spoiler visualizarBells 18/03/2013
O Mito Futurista
Incarceron é um livro estranho. Bem escrito, original e diferente, mas, ainda assim, estranho. Ao fim da leitura, senti como se fosse um livro muito bom, mas me senti estranha e não estava lá tão ansiosa assim para a continuação, mas Sapphique teve tudo de bom que já havia Incarceron e eliminou essa sensação de estranheza, me conquistando por completo.
Ao contrário do primeiro volume (que demorei bem mais para ler), Sapphique me prendeu em todas as suas tramas. Me interessava tanto o Interior quanto o Exterior. Inclusive normalmente ficava irritada quando, na melhor parte, cortavam a sequência para o outro núcleo, mas logo esse me prendia também.
O livro pecou ao errar a mão em Claudia e Finn, tornando-os os mocinhos mais chatos e insignificantes possíveis. No entanto, isso abriu espaço para Attia, de quem gostei desde o primeiro instante, e Jared, mesmo caso anterior, brilhassem. Até mesmo Keiro, que não sei se chega a ser um anti-herói (acho ele muito "mau" para isso), apesar dos momentos desprezíveis, conseguiu se destacar e ganhar minha torcida. No final, seu pedido para que Attia não ficasse na prisão provou exatamente isso. Quanto ao Guardião... fiquei com a sensação de que ele simplesmente não mandava merda nenhuma, era apenas uma imagem superestimada cujo poder mantinha às custas exclusivamente do medo e fraqueza alheia, e não de sua própria força.
Como tantas outras coisas nos dois livros, achei o final súbito e confuso. No meu entender, Sapphique não existia, era a porta e a lenda projetadas propositalmente como uma saída de emergência caso tudo desse errado, mas não posso ter certeza disso. Também achei meio WTF, não consigo outra palavra pra explicar, o destino de Jared/Incarceron. Além de, como a própria Attia ressaltou, a ideia de GIRICO que é tentar transformar a prisão no paraíso prometido 150 anos atrás. Mas digo isso apenas das, sei lá, cinco, sete páginas finais.
A falta de explicações sobre o universo da história, que já me incomodava desde o primeiro livro, persistiu e um enorme leque de possibilidades se abriu com relação ao reino e, principalmente, a prisão. Não acho que vá haver outro livro, pois a intenção de conclusão foi deixada bem clara, mas, como conclusão, não acho que o livro tenha cumprido seu papel.
Apesar dos pontos negativos citados acima, Sapphique é infinitamente melhor do que Incarceron, coisa rara hoje em dia.