O cheiro do ralo

O cheiro do ralo Lourenço Mutarelli




Resenhas - O Cheiro do Ralo


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douglaseralldo 13/07/2020

A VIDA É DURA. 10 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CHEIRO DO RALO, DE LOURENÇO MUTARELLI OU UMA ODE AO CU
1 - O cheiro do ralo é a estreia de Lourenço Mutarelli na literatura, após já consolidada sua premiada carreira nos quadrinhos. Neste romance as marcas que se verão nas obras posteriores do autor, marcadas por uma realismo que descamba sempre para o mundano, insólito, surreal e sempre muito, muito escatológico. A sujeira da vida comum que impregna a alma de seus personagens, habitantes do absurdo e testemunhas da degradação;

2 - No livro o narrador é um sujeito carregado de camadas e camadas de profundidade. Um cínico que passa a viver sob a égide de certa misantropia. Um duplo mal composto sempre lembrado como o cara do comercial do Bombril. Um antiquário que nos narra as estranhas figuras que adentram seu estabelecimento;

3 - Marcado pela alegoria e pela metáfora, o sujeito, de visões e conceitos endurecidos acerca do existir, com malícia e pouca empatia vai desfilando frente ao leitor uma certa quantidade de personagens que lhe batem à porta com suas quinquilharias, dramas, histórias, e vasta necessidade por algum dinheiro. E o narrador bem sabe aproveitar-se dessas dores, de modo que sua postura carregará em grande parte ecos de um naturalismo sempre em voga em nossa literatura. As relações de poder estão postas e ele não se roga das prerrogativas que o dinheiro lhe possibilita;

site: http://www.listasliterarias.com/2020/07/a-vida-e-dura-10-consideracoes-sobre-o.html
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Vee 27/01/2023

Li o livro "O Cheiro do Ralo", e foi uma agradável surpresa pegar o livro sem saber nada sobre o enredo. Foi um misto de vários sentimentos, tanto bons quanto ruins. O personagem principal é completamente desprezível, suas atitudes são tão podres quanto o cheiro do ralo, mas o que mais me chamou a atenção foi o estilo de escrita do Mutarelli, que é confuso, mas ao mesmo tempo prende a atenção. Foi uma experiência sensacional e agora estou ansiosa para assistir à adaptação cinematográfica.
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Nivia.Oliveira 23/12/2023

A princípio esse livro causa estranheza pela linguagem ferina e reles personalidade do prota até descobrirmos que a fedentina do ralo exala dele próprio. É um narrador indenominável e asqueroso que vamos ganhando simpatia apesar de seus atos vis... Ou apenas somos movidos pela curiosidade para ver o que ele seria capaz de fazer?

A formatação do texto (uma espécie de teatro e quadrinhos - sem as imagens) faz a leitura fluir. A escrita me lembrou o cubano Pedro Juán Gutierrez, autor de a Trilogia Suja de Havana.
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Sayonara 25/02/2023

O Cheiro do Ralo
Desde que li o título desse livro na bibliografia para uma seleção de mestrado da UFC, ele me chamou atenção. Até então, nunca havia ouvido falar de Lourenço Mutarelli e suas obras. E que surpresa boa foi esse primeiro encontro!
Em o Cheiro do Ralo, acompanhamos um dono de um antiquário (ou loja de penhores?) sem qualquer escrúpulo. Aparentemente muito rico, ele negocia com seus clientes, miseráveis, de uma maneira cruel, sempre tentando comprar seus itens a valores ridículos e, quanto melhor, levar sua alma junto. Paralelo a isso, que já seria o suficiente para configurar uma boa história, lemos com horror, e curiosidade, a progressão da sua obsessão com o fedor de fezes que escapa do ralo do banheiro da sua loja, e por sexo, especificamente pelas modalidades que incluam o anus.
As motivações desse homem? A narrativa oferece algumas chaves de interpretação, mas só cada qual lendo para formular sua própria hipótese.
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Emanuel.Silva 24/02/2021

Hmmm cheirinho de bosta
Velho do céu, de longe o livro mais esquisito que eu já li, Mutarelli é genialmente louco em seu livro de estreia. Um desafio terminar de ler e nãos ser sugado pelo ralo e embrenhar-se nas vielas sem saídas desse livro.
O final é lindo, uma tragédia grega!
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Clarissa Guerra 03/10/2023

Talvez tenha sido o primeiro livro que gostei, a despeito de todo o incômodo em perceber que o personagem narrador me deixava constrangedoramente desconfortável a cada página, como quando contemplamos um quadro que causa um mal-estar peculiar e que, apesar de desagradável, nos marca. E dele não esqueceremos porque sempre iremos lembrar do desconforto gerado. Como o cheiro do ralo.
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Prinup 14/09/2020

Gostei bastante
Uma realidade crua, com um final surpreendente, adorei e indico a leitura
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Elly 07/01/2022

Meu novo livro favorito
Eu não costumo fazer resenhas, mas fica difícil quando lidamos com uma obra tão singular como essa. Me lembrou muito Kafka, mas por ser brasileiro me gerou mais identificação, principalmente com a escrita que é muito original, o narrador nem mesmo menciona nomes, a sensação é equivalente de estar na cabeça do cara, o que é bem obscuro e por (muitas) vezes asqueroso. Meu Deus eu só tô digitando as coisas aqui, mas enfim, livro difícil de digerir, que com tão pouco diz muito, vai ficar martelando na cabeça por muito tempo. Sensacional Mutarelli, sensacional!
Viva a literatura brasileira!
finalizado 07/01/22
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Wynícius 14/03/2021

Um viva para a desumanização, pois ela é a mais sincera de todas as características humanas.
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Aminie Le C 15/05/2013

Uma visão da vida pragmática e crua
Fiquei sem me encontrar no início, mas como já havia lido 4 livros do mesmo escritor no ritmo alucinante próprio dele, consegui enxergar cada saliência e reetrância, cada detalhe da metáfora.
Primeiro, o Lourenço Mutarelli não dá nome a nenhum dos personagens do livro; com isso, ele objetiva que o leitor identifique cada personagem, como um auto retrato da sociedade. Você percebe isso incontáveis vezes quando o vendedor da loja (sem nome) ora tá irônico e engraçadinho, ora tá frio e seco. Depois, se torna notável a importância e, finalmente o significado do Cheiro do Ralo. Na verdade, ele faz uma crítica à condição humana, da forma de se viver, de ser tão pouco, à obscuridade de viver sem escrúpulos num mundo que pede (ou não) o mínimo de pudores. Então ele destampa o ralo e cheira. Como um ritual, representando mais uma vez a essência escura do personagem principal e que, quando o ralo tá tampado tudo dá errado. A vida dele é um inferno. É a merda no lirismo da palavra. As pausas e mudanças de cenas no livro são dadas por espaços entre um diálogo e outro, como se fossem história de quadrinhos. Os diálogos são sempre iniciados pelo protagonista, ele dá as cartas, dele é a voz principal, ele controla a narrativa e cada desenlaçar dela. Ele entra e ele sai. O protagonista vive uma busca em criar uma identidade social que fora perdida sem a percepção do mesmo. Ele destampa o ralo e cheira.

Singular, incrível. Um livro que não se pode dar início a leitura com preconceito ou julgamento contido no âmago de ser.
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Marcos774 11/11/2023

De onde vem o cheiro?
Estou sentindo o cheiro, o fedor que exala desse livro, tudo que já pensei, condenei, chorei, a vida é dura. Será que o cheiro vem de mim, ou é do ralo do meu banheiro, terminei essa historia a caráter, no sanitário, sentindo o cheiro , do livro? do meu ralo?, de mim?.
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Victor 13/02/2021

O Cheiro do Ralo.
Mesmo já tendo assistido a adaptação cinematográfica algumas várias vezes, é a primeira que li a obra original e que tenho contato com a escrita de Lourenço Mutarelli.

De início, pensei que não aproveitaria a leitura, por já saber o enredo e os acontecimentos, devido a adaptação bem fiel, inclusive com diálogos retirados diretamente do livro. Mas ledo engano, pois a escrita do Mutarelli é fascinante e nos embala na leitura, utilizando frases curtas ao quais em vários momentos nos lembram versos, o pouco uso de vírgulas e personagens sem nomes e uma alta dose de realismo e "brasileirismo", o autor nos entrega um ótimo enredo ao qual explora, obsessões, a mesquinhês e o vazio dos seres humanos e sua eterna busca pelo preenchimento desse vazio. Mesmo que com isso ocorra a famosa frase "O preço de se ter o que quer é conseguir o que queria" ou algo assim.

A escrita de Mutarelli traz uma sinceridade e uma realidade que muitas vezes incomoda e que pode chegar a doer. Mas término a leitura querendo ler todas as outras obras escritas por Mutarelli.
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Daniel 22/01/2021

O cheiro não e meu
Eu já sou fã do Lourenço, então já fui para o livro com certa expectativa e infelizmente já havia assistido ao filme (3x) mas o livro e muito bom, com mais sacadas o Lourenço te passa traços da psique do personagem, sem precisar descrever, só com detalhes e nos mostra até onde vai a escuridão da mente.
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Kesio.Rodrigues 10/10/2022

O Cheiro da Desumanização
O Cheiro do Ralo - Lourenço Mutarelli

O protagonista é dono de um antiquário que tem um banheiro cujo ralo fede como o inferno. Por falta de propósito na vida (implícito ao texto) sua existência sintética é: comprar barato e vender caro. Processo claro de desumanização do capitalismo tardio. As frases são curtas. Incisivas. Desconcertantes. Por falta de um Norte em seus dias repetitivos ele está em uma eterna busca de buscar. Vai ser pai, mas não ama a namorada. Desmancha o casamento dias antes da cerimônia. Busca de buscar. Pelas ruas de São Paulo, passando o cotidiano do Zé povinho que, apesar de no fundo não serem muito diferentes dele, passam o verniz social da moralidade e felicidade rotineira. Em sua busca de buscar, se apaixona pela bunda de uma garçonete. Mas o objetivo absurdista some assim que atingido. O protagonista sofre um processo de desumanização/retorno à consciência e aceitação da podridão. Seu tempo é morto em mentiras (em certo momento lê adquire um olho de vidro e vai mostrando para as pessoas dizendo que é o olho de seu falecido pai).
Há vultos dentro de sua casa. Cabelos de pessoas que nunca estiveram ali em seu banheiro. O ralo fede cada vez mais, ou o cheiro vem dele mesmo? A vida é dura e vá se foder. O ralo é a boca do inferno, a porta da desgraça, o olho do 🤬 #$%!& é o olho? É um livro livre de amarras morais, com um senso de humor feroz e agressivo. Narrativa labiríntica em primeira pessoa do presente (coisa que as aulas de literatura dizem para não fazer) quebrando as barreiras de ficção e autoparanoia, que não deixa de ser o tema central da obra e vida tardia do pós-pós-modernismo: paranóia.

Apesar de repugnante, temos que admitir que o protagonista é um exemplo perfeito do Homus Absurdos descrito por Albert Camus e que, contra nossa vontade, é para onde nós rumamos nesse mundo de desumanização industrial da sociedade e da arte.
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Djeison.Hoerlle 09/05/2023

Em uma cabeça descomedidamente dicotômica como a minha, qualquer espectro, mesmo os mais complexos, para fins de simplificação e catalogação, pode ser resumido em duas únicas categorias. O escuro e o claro, o limpo e o sujo, o bem e o mal. No caso dos escritores, divido-os entre os otimistas e os pessimistas. Isso não influencia no decorrer das narrativas e às vezes nem no desfecho. É no tom dela que vemos seus efeitos.

A essa altura, lamentavelmente já me descobri como um escritor otimista. A escolha do advérbio aqui não foi à toa. Mesmo nas ocasiões em que estou imerso em um drama ou um grande ponto de virada, sou atormentado por uma vontade de trazer humor. De fazer rir e de alguma forma, trazer ternura. Mesmo quando meus personagens não merecem. É uma coisa quase biológica.

O Mutarelli é dos pessimistas. Mas é um pessimista que faz também, rir e eu estou genuinamente surpreso por isso. Conhecia já há um tempo razoável aquele senhor calvo de voz doce, respostas reticentes e sorrisos fortuitos. Mas não lembro de já tê-lo achado engraçado. Também não lembro de tê-lo imaginado como um pessimista. Mas o narrador do Cheiro do Ralo é, e na minha cabeça, o narrador é Mutarelli, então isso já causa uma estranheza estranhamente magnética, que acho que foi o sentimento que permeou a leitura toda.

Li em algum lugar que O Cheiro do Ralo denuncia uma "complexidade do povão de São Paulo em uma prosa urbana moderníssima". Não concordo. Na minha perspectiva, o livro denuncia muito mais a complexidade de uma mente atormentada sabe-se-lá-por-qual-motivo (que ainda é um motivo muito mais plausível do que a maioria dos motivos que as pessoas insanas alegam. Isso quando usam algum.) A partir daí, vemos o quanto o tormento brotado em uma única cabeça espalha-se pelas demais, pois importunado pela sua condição, o narrador importuna e constrange todos que pode. E sadicamente, faz com que o leitor se divirta enquanto faz isso.

O Cheiro do Ralo é um relato pessimista e sombrio, uma enxurrada estilística bem humorada que, como o próprio autor pontua, "narra no ritmo dos nossos pensamentos". É também um ponto anômalo em meio à literatura produzida em nosso país e talvez por isso, eu tenha ficado tão fascinado.
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