Náufrago de um mar doce

Náufrago de um mar doce Nauro Júnior




Resenhas - Náufrago de um mar doce


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Rafael.Montoito 19/04/2020

O mar doce da lagoa e o mar salgado das lágrimas
"Náufrago de um mar doce" é a história real do pescador pelotense Nico que, como o título sugere, naufragou na Lagoa dos Patos. Depois de uma discussão com seu colega Gauchinho, ele deixa o ponto onde estavam colocando as redes para voltar até a Vila da Palha mas, no caminho, é surpreendido por mau tempo e cai na água, deixando Tchuco, seu cão, sozinho no Tatuapu, que segue à deriva...
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Em terra, Dona Judith, sua mãe, que desde o parto difícil se dedica a rezar por ele, pressente a catástrofe e se põe a rezar, com a certeza no coração de que ainda não é a hora de Nico ir ao encontro do seu já falecido pai. O pescador passa 24 horas lutando pela própria vida, entre delírios, esperanças e recordações da ex-esposa, filhos e neto.
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Ao contar essa história que foi notícia em Pelotas, o repórter Nauro Júnior constrói uma narrativa incrivelmente emocionante, utilizando uma linguagem simples que flui como as águas da laguna: a oralidade dos pescadores (bem representada nos diálogos), a fé sincrética das personagens (representada, sobretudo, na figura da mãe que reza para o Cristo, faz benzeduras para a população e recebe recado dos mortos) e as referências a antigos pontos da cidade de Pelotas tornam essa história particularmente emocionante para quem aqui vive - mas, sendo ela uma história de sobrevivência e de amor (de Nico pelos seus familiares, de Dona Judith pelo filho, dos pescadores pela lagoa e, até mesmo, do cãozinho Tchuco por seu dono), não passará despercebida dos leitores mais emotivos.
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As ilustrações de Pablo Conde são uma obra à parte, dignas de apreço e contemplação. Eu acabei o livro com várias lágrimas nos olhos.
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Graça 10/02/2013

Minha resenha para o livro "Náufrago de um mar doce"
Nauro escutou algumas vezes a história do pescador Nico, sobrevivente de um naufrágio, através de seu sogro Carlos Mazza. Achou que a história renderia um livro. Soube que Nico era vizinho seu, na Vila da Palha, fundos do Areal. E foi conversar com ele. Nico achava sua história comum, mas deu muitas informações. Ele morreu antes de ver o livro publicado. Foi autorizada a publicação pelas filhas de Nico, que também não acreditavam que isso fosse interessar alguém. Nauro também contou com a ajuda de amigos de Nico, inclusive Gauchinho, companheiro de pescarias.
O prefácio do livro foi feito pelo escritor e poeta, Fabrício Carpinejar. Ele diz que Nauro é um fotógrafo quando escreve e um escritor quando fotografa.

A história resumida é a seguinte:

Judith era uma mulher que fazia curas sem nunca cobrar nada por isso. Quando casou com o sargento Delmar ele pediu-lhe que não fizesse mais curas. Quando engravidou de Nico, jurou que se ele nascesse bem voltaria a curar. E assim aconteceu. Ela vivia para ele. Quando saia para pescar, ela benzia Nico, seu barco e suas redes.
A pesca na lagoa dura muito tempo e Nico já estava afastado a 28 dias de casa. Não pescava nada. Então, embora sabendo que se arriscaria, pois uma tempestade viria, ele resolve voltar à Vila da Palha para pedir a benção de sua mãe. Ele teima com Gauchinho, pega seu barco e seu fiel companheiro Thuco (seu cachorro) e, no meio de uma grande tempestade, naufraga, ficando só no mar (o barco segue à esmo com Thuco). Ali passa quase 24 horas. E em meio aos seus pensamentos nos remete a sua vida e a tudo que fez.
Bebeu demais , teve mulheres demais, brigou demais.
Ele é resgatado após descobrirem seu barco com Thuco. Levam algum tempo até encontrá-lo e ela volta à Vila, mas nunca mais quis pescar. Parou de beber, tinha medo do “mar doce” a Lagoa, e ficou entristecido.
Morreu deprimido e dona Judith, 22 dias após. Morreu dormindo, pois acreditava que já havia cumprido sua missão. Thuco ficou um tempo visitando seu túmulo e voltava sempre para o barco, que foi vendido ao melhor amigo, o Carlinho. Suas irmãs cuidaram de Thuco até que também morreu.
É uma história daqui de Pelotas, verdadeira, mas recheada de ficção. É triste e linda.
Uma das frases que ele dizia, e hoje Nauro repete é:
“Eu não sou de raça morredeira!”.

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