Blade Runner

Blade Runner Philip K. Dick




Resenhas - O Caçador de Andróides


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Matheus Lins 22/04/2009

http://battlenerds.wordpress.com/2009/03/04/do-androids-dream-of-electric-sheep/
Após uma guerra conhecida como Terminus - que, na altura que o romance começa, ninguem sabe mais por que se deu ou por quem - a Terra se encontra em frangalhos, a maior porção de sua fauna e flora extinta, acometida por altos níveis de radiação que inevitavelmente aleijam a todos. As pessoas são instigadas a partirem para colônias em Marte. A maioria o faz - mas uma minoria decide permanecer nas ruínas da Terra, mesmo sob o risco de serem eventualmente classificadas como especiais, eufenismo para retardadas, alcunha que sela o destino do seu portador, tornando-o um pária, alguém efetivamente fora da Humanidade por carregar genes indesejáveis.

Nesse contexto vive o anti-heroi da história, Rick Deckard, um caçador de recompensas profissional especializado em retirar androides orgânicos, os quais escapam periodicamente de Marte para a Terra, ansiando por uma vida de liberdades. Os primeiros droides eram de fácil detecção, mas conforme a tecnologia progrediu tornou-se mais difícil distingui-los dos humanos, especialmente dos retardados.

A ferramenta instrumental para identificá-los é o Teste de Empatia Voigt-Kampff, que visa a denunciar o caráter inumano dos droides através de perguntas envolvendo temas sensíveis como torturas e estupros. Por serem incapazes de sentir empatia por outros seres, droides tendem a reagir com indiferença ou com respostas emocionais claramente fingidas. Decretada a artificialidade, são retirados (outro eufenismo, assassinato) e um teste em suas medúlas ósseas é feitos para confirmar o caráter artificial.

Após o caçador de recompensas de maior prestígio do seu departamento ser aleijado por um Nexus-6 (o modelo droide mais recente) enquanto tentava questioná-lo, Deckard é encarregado de localizar e retirar seis unidades do dito modelo. Com o farto pagamento, ele visa a comprar um animal; um animal de verdade.

(Em virtude da situação semi-inóspita em que a Terra se encontra, é um dever de todo cidadão possuir pelo menos um animal, alimentá-lo e mantê-lo saudável para a procriação. Deckard sempre quis um cavalo, mas não tinha condições de comprá-lo, então se contentou com uma ovelha - a qual morreu, um ano antes, de tétano, obrigando-o a optar por um artigo falso que impetuosamente mina a sua auto-estima.)

Ele divide os holofotes com John Isidore, um especial que vive sozinho num condomínio que costumava ser densamente habitado. Ele trabalha para uma Clínica Veterinária de fachada que na verdade constroi e conserta animais eletrônicos. Ele cruza caminhos com três dos Nexus-6 refugiados, oferendo-lhes abrigo e companhia, visto que eles pelo menos o tratam com indiferença, não com desprezo.

Mas será que Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? não se trata apenas de um típico enredo sic-fi temperado com ação e robôs, é muitro mais do que isso; a obra, em seu âmago, é uma análise cínica do sentimento mais peculiar do ser humano, aquele que nos distingue de todos os outros animais: a empatia, ou seja, a capacidade de nos identificarmos com o outro.

Após um certo incidente no decurso da história, Deckard se torna progressivamente inseguro em relação ao papel que desempenha. Ele começa a questionar se existe uma diferença realmente significativa entre nós e os androides, visto que aquilo que teoricamente nos separa deles - a empatia - se mostrava cada vez menos nítido. Afinal, se ele se mostrava indiferente para com os droides que retirava, no que ele se diferenciava de um típico droide? E a partir do momento que sua atitude oscila para o outro extremo, suas convicções se tornam frágeis como um castelo de cartas, sendo fortificadas apenas com a assistência de Wilbur Mercer.

"Opa. Quem diabos é Wilbur Mercer?" você pode estar se perguntando. Não existe uma resposta fácil. Ele é, supostamente, o Deus-messias do mercerismo, a religião predominante no cenário do romance. Conectando-se através de uma "caixa de empatia", é possível vivenciar, numa orgia de emoções compartilhados, a saga de um homem subindo a uma montanha, sendo alvo constante de pedras e das forças da natureza, até chegar - triunfante - ao topo, apenas para recomeçar tudo novamente. Essa é a manifestação mais clara dos devaneios filosóficos de Philip K. Dick, uma que admito não ter compreendido completamente.
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Enrique 14/02/2009

Quer saber a real? Eu terminei esse livro sem saber se tinha realmente entendido ele. É sobre andróides, humanos, coisas reais e artificiais, emoção e dissimulação, e até mesmo fé - mas meu cérebro não conseguiu processar tudo corretamente. Um dia, talvez, eu vou reler e entender - mas eu ainda não sou bom o bastante pra acompanhar o pensamento do Philip K. Dick =(
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Marcos Bassini 13/02/2009

Sim, andróides contam carneirinhos (elétricos)
Se o submarino foi inventado graças a Júlio Verne e suas 20 mil Léguas Submarinas, não estranhe a afirmação: se a internet e a robótica já despediram-se do hipotético e teletransportaram-se para o nosso dia-a-dia, um dos grandes responsáveis por isso é Philip K. Dick. Não, não é por acaso que os melhores argumentos dos filmes de ficção científica americanos - exceto o Código 46, que não é dele mas também é um primor de história – têm a assinatura deste autor visionário.
Maurício Coelho 15/05/2014minha estante
Sou fã de Verne e do PKD, mas não, Verne não inventou o submarino, ele já existia antes e PKD não inventou a internet ou a robótica. Alias o termo "robótica" foi inventado por outro autor de ficção: Isaac Asimov. E o que viria a ser a internet já tinha sido pensado por Tesla e não por Dick.




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