bebeu demais , teve mulheres demais, brigou demais.
Ele é resgatado após descobrirem seu barco com Thuco. Levam algum tempo até encontrá-lo e ela volta à Vila, mas nunca mais quis pescar. Parou de beber, tinha medo do “mar doce” a Lagoa, e ficou entristecido.
Morreu deprimido e dona Judith, 22 dias após. Morreu dormindo, pois acreditava que já havia cumprido sua missão. Thuco ficou um tempo visitando seu túmulo e voltava sempre para o barco, que foi vendido ao melhor amigo, o Carlinho. Suas irmãs cuidaram de Thuco até que também morreu.
É uma história daqui de Pelotas, verdadeira, mas recheada de ficção. É triste e linda.
Uma das frases que ele dizia, e hoje Nauro repete é:
“Eu não sou de raça morredeira!”.