O Caçador de Andróides

O Caçador de Andróides Philip K. Dick




Resenhas - O Caçador de Andróides


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Lili Machado 26/10/2010

Do androids dream on eletric sheep? - O livro que deu origem ao filme Blade Runner – obra prima de Riddley Scott
Rick Deckard é um caçador de andróides, na São Francisco pós guerra atômica, quando a maioria dos humanos já se mudou para o planeta Marte.
Quase todos os animais foram extintos da face da Terra, com exceção de alguns que são vendidos por verdadeiras fortunas no mercado negro. Para suprir essa deficiência, animais andróides são fabricados e também vendidos por grandes quantias. Há, até mesmo, um tipo de guia para controle dos preços.
Que bom seria se eu pudesse, como no livro, encomendar réplicas dos meus gatinhos, quando eles morrerem.
Parece que a religião/filosofia predominante no mundo pós apocalíptico de 2021, o Mercerism, prega que toda família tem de possuir um animal. Como os de verdade são escassos e caríssimos, as pessoas se viram com os falsos, mentindo que são verdadeiros.
A base do Mercerism é a jornada de um homem chamado Wilbur Mercer, subindo uma montanha, caindo e repetindo o processo, cada vez que chega a seu topo (tipo a mitologia grega de Sísifo). Seus praticantes usam da empatia, de forma que consigam se relacionar com os outros indivíduos – a alegria e o sofrimento de um, contribuindo para a alegria e o sofrimento de todos.
Alguns andróides fabricados para auxiliar os humanos em seu trabalho diário, apresentam um “defeito de personalidade” e revoltam-se, tornando-se perigosos – o trabalho de Deckard é eliminá-los, para conseguir dinheiro, para comprar um animal de verdade, em substituição ao seu carneiro elétrico que já está dando defeito.
O que vem a ser uma “mood machine”? Pelo que entendi, é um aparelho em que você programa como quer que seu humor esteja, ao acordar, como se fosse uma espécie de despertador: acordado e feliz; ou acordado e zangado, se tiver que participar de alguma discussão difícil ao longo do dia; ou acordado e depressivo, se desejar continuar na cama absorvendo a ausência de vida (mood 382); ou acordado e com esperanças renovadas (mood 481); acordado e ansioso pelas notícias diárias (mood 888); ou, até mesmo, acordado com interesse no trabalho (mood 594) – creeeeedo! Dial 670 in the Mood Machine for Peace - que legal seria se pudesse acontecer, né? Quero uma máquina dessas!!!
Os andróides não possuem a habilidade da empatia. Para que sejam facilmente diferenciados dos seres humanos, aplica-se o teste Voigt-Kampff, que mede pequenos movimentos dos músculos oculares e faciais, quando as pessoas ficam chocadas com alguma coisa que lhes é dita – uma reação física que não se pode controlar.
“Every creature which lives, sometimes has to do things it doesn´t believe in. We all have to accept that." - Não concordo - e vocês?
Acabou. Esperava mais do livro – gosto tanto desse filme que acho que isso me cegou quanto à estória em si. Contrariamente, à maioria absoluta, dessa vez, prefiro o filme ao livro...
Willian 23/12/2010minha estante
Lili, também gostei mais do filme, mas ficou tão diferente por que até onde eu sei, Ridley scott nunca chegou a ler o livro, apenas utilizou o roteiro como ambientação para o que ele queria contar.
Quanto à frase concordo com ela, menos a parte de aceitar.

Keep up the good work!


Lili Machado 23/12/2010minha estante
Obrigada pelo comentário da resenha, William. Volte sempre. Que o velho Mescer nos ajude... eh,eh,eh




Marcos Bassini 13/02/2009

Sim, andróides contam carneirinhos (elétricos)
Se o submarino foi inventado graças a Júlio Verne e suas 20 mil Léguas Submarinas, não estranhe a afirmação: se a internet e a robótica já despediram-se do hipotético e teletransportaram-se para o nosso dia-a-dia, um dos grandes responsáveis por isso é Philip K. Dick. Não, não é por acaso que os melhores argumentos dos filmes de ficção científica americanos - exceto o Código 46, que não é dele mas também é um primor de história – têm a assinatura deste autor visionário.
Maurício Coelho 15/05/2014minha estante
Sou fã de Verne e do PKD, mas não, Verne não inventou o submarino, ele já existia antes e PKD não inventou a internet ou a robótica. Alias o termo "robótica" foi inventado por outro autor de ficção: Isaac Asimov. E o que viria a ser a internet já tinha sido pensado por Tesla e não por Dick.




Isadora 28/07/2020

Aquela ficção científica que a gente ama
Por favor não assistam o filme novo porque não tem nada a ver com a história. Assistam o velho que é melhor. Estava na metade do livro quando decidir assistir o filme novo e fiquei "o q ta acontecendo aqui?".
Tiago Absolão. 18/11/2021minha estante
Não curti muito o novo e apreciei o mais antigo. Porém assisti o novo sem conhecer o antigo, acho que isso influenciou na minha experiência. Quanto ao livro, logo começarei a ler.




Coruja 31/07/2018

Ganhei esse livro de uma amiga que é tão fã de Blade Runner que até tatuou na perna o unicórnio que aparece no filme. Já fazia um tempinho que o volume estava na estante à espera, mas depois de duas excelentes experiências com PKD (os contos de Realidades Adaptadas e O Homem do Castelo Alto), não tinha como adiar mais a leitura desse clássico da ficção científica.

Num mundo pós-desastre nuclear, a maior parte da população humana deixou a Terra por Marte. Para estimular a emigração, cada humano ganha no processo um robô segundo suas especificações. O problema desse sistema é que as pessoas querem robôs cada vez mais parecidos com humanos, e quanto mais humanos eles se tornam, mais desejosos de liberdade - o suficiente para se rebelarem, matarem seu mestres e fugirem para a Terra. É nesse contexto que entra Rick Deckard, o protagonista do livro, é chamado para ‘aposentar’ seis androides de um novo modelo particularmente avançado: os nexus-6.

Nessa realidade, impera também uma religião, chamada mercerismo, cuja base fundamental é a empatia - empatia que é considerada a principal diferente entre humanos e máquinas. O mercerismo não promete salvação; não tem sequer uma divindade formal, mas existe, nas palavras de seu messias, ‘para que as pessoas saibam que não estão sozinhas’. Essa religião se liga também à importância que a sociedade sobrevivente do cataclismo nuclear dá aos animais, que representam regeneração, esperança, uma tentativa de salvar aquilo que de melhor existia antes da guerra. Claro que, em se tratando de seres humanos, essa questão dos animais acaba também por se tornar um componente de elitismo social… afinal, os animais de verdade, vivos, tornaram-se raros e caros. Há um comércio, e há uma exposição. Seria demais esperar o contrários de seres frágeis e imperfeitos, como são os humanos.

A escrita de PKD é limpa, sem grandes firulas, mas é uma narrativa que te prende, com diálogos bem afiados e cenas de ação de segurar o fôlego. É também repleta de simbologias e referências e acho que ainda precisarei de muitas releituras para pescar a maioria. No mais, Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? é uma fantástica ficção científica; uma história de investigação, perseguições, manipulação social; e é também um livro que se presta fantasticamente ao debate.

O livro foi publicado em 1968, mas todos esses tópicos permanecem bastante atuais. Sei de pessoas de carne e osso que provavelmente falhariam no teste de empatia que Rick usa para descobrir seus androides; e a inteligência artificial de fato tem se tornado cada vez mais próxima do ser humano. Versões da realidade é um tema constante em tudo o que li até agora de PKD, mas há outros tópicos de interesse filosófico: compaixão, identidade, memória, solidão, ética, e, claro, a dualidade entre natureza e seres artificiais.

Críticos costumam torcer o nariz para literatura de gênero, só vendo validade do que chama ‘ficção literária’ e deixando de lado todo o resto: ficção científica, fantástica, policial… mas a verdade é que as boas histórias transcendem gêneros e classificações e a literatura de Philip K. Dick faz exatamente isso. Todas as histórias que li dele até hoje, contos e romances, fizeram com que eu passasse dias refletindo e questionando. Ele te desafia a pensar o mundo de formas diferentes, explorar velhos problemas sob novos ângulos. No final das contas, ele nos leva a questionar: afinal, o que significa ser humano?

Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? não traz uma resposta - afinal, não se trata exatamente de uma pergunta fácil -, mas convida a ponderar o assunto. Em tempos de intolerância, violência, tão pouca empatia, e banalização da vida, isso, cá entre nós, já me parece uma vitória.

site: http://owlsroof.blogspot.com/2018/07/desafio-corujesco-2018-uma-historia-pos.html
Regina279 05/08/2018minha estante
Muito bom, não é, Lulu? Amo o PKD. Quando puder, leia dele também o Ubik e o Valis, são de explodir a cabeça!




Enrique 14/02/2009

Quer saber a real? Eu terminei esse livro sem saber se tinha realmente entendido ele. É sobre andróides, humanos, coisas reais e artificiais, emoção e dissimulação, e até mesmo fé - mas meu cérebro não conseguiu processar tudo corretamente. Um dia, talvez, eu vou reler e entender - mas eu ainda não sou bom o bastante pra acompanhar o pensamento do Philip K. Dick =(
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Matheus Lins 22/04/2009

http://battlenerds.wordpress.com/2009/03/04/do-androids-dream-of-electric-sheep/
Após uma guerra conhecida como Terminus - que, na altura que o romance começa, ninguem sabe mais por que se deu ou por quem - a Terra se encontra em frangalhos, a maior porção de sua fauna e flora extinta, acometida por altos níveis de radiação que inevitavelmente aleijam a todos. As pessoas são instigadas a partirem para colônias em Marte. A maioria o faz - mas uma minoria decide permanecer nas ruínas da Terra, mesmo sob o risco de serem eventualmente classificadas como especiais, eufenismo para retardadas, alcunha que sela o destino do seu portador, tornando-o um pária, alguém efetivamente fora da Humanidade por carregar genes indesejáveis.

Nesse contexto vive o anti-heroi da história, Rick Deckard, um caçador de recompensas profissional especializado em retirar androides orgânicos, os quais escapam periodicamente de Marte para a Terra, ansiando por uma vida de liberdades. Os primeiros droides eram de fácil detecção, mas conforme a tecnologia progrediu tornou-se mais difícil distingui-los dos humanos, especialmente dos retardados.

A ferramenta instrumental para identificá-los é o Teste de Empatia Voigt-Kampff, que visa a denunciar o caráter inumano dos droides através de perguntas envolvendo temas sensíveis como torturas e estupros. Por serem incapazes de sentir empatia por outros seres, droides tendem a reagir com indiferença ou com respostas emocionais claramente fingidas. Decretada a artificialidade, são retirados (outro eufenismo, assassinato) e um teste em suas medúlas ósseas é feitos para confirmar o caráter artificial.

Após o caçador de recompensas de maior prestígio do seu departamento ser aleijado por um Nexus-6 (o modelo droide mais recente) enquanto tentava questioná-lo, Deckard é encarregado de localizar e retirar seis unidades do dito modelo. Com o farto pagamento, ele visa a comprar um animal; um animal de verdade.

(Em virtude da situação semi-inóspita em que a Terra se encontra, é um dever de todo cidadão possuir pelo menos um animal, alimentá-lo e mantê-lo saudável para a procriação. Deckard sempre quis um cavalo, mas não tinha condições de comprá-lo, então se contentou com uma ovelha - a qual morreu, um ano antes, de tétano, obrigando-o a optar por um artigo falso que impetuosamente mina a sua auto-estima.)

Ele divide os holofotes com John Isidore, um especial que vive sozinho num condomínio que costumava ser densamente habitado. Ele trabalha para uma Clínica Veterinária de fachada que na verdade constroi e conserta animais eletrônicos. Ele cruza caminhos com três dos Nexus-6 refugiados, oferendo-lhes abrigo e companhia, visto que eles pelo menos o tratam com indiferença, não com desprezo.

Mas será que Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? não se trata apenas de um típico enredo sic-fi temperado com ação e robôs, é muitro mais do que isso; a obra, em seu âmago, é uma análise cínica do sentimento mais peculiar do ser humano, aquele que nos distingue de todos os outros animais: a empatia, ou seja, a capacidade de nos identificarmos com o outro.

Após um certo incidente no decurso da história, Deckard se torna progressivamente inseguro em relação ao papel que desempenha. Ele começa a questionar se existe uma diferença realmente significativa entre nós e os androides, visto que aquilo que teoricamente nos separa deles - a empatia - se mostrava cada vez menos nítido. Afinal, se ele se mostrava indiferente para com os droides que retirava, no que ele se diferenciava de um típico droide? E a partir do momento que sua atitude oscila para o outro extremo, suas convicções se tornam frágeis como um castelo de cartas, sendo fortificadas apenas com a assistência de Wilbur Mercer.

"Opa. Quem diabos é Wilbur Mercer?" você pode estar se perguntando. Não existe uma resposta fácil. Ele é, supostamente, o Deus-messias do mercerismo, a religião predominante no cenário do romance. Conectando-se através de uma "caixa de empatia", é possível vivenciar, numa orgia de emoções compartilhados, a saga de um homem subindo a uma montanha, sendo alvo constante de pedras e das forças da natureza, até chegar - triunfante - ao topo, apenas para recomeçar tudo novamente. Essa é a manifestação mais clara dos devaneios filosóficos de Philip K. Dick, uma que admito não ter compreendido completamente.
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Marcos Carvalho 29/03/2010

Empatia pelos animais
Em minha opinião, o tema central do livro não é a religião "Mercerista", e nem a caça dos andróides propriamente dita, mas sim a preocupação do status pós-apocalípticas das pessoas em se ter um animal. Mas a maioria dos disponíveis são animais falsos e se paga uma fortuna para se ter um verdadeiro. Semelhança observada também em outro livro de Dick, em "O Homem do Castelo Alto" em que as pessoas pagam altos valores por antiguidades americanas antes da II Guerra para obter status na sociedade nipo-germânica, mas a maioria disponibilizada no mercado são imitações (falsas).
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WallanS 05/11/2009

Um dos melhores livros de ficção-cientifica que ja tive a oportunidade de ler. Agora ja posso assistir o filme.
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Cristiane F. 15/02/2010

Quase cinco...
Ótima leitura... ótimo enredo... belas citações...

Só não foi melhor... porque quando li já estava impregnada de outros elementos (audiovisuais)... e impregnada com tal maravilhamento... que não pude atribuí-los totalmente às palavras proferidas pelo autor...

Mas... sempre vale a conferida... e de mais a mais... acho que isso de atribuir conceitos, depende muito dos "humores do momento"!
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@Agulha3al 15/01/2010

Apesar de ter não gostado do nome que o livro foi publicado aqui no Brasil, subtitulo do filme, e gosta mais do titulo original do romance de Philip K. Dick, "Do Androids Dream of Electric Sheep?",

Se você viu o filme! Não o compare com o livro, mudaram muitas coisas e apesar de sempre defender os livros em comparação com o filme nesse caso ficou com os dois.

Esse livro é fabuloso nos questionamento sobre como definir um androide (ser artificial) e um humano (ser natural?). a ideia do persorgem central ser um androide veio no filme e não no livro, mesmo que o titulo do original seja uma pergunta, Os Androides sonham com ovelha eletrica? E nas palavras de um blogueiro:

"...eu já estava caindo na armadilha de dizer “Ele é, ele é!” quando me dei conta que Sheep é tipo um Dom Casmurro do sci-fi. Da mesma forma que na obra do Machado não importa se Capitu traiu ou não (e nunca teremos respostas sobre isso), o mesmo acontece em Sheep, não importa se Deckard é ou não e nunca teremos uma resposta definitiva. Mais uma obra genial de Dick, até por conseguir deixar esse ponto de interrogação na testa dos leitores (ou mesmo permitindo as diversas interpretações)."

Boa Leitura!

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Camila_Andrade 29/11/2010

A linguagem de todos os livros de ficção científica é sempre um pouco difícil, o que é um bom sinal - descrevendo um mundo que nos é estranho, é natural que não seja possível entender plenamente certas passagens. A sensação de não-pertencimento àquela realidade é um sinal de que o livro cumpre seu papel.

Preciso reler este livro, pensando com mais cuidado desta vez.

De qualquer jeito, acho que ele toca em assuntos importantes: a solidão, a escravidão, o status social, a realidade em si.
Um dos triunfos do livro é justamente distorcer a identidade de todos: Isidore é um debilóide, mas prova ser capaz de tomar as rédeas da própria vida quando quer; Deckard é um anti-herói, está assustado e duvidando de tudo o tempo todo; os andróides não são humanos normais, não sentem empatia (eles arrancam as perninhas da aranha...), mas Roy e Irmgard se amam, e Pris reclama da solidão em Marte.

E você, leitor, passaria em um teste Voight-Kampf? Eu, não. As situações descritas nele não seriam todas estranhas pra mim.


(E eu ADORO o baile que ele toma da Luba Luft! Torci muito - MUITO! - pra ela não ser morta. Acho que o Deckard também torceu...)
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Erich 13/04/2024

O livro me parece alicerçado em dois conceitos. Primeiro, a escravidão que ocorreu nas Américas e cujas marcas ainda estão presentes. Segundo, a comum e frequente dúvida da ficção científica sobre a inteligência artificial e a substituição de humanos por máquinas.

A referência à escravidão do passado é colocada em extrema evidência nesse trecho, colocado de passagem à trama principal como um anúncio:


duplique os gloriosos dias anteriores à Guerra Civil dos Estados do Sul! Seja como secretário pessoal, seja como trabalhador rural incansável, o robô humanoide projetado sob medida, especificamente para SUAS PRÓPRIAS NECESSIDADES, PARA VOCÊ E SÓ VOCÊ


Além disso, vemos indícios claros de "exploração sexual" tal como ocorria durante a escravidão. No caso, os robôs parecem programados para não resistir a qualquer estimulo de erotismo. O que parece contraditório com a proibição vigente na sociedade do livro de ter relações com androides. Essas contradições, ao meu ver, são uma marca da referência ao passado.

O outro pilar, referente à inteligência artificial, mas especificamente à inteligência emocional dos robôs humanoides, é inclusive o que da nome ao livro. Aqui vemos um aspecto interessante, onde a empatia de uma ser com respeito a outros é utilizada para distinguir humanos de máquinas. O livro cita algumas exceções, mas acredito que na sociedade atual teríamos ainda mais. Ou nunca ouvimos relatos de pessoas que não sentem nenhum incômodo em matar animais, alguns inclusive aceitando torturá-los? A "sociedade-base" do livro parece-me ter evoluído a partir de vegetarianos-puros (veganos temos certeza que não são, devido à referência a leite de cabra), pessoas que não aceitariam ver um animal empalhado, uma pele de urso no chão ou matar uma aranha que sobe pelas paredes. É baseado nessa sociedade que a distinção entre humanos e máquinas é realizada. E vemos os androides sem conseguir desenvolver uma reação empática.

Ah, e o que impede nessa sociedade das máquinas dominarem? Primeiramente o fato de que elas tem um tempo de vida curto. Quatro anos. Uma obsolência programada. Talvez, inclusive, seja isso que as leva a não ter desenvolver empatia, do lado emocional são como crianças de até 4 anos.

Essa é minha visão a respeito deste livro. Além disto, considerei-o um pouco confuso. Tópicos são introduzidos e não necessariamente aprofundados. É como se o autor inventasse uma realidade complexa e intricada para contar só um detalhe dela e abandonar o restante à mente do leitor. A adaptação para o cinema é interessante, mas não me parece ter intensificado nenhum dos aspectos que me chamaram mais atenção no livro. Não senti, em Blade Runner, um conflito tão grande do caçador de recompensas com a realidade dele. A noção de submissão dos robôs também não é tão intensificada. Mas é interessante, uma outra versão da mesma história. O segundo filme Blade Runner 2049 parece beber de uma pequena conversa entre Rick Deckard e Rachael Rosen.
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Gu1lh3rm3-Kun 08/02/2012

Do Androids dream with a Blade Runner...?
O Livro leva o leitor à um universo muito mais profundo do que o apresentado no filme que ele baseou "Blade Runner", aprofundando muito mais a relação entre Deckard e os replicantes (andróides no livro), e seus questionamentos sobre seu trabalho, religião, a sociedade, seu casamento, chegando até a se questionar se ele é humano ou outro replicante, além disso as cenas que foram representadas no filme ficam muito mais filosóficas e marcantes no livro, como por exemplo o teste de empatia com Rachel Rosen, uma das melhores cenas do filme e do livro, uma ótima indicação para quem gosta de ficção cinetífica de autoreas como assimov, ou pra quem gostou do filme e tem vontade de se aprofundar nesse maravilhoso universo criado por Philip K. Dick
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Mima 18/11/2012

Resenha Crítica - O Caçador de Andróides
Em O Caçador de Androides de Phillip Dick, o planeta Terra encontra-se devastado por conta de uma grande Guerra, o autor não especifica exatamente quando e porque se sucedeu, mas sabemos que os efeitos foram drásticos, causando a perda de grande parte da fauna e flora de nosso planeta por conta dos autos índices de radiação. Boa parte da humanidade é aconselhada a migrar para colônias em Marte, entretanto existe uma minoria que decide ficar e sofrer as consequências causadas pela radiatividade. Nessa realidade esta o nosso anti-heroi Rick Deckard, um caçador de recompensas especializado em capturar androides que eventualmente escapam de Marte e fogem para a Terra em busca de liberdade.

Phillip consegue prender a atenção do leitor com sua visão analítica das situações vividas pelos personagens. Assim como muitos autores do gênero ficção da época, Phillip é um visionário. Consegue descrever um cenário nitidamente evoluído em termos tecnológicos, entretanto há aspectos muito antiquados a serem analisados no livro. Em certo ponto encontro uma palavra que faz referência à técnica da datilografia. Pensei, datilografia? Mal sabia Dick que alguns anos mais tarde viria a ascensão da informática e com ela os primeiros computadores pessoais que, de certa forma, possibilitaram toda a tecnologia que usufruímos hoje em dia. Ainda assim ele conseguiu “prever” as chamadas de vídeo, que embora tenham sido capazes de serem realizadas há apenas alguns anos atrás, já eram imaginadas em narrativas como essa.

Ao ler este livro percebo como nossos passos até o grande avanço tecnológico ocorreram devagar. O autor “previu” toda uma mudança, em diferentes sentidos, emocional, comportamental, tecnológico em menos de 30 anos, claro tudo isso devido à ocorrência de uma grande Guerra. Mas ao ler essa narrativa hoje, 2012, percebo que a humanidade evolui a passos lentos. Na nossa atmosfera atual tudo parece tão extremo, rápido. Compramos um aparelho hoje e amanhã ele já não nos serve e não existem mais peças para consertá-lo porque já saiu de circulação comercial. Entretanto, desde o ano em que a história foi escrita, entre 1966 e 1968, levamos mais de 40 anos para chegarmos a esse nível tecnológico e ainda não alcançamos todo o nosso potencial, digamos assim.

A personagem J.R Isidore, um especial que vive sozinho em um condomínio que costumava ser habitado antes da grande Guerra, em certa altura da narrativa utiliza a frase “O entulho expulsa o não-entulho” (p.37), referindo-se ao que foi deixado para trás. Os objetos sem utilidade que foram abandonados pelas pessoas e que parecem se multiplicar ao passar dos dias. “Trata-se de um princípio universal, que opera em todo o universo; o universo inteiro está se movendo para um estágio final de entulhamento total, absoluto.” (p.38), uma frase escrita há 40 anos e que faz muito sentido no período que vivemos. Com as inovações tecnológicas a necessidade de adquirir cresceu absurdamente, assim como também aprendemos a nos desfazer muito fácil das coisas. Mas isso também pode ser relacionado aos excessos de informação, tanto do que recebemos, como do que divulgamos. Sentimos uma necessidade enorme de nos tornarmos públicos, de firmarmos nossa identidade como seres únicos não percebendo que agimos todos iguais.

Com personagens como Buster Amigão, o apresentador de TV que fica no ar por 23 horas seguidas ininterruptamente, e Wilbur Mercer, uma espécie de deus, ou até mesmo de “Grande Irmão”, que dita as regras entre os humanos, o autor apresenta essa nossa grande necessidade de dependência e nos mostra como a sociedade vive ao redor de um mesmo pensamento. Precisamos de alguém nos dizendo o que fazer, como fazer, para onde ir. Tanto que quando Buster revela que Mercer é na verdade uma grande farsa, conseguimos notar o caos emocional da personagem Isidore e o vazio deixado pela revelação. Duas épocas totalmente distintas e ao mesmo tempo tão semelhantes, na primeira, segundo Dick, uma sociedade guiada por um único pensamento e na segunda, nossa atual realidade, uma sociedade onde as pessoas precisam se diferenciar, mas que acabam utilizando os mesmos métodos para alcançar tal objetivo. Nas duas um mesmo pensamento movimenta as ações.

Phillip Dick consegue criar um mundo onde realidade e ficção se chocam, como por exemplo, quando cita uma exposição de arte com quadros do pintor expressionista Edvard Munch ao mesmo tempo que Rick Deckard caça o androide Luba Luft, uma famosa cantora de ópera. A união do real e do imaginário se consolida criando assim essa narrativa surpreendente e instigante. Nesse cenário de caos e destruição, onde as emoções são guiadas e compartilhadas, onde os humanos restantes na Terra só esperam ter, criar algo verdadeiro enquanto o fim realmente não chega, o autor consegue deixar várias questões em aberto que, a meu ver, só nos impulsionam a criar pensamentos e explicações diferentes uns dos outros. Uma excelente leitura, capaz de nos explicar melhor as atuais mudanças pelas quais estamos passando.
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