Casa-Grande & Senzala

Casa-Grande & Senzala Gilberto Freyre
Edson Nery da Fonseca




Resenhas - Casa-Grande & Senzala


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Natalie Lagedo 12/06/2017

Não tenho formação em Ciências Sociais ou História, não consigo identificar em qual método de pesquisa o livro se insere e foi com esse olhar inexperiente que ingressei na obra de Gilberto Freyre. Nasci e vivi em meio à cana-de-açúcar. A casa dos pais de minha mãe fica onde já foi o antigo Engenho Almirante. Agora, onde está a casa de farinha, era a senzala. A casa-grande foi substituída por outra, construída em meados da década de 1950, por ocasião do casamento dos meus avós. Na infância, uma de minhas brincadeiras era procurar vestígios das histórias que meu avô contava. Encontrava pedaços de louça, de quadros, talheres, tudo soterrado pelo terreiro. Foi com a motivação de descobrir um pouco mais daquilo tão próximo a mim que iniciei esta leitura.

Mas quem é o brasileiro para Freyre? Ele fala do índio, negro e português com certo romantismo, explorando o aspecto econômico somente quando acha que é imprescindível para a compreensão da formação do povo. A arquitetura robusta das casas-grandes, a igreja familiar, o catolicismo lírico, a culinária fortemente influenciada pela africana, desigualdade na forma do vestir cotidiano e em público, dentre outros detalhes tão interessantes do passado são incessantemente procurados para justificar aquilo que somos.

Alguns estudiosos atribuem o caráter de uma nação ao clima; outros, ao desenvolvimento econômico; ainda há quem entenda que os caracteres físicos definem as pessoas. Para o autor, apesar de afirmar em alguns momentos que não se filia a nenhuma corrente extremista, é nítida a opção que faz ao defender que a maneira como os impulsos sexuais são tratados por uma sociedade a delineiam. Não que o negro (ao contrário da posição majoritária da época) fosse mais predisposto ao sexo, mas o sistema escravocrata os levava a isso, por condição de submissão ao branco. No entanto, Gilberto não faz de ninguém anjo ou demônio. Reconhece a bravura dos europeus desbravadores, a higiene e medicina indígena e a doçura forte e alegre dos negros, ao mesmo tempo em que cita os defeitos característicos das três culturas básicas formadoras do país. Eleva a mestiçagem a motivo se não de orgulho a pelo menos um fato comum na humanidade, não isolado do Brasil. Casa-grande e Senzala é um livro para saborear cada página, cada informação.
@ALeituradeHoje 12/06/2017minha estante
Amei a resenha! amei...


Natalie Lagedo 12/06/2017minha estante
Obrigada. :)


Hérico 12/06/2017minha estante
Boa resenha!


Natalie Lagedo 12/06/2017minha estante
Obrigada!


Thiago 22/07/2017minha estante
Você escreve muito bem Natalie! Muito mesmo!


Marco 26/10/2017minha estante
Parabéns pela resenha que me convenceu a iniciar a leitura da obra.


Daniel 24/07/2018minha estante
Excelente resenha!




Saracino 14/12/2012

Para ler Casa-Grande & Senzala

É bom que se leve em conta algumas coisas antes de iniciar a leitura deste clássico da história brasileira.
A primeira delas é a conjuntura mundial do momento em que Freyre viveu e pesquisou: No início do século XX o objetivo principal das pesquisas de todas as ciências é evidenciar a hierarquia racial, partindo da supremacia ariana até a marginalidade das raças negras. É no momento que Freyre escreve este livro que os discursos de Hitler atraem mais e mais ouvintes. Lembre-se então que Freyre (e nem Monteiro Lobato) não é preconceituoso no sentido que a palavra possui hoje. Na época em que viveram, estava em sintonia com os grandes pensadores do mundo todo.
A segunda conjuntura é a nacional: Vargas assume a presidência do Brasil e começa a incentivar que se criem sólidas bases nacionalistas. Para que haja nacionalismo, é pressuposto que haja identificação com a nação. Vargas inicia o árduo trabalho de inserção da cultura negra como parte da cultura nacional (o que era até então negado), o Brasil deixa de ser do Índio e do Português apenas para o ser também do Negro. O samba passa a ser exemplo da cultura nacional, a feijoada passa a ser prato típico, a mulata passa a ser símbolo de beleza e a capoeira passa a ser o orgulho nacional. Esta obra é parte deste processo.

Capítulo 1 - Características erais da colonização portuguesa no Brasil: formação de uma sociedade agrária, escravocrata e híbrida.

Freyre inicia o capítulo fundamentando, com base nas teorias raciais predominantes de seu período, o sucesso da colonização do Brasil, de clima tropical, pelo português. O autor defende ser o português, de toda a Europa, o único povo capaz de se adaptar ao clima tropical sem "degeneração da raça", diferentemente do ariano.
O autor trata também da sensualidade portuguesa, do fetiche em relação à mulher bronzeada, como a muçulmana que ocupou durante tantos anos Portugal o que levou o português a sentir a mesma atração pela índia brasileira e logo inciar a mistura de raças. Freyre defende que o português, diferentemente da maior parte dos povos europeus, em sua cultura, é o povo menos xenofóbico, o povo que, apesar de ter grande intolerância à diversidade religiosa, agrega com facilidade a diferença racial.
Sobre a vinda massiva de degenerados para o Brasil, o autor chega a conclusão de que grande parte dos degenerados foram expulsos de Portugal por crimes religiosos, como adultério, que eram considerados mais graves que assassinatos.
Freyre aborda aspectos negativos da predominância latifundiária e de monocultura no Brasil, chegando a afirmar que o brasileiro em sua avidez pelo plantio de cana-de-açúcar, esquecia-se da necessidade de outros gêneros, como legumes e frutas, e passava fome. Esta má alimentação levou ao degredo racial de toda a camada média da população. Em compensação, o Grande latifundiário e o escravo negro escapam à deficiência nutricional, sendo que, o escravo escapa por possuir grande valor, não só o valor de sua compra, mas, por dele depender toda a produção de seu senhor.
Para concluir o capítulo, Freyre passa a desmistificar a hibridez apenas entre índios e portugueses, evidenciando a mistura entre negros e índios, índios e portugueses e portugueses e negros. Fala da sensualidade dos portugueses, da falta de tabu sexual entre os índios e da escassez de mulheres negras para mostrar como todos os povos tinham seus motivos para efetuar a mistura. Encerra com o ponto negativo, o rápido avanço da sífilis no povo brasileiro em formação.

Capítulo 2 - O índígena na formação da família brasileira

Qual é o papel do índio na cultura brasileira? Qual foi o relacionamento estabelecido entre indígenas e portugueses? Qual era o papel do homem, da mulher, das crianças e até mesmo dos homossexuais na sociedade nativa? Qual o papel desempenhado pelo jesuíta? Qual o resultado final deste encontro? São estas as principais questões que o autor tenta responder neste capítulo.
Segundo as pesquisas de Freyre, quando comparada a dos espanhóis e a dos ingleses, a colonização portuguesa não pode ser chamada de brutal, o português não é racista como os ingleses e miscigena, o português não é intolerante como os espanhóis e tenta converter os índios. Por isso, a cultura do índio influiu grandemente na cultura brasileira.
Abordando de maneira geral o capítulo, podemos dizer que Freyre atribui a caça, a pesca e serviços pesados ao homem, o plantio, a educação e afazeres da tribo à mulher, o trabalho místico e feminino aos homossexuais e ao pequeno índio cabia uma educação rigorosa que o preparasse para a vida adulta. Freyre ressalta a todo momento o misticismo existente na cultura indígena, o que influenciava nas cores usadas, nos adornos, nos nomes, nos costumes e até nos tratamentos das doenças.
Quanto ao papel "civilizador" do jesuíta, Freyre afirma ter sido um dos principais motivos da devastação da cultura indígena, submetia os homens à agricultura, o que levava a depressão e a morte, o contato direto também contaminava os índios com doenças trazidas da Europa, o que também levava a morte. Freyre afirma também o aumento da mortalidade infantil. Causando um lento extermínio dos índios.

Capítulo 3 - O Colonizador português: antecedentes e predisposições.

O autor retoma aqui diversos pontos trabalhados no primeiro capítulo. As motivações do português para a expansão ultramarina, a adaptabilidade do português ao Brasil. A força da Igreja Católica em Portugal (que no Brasil é substituída pelo núcleo patriarcal da Casa Grande). O autor fala do acolhimento de sangue estrangeiro pelos portugueses no Brasil (desde que o estrangeiro se dissesse católico). Trata de modo geral, neste capítulo, da maneira natural com que os portugueses encaravam a miscigenação e principalmente com a facilidade com que aceitavam interferências culturais (de índios, europeus, árabes e judeus).
Freyre passa a falar da deficiência da alimentação portuguesa, com base no peixe: "Colonizou o Brasil uma nação de homens mal-nutridos."(313), desnutrição que se reflete também no Brasil. Freyre justifica a vinda do escravo africano no Brasil como reflexo da constatação de que o Brasil não serve para o extrativismo bruto e sim para a o cultivo agrário da cana e de que nem o índio nem o português tem a força de ânimo para a execução de tal trabalho braçal exigido no cultivo agrário, concluindo o capítulo dizendo "que o Brasil era o açúcar e o açúcar era o negro."(342)

Capítulos 4 e 5 - O escravo negro na vida sexual e de família do brasileiro

A primeira afirmação do capítulo é a de que não exista brasileiro (mesmo o mais alvo e loiro) sem um vestígio de negro ou de índio. Informação esta que serve de base para a elaboração do capítulo cujo objetivo é mostrar a profundeza da influência da cultura negra (e um pouco da indígena) no povo brasileiro. Muito do capítulo 4 é especulação sobre as influências da alimentação nos caracteres genéticos, sobre se a miscigenação por si é degeneradora ou se essa degeneração se dá pela má alimentação (reflexo da condição social), fala sobre superioridades ou não de raça, influências ou não de raça. Ou seja, como já foi dito no prefácio, este capítulo é o mais perigoso de ser lido sem uma contextualização do período em que o livro foi escrito. No entanto, nas entrelinhas, por trás de todos os termos como braquicefalia e seiláoquecefalias, Freyre vai diluindo seu ponto de vista, ao mesmo tempo que apresenta argumentos de uma diferenciação racial, problematiza as condições sociais, valoriza a cultura do negro, critica aqueles que inferiorizam o negro. Junto a este tema, como que em uma complementação, o autor passa a mapear as etnias de negros vindo para o Brasil e fazer um esboço de sua cultura na África, mostrando que este surto de "história da África" que temos hoje no Brasil já era observado com curiosidade por estudiosos quase 100 anos atrás.
Ainda no capítulo 4, Freyre passa a abordar uma questão que achei interessantíssima: a sensualidade africana e mulata seria depravação natural deste grupo? Questão de inferioridade de raça como muitos cientistas apontam? Ou simplesmente consequência da escravidão? O autor argumenta incansavelmente em favor da tese de que a luxúria é resultado do autoritarismo da Casa-Grande e não da sensualidade da Senzala. Fruto do sistema escravista que autoriza um grupo a praticar quaisquer atos que queira em um outro grupo, resultando na banalização do ato sexual com escravas, as vezes ainda impúberes. Soma-se a isso o fato deste ato sexual poder trazer aumento de capital, afinal, a gravidez da escrava nada mais é do que um futuro novo escravo para seu senhor.
O assunto da sexualidade continua permeando o livro até seu término, no entanto, mesclado com outras questões interessantíssimas como a influência dos escravos que trabalhavam dentro da Casa Grande na vida da família dos senhores de engenho. Aqui vale a pena fazer outra observação. No prefácio do Fernando Henrique, ele critica Gilberto Freyre por este apresentar um relacionamento quase sem brutalidades entre senhores e escravos. Eu discordo desta opinião. Temos de lembrar que um dos objetivos do livro é mostrar a MISTURA, a INFLUÊNCIA, ou seja, não focar demais na SEPARAÇÃO, na RUPTURA. Freyre deixa em vários momentos bem claro o sadismo português em relação ao escravo e faz uma distinção bem clara entre o escravo 'quase-animal' que realiza o trabalho bruto do campo e que quase não é citado no livro por fazer parte da SEPARAÇÃO E RUPTURA e o escravo 'quase-gente' que realiza o trabalho doméstico ou nas ruas dos centros urbanos, este sim largamente trabalhado no livro por fazer parte da MISTURA e INFLUÊNCIA. Portanto, não é de se estranhar que o livro cite apenas uns casos de violência e sadismo e não trate com mais insistência deste assunto.
Freyre vai tratar ainda do amolecimento da língua portuguesa falada no Brasil, em consequência da influência dos escravos negros, dentro de casa, cuidando das crianças brancas. Das influência das negras contadoras de histórias. Passa a falar da educação, das crianças, livres em excesso nos primeiros anos, rígida em excesso após os primeiros sinais de amadurecimento (pequenos adultos, contidos, solenes, todo vestidos de preto). Fala também de professores negros, da educação dos padres. Volta ao tema da sexualidade para tratar da frequência com que religiosos criavam família no Brasil. Fala da precocidade com que as filhas dos senhores de engenho se casavam, da vida preguiçosa que as famílias da Casa Grande passaram a levar, resultado da diligencia com que os negros efetuavam todo o trabalho. Ao final do capítulo 5, Freyre faz um excelente trabalho sobre a influência da culinária africana na culinária brasileira. O livro termina falando, na última página, das doenças e mortes por suicídio, dos negros, reflexos dos abusos da escravidão.

Esta resenha não é nenhum ideal de resenha, devido à grande variedade de temas tratados nessa obra. No entanto, acredito que sirva para dar uma ideia geral do livro.

Ronaldo Silva 09/02/2021minha estante
Ótima contextualização


Mah 20/03/2021minha estante
Obrigada pela contribuição. Comecei a ler agora rs


Eraldo Macêdo 26/04/2022minha estante
Muito bom,obrigado!


Elizeu.Ferreira 30/01/2023minha estante
Não consigo abrir


Fabiana.Amorim 06/02/2023minha estante
Obrigada! Muito pertinente suas colocações!




Húdson Canuto 01/02/2019

Um livro superestimado!
Casa grande & senzala - Gilberto Freyre

Se me fosse pedido um resumo numa só palavra do primeiro capítulo de Casa Grande & Senzala de Gilberto Freyre, poderia dizê-lo:
SEXO (coito)
Essa única palavra resume esse capítulo.
Claro que se nos apresenta ali como os portugueses não temiam misturar-se com outras raças, que ter as marcas da sífilis era um orgulho, que viviam de aparências de requinte etc. Mas tudo acabava em sexo.
Melhor que que num passado recente que tudo acabava em pizza!
Concluída a leitura do capítulo II de Casa Grande & Senzala de Gilberto Freyre.
Como no capítulo I, muito sexo e agora magia. Parecia que o capítulo ia quedar-se nisso. Não quedou.
Entrou de pau nos jesuítas, nos portugueses e nos protestantes ingleses.
Teceu interessantes considerações sobre o "tupizamento" do português brasílico.
Sobre o índio, objeto do capítulo, à moda romântica, tece considerações idealizadas. O índio de Freyre é uma idiotização marxista, vítima do mercantilismo dos judeus, disfarçados de padres jesuítas e franciscanos, e subjugado pela ganância capitalista dos colonizadores.
Concluída a leitura do capítulo III de Casa Grande & Senzala de Gilberto Freyre.
Pretende o autor traçar a história social da formação do povo português.
Busca, pois, os elementos formadores dessa gente, desde os aborígenes até aos invasores posteriores.
Apesar de tratar a todos os elementos com máxima contemporização, quando se mete a tratar do elemento judeu é assaz crítico e marxistamente injusto. A causa de sua pouca afabilidade para com o povo judeu é, segundo ele, o mercantilismo, o desgosto pelo trabalho, a agiotagem... resume ele tudo numa frase: "o parasitismo judeu".
Esse capítulo divide-se em duas partes: o português em Portugal e o português no Brasil. Em ambas o ódio do autor ao judeu se torna patente. É tamanho seu desprezo pelos "homens de nação" que ele chega a sugerir que o elemento muçulmano fora o de melhor na formação pela índole trabalhadora (mourejar), pela condescendência religiosa (?), pelo gosto à higiene...

O capítulo IV de Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, pode ser dividido em quatro partes. As duas primeiras inúteis por tratarem de nugacidades alheias ao propóstito geral do livro: dar a origem social da gente brasileira.
A terceiro parte versa sobre os negros e sobre o modo como eram tratados, diversamente do que querem os socialixos modernos, o extremo rigor eram mais exceção que regra.
A quarta parte trata sobre sexo e sexualidade.
O sexo desempenha no livro de Freyre o papel de motor da cultura brasileira.
Um resumo numa só palavra de Casa grande & senzala, independente de cor ou raça, é SEXO.
Se o livro for lido sem o endeusamento que se sói fazer do autor, ver-se-á, com certa facilidade que é um livro medíocre! Explico-o. Não cumprevo autor o propósito de tecer a história social, mas mitifica um estória social, tendendo para um livro de afoitezas e peripécias sexuais do que um livro que se pretende de ciência.
O autor em vários momentos deixa claro que as mazelas do Brasil advêm de senhores "à(s) direita(s)".
O ódio de Freyre ao judeu, fá-lo cometer odiosas mentiras ao atribuir ao superiormente mais perfeito muçulmano coisas que são próprias dos judeus batizados à força, cristãos-novos, portanto.
Maria.Luzenita 01/02/2019minha estante
Não concordo muito com sua resenha. Temos que ver o espaço e o tempo no qual o autor escreveu. Poderia ser um livro chato, mas é absorvente. Após ler a metade do livro, posso dizer que estou gostando, embora não concorde com muitaz idéias do autor, mesmo porque vivemos em outra época, em outra realidade


Húdson Canuto 05/02/2019minha estante
Nenhuma análise sobre um livro pode ser completa e exaustiva. Freyre tem o mérito de ter mostrado que a formação da gente brasileira se deu por uma (con)fusão de vários povos. (Não hosto do uso de 'raças', pois parece que estamos falando de espécirs diversas. Prefiro 'povos' para causar a distinção entre os humanos.)




Rafael 29/05/2021

A raiz ideológica da ?democracia racial?
"Essa coisa do racismo, no Brasil, é coisa rara. O tempo todo jogar negro contra branco, homo contra hétero, desculpa a linguagem, mas já encheu o saco esse assunto", disse o então presidente da República, Jair Bolsonaro, em entrevista exibida na Rede TV, em 07 de maio de 2019.

Seja entranhada na cúpula do poder oficial, seja presente nas conversas de bar, há muito predomina estruturalmente no Brasil a ideia de que brancos e negros convivem em harmonia, desfrutando iguais oportunidades de existência. Embora esse mito, conhecido como democracia racial, tenha uma de suas raízes ideológicas em "Casa-grande & senzala" (1933), convém lembrar, como bem destaca Silvio Almeida, que ele não nasce do acaso, mas dentro de um projeto de estado recém-industrializado, que demandava um discurso de unificação nacional voltado para naturalizar/invisibilizar as profundas desigualdades experimentadas pela já numerosa população brasileira.

Na obra de Freyre, a casa-grande, completada pela senzala, representa todo um sistema econômico, social, político. Nesse contexto, a formação brasileira é vista como fruto de um processo de equilíbrio de antagonismos (a cultura europeia e a africana; a africana e a indígena; a economia agrária e a pastoril; o católico e o herege; o bacharel e o analfabeto etc.), sendo o mais geral e o mais profundo: o senhor e o escravo. Para o autor, a contundência desse antagonismo era amortecida ou harmonizada por algumas medidas, como a miscigenação ou o "embranquecimento" (movido pelas ideias eugênicas de Francis Galton, Freyre acreditava, assim como alguns de seu pares contemporâneos, que o gene ariano, entendido como superior, predominava sobre o negro, no entrecruzamento das raças).

A despeito das interessantes observações que fizera sobre alguns usos e costumes coloniais, e até sobre antecedentes e predisposições do português, Freyre lamentavelmente sustentou que a este não restou alternativa senão praticar a escravidão durante a colonização do Brasil.
comprido 09/11/2022minha estante
Achei estranha sua resenha, logo de inicio , mas logo depois eu achei bem interessante




mii.dprates 13/06/2021

Casa Grande e Senzala: por trás da miscigenação
O livro Casa Grande e Senzala do Gilberto Freyre, carrega tanto críticas como elogios. Ele tem uma influência da antropologia cultural norte americana. Rompe com o racismo científico que visa a justificar e consentir atitudes de discriminação e perseguição contra as raças que se consideram inferiores. A principal base do livro é a relação entre a Casa Grande e a Senzala, ou seja, vai englobar esse espaço de relação. Ele explica de onde vem essa cultura violenta e patriarcal que existe nos dias de hoje, os princípios do livro são construídos pela análise do Engenho Noruega. O autor transforma por exemplo a Escravidão brasileira sobre essa visão dualista: o branco extremamente mal e o negro sofredor, ele aborda de uma maneira mais complexa. A harmonização das relações raciais, é apresentada de forma positiva sobre as miscigenações, o livro sobressai inclusive as questões de formação de Portugal. O ponto que eu mais gostei foi em relação ao Patriarcalismo, que é a dominação do homem branco, do pater sobre todas as áreas: política, família, economia entre outras.


Todavia, é possível perceber que o autor expressa sua ideia de que esse domínio patriarcal não excluí nenhum indivíduo, mas sim domina. É extremamente discutido a sexualização das negras e índias, onde argumenta que a partir dessa relação carnal com essas mulheres foi o advento do Brasil. Somos frutos de uma intensa violência física e sexual. A ocorrência de uma miscigenação tão forte é explicada pela escassez de mulheres brancas na colônia (Brasil), assim a Igreja Católica, incentivou o casamento de Portugueses com indígenas (jamais com negros). Freyre disserta igualmente acerca da origem da opressão contra a mulher, como os homens cultivavam um sentimento de posse em relação as suas senhoras. A nossa realidade atual é apontada como produto do sistema social da época, escravocrata e patrimonialista. O nosso Brasil é a verdadeira Casa Grande- Senzala, com relações harmônicas, racismo velado, violência... é uma verdadeira herança cultural dos tempos de escravidão.
Thauam 13/06/2021minha estante
Pq você não avaliou?




15/01/2010

Questionavel
É necessario fazer um estudo sobre o próprio Gilberto, para compreender e discordar de suas teorias!
Ingrid 08/09/2018minha estante
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Igor13 24/10/2018

Um clássico, referência para entender a formação do povo brasileiro
Não achei nada que pudesse acrescentar ao que já foi dito do livro e sua importância. É, como diria um anglo-saxão, self-evident.

O que posso sugerir é a leitura de outro livro também de grande sucesso (está na 22º edição), mas que é bem menos conhecido do público geral. E que, pelos menos para mim, foi além de Casa-Grande & Senzala na análise da formação do brasileiro. O livro é 'Bandeirantes e Pioneiros', de Vianna Moog.
Giovanna.Otto 08/01/2019minha estante
a leitura é muito técnica? fácil compreensão? sou leiga




letycialets 30/03/2015

Clássico
Para quem cursa Humanidades, em algum momento da sua vida universitária, este livro irá aparecer no seu caminho. Para mim, um dos melhores livros para se entender como o discurso foi usado para justificar a presença do negro - escravo - na sociedade brasileira colonial. Gilberto Freyre aborda dois conceitos nesse livro: o lusotropicalismo e a mestiçagem, ambos construídos por ele de forma a alicerçar a condição de escravo do negro no Brasil colonial. Criado em uma família essencialmente tradicional e tendo sobrevivido e bancado os estudos através do dinheiro proveniente do trabalho escravo, Gilberto Freyre mostra e defende o ponto de vista de quem desejava que o sistema escravista permanecesse vigente no país, pois o mesmo não iria "sobreviver" a um avanço econômico e político. Enfim, como todo clássico, vale a pena a leitura.
Regi 12/08/2016minha estante
O mesmo aconteceu comigo mas nunca li esse livro mesmo tendo me deparado com ele na grade de curso curricular da matéria de Antropologia. É hoje muitos anos depois me sinto preparada para lê-lo.


Regi 12/08/2016minha estante
E pasmem encontro no valor de R$120,00 mais caro do que aqui pela oferta do skoob.




janaclio 02/09/2016

Ótima leitura para a comprensão da formação da nossa sociedade
Considero esse livro como um dos maiores clássicos da Sociologia brasileira, Casa-Grande & Senzala é uma obra surpreendente e esclarecedora sobre a formação do povo brasileiro. Importantíssima para consagrar a importância do indígena, e principalmente do negro, na formação racial e cultural do Brasil. Recomendo a leitura do livro.
Beatriz.Pinheiro 10/11/2016minha estante
A leitura é muita técnica ou é de fácil compreensão?




Chaguinha 14/06/2009

Que beleza!
Simplesmente estupendo. Um estudo impressionante sobre o nosso Brasil. Um obra histórica com jeito de clássico.
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Adinalzir 17/06/2009

Um livro para entender o Brasil
Quem julga conhecer a alma brasileira e ainda não leu "Casa Grande & Senzala", tem no máximo um retrato incompleto de nossa origem. Esse livro é fundamental para entendermos por quê somos e como somos. Simplesmente genial.
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Lucas Ferreira 04/12/2009minha estante
"Tenhamos a honestidade de reconhecer que só a colonização latifundiária e escravocrata teria sido capaz de resistir aos obstáculos enormes que levantaram à civilização do Brasil pelo Europeu. Só a Casa grande e a senzala. O senhor de engenho rico e o negro capaz de esforço agrícola e a ele obrigado pelo regime de trabalho escravo". Genial essa passagem, não concorda? A inevitabilidade da história, sem considerar a colonização pelo europeu no sul do Brasil etc... Bem, se o Brasil for apenas o nordeste, digamos que ele seja um clássico...da literatura, mas não da sociologia.




Daiani.Cris 27/12/2009

pode até ser bom, mas fala coisas muito repetitivas e complicadas, fica muito difícil de entender e cansativo demais.
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Thaiscondida 10/04/2024

Uma grande vergonha pra sociedade brasileira. No entanto, é uma leitura importante pra entender o mito da democracia racial e a forma como o pensamento da branquitude racista funciona no Brasil; muito diferente do exterior mas igualmente nocivo
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Volnei 10/03/2013

Casa grande senzala
O livro tem inicialmente a apresentação de características geral da colonização portuguesa cujas características principais são escravocratas e de uma economia totalmente agraria.
Freyre procura fazer uma analise dos fatores que possibilitaram a fixação e colonização portuguesa no Brasil, para tanto ele utilizou aparentemente dois métodos científicos: o método histórico, que para compreender a sociedade brasileira na sua atualidade ele recria todo o período colonial com suas características e singularidades, bem como o período anterior que equivale a toda experiência cultural vivida por Portugal no século XV e nas três primeiras décadas do século XVI. E o método comparativo, pois em todo o capítulo ele o utiliza, seja para comparar a colonização portuguesa com a inglesa ou a espanhola; entre Portugal e outros países europeus; entre as capitanias hereditárias do nordeste com as do sudeste e outras várias comparações feitas.
As principais ideias contidas neste trabalho são as características do português que possibilitaram a colonização do Brasil: Foi a partir deste ponto que o autor começa a desenvolver sua obra expondo que os contatos (tanto: culturais e até mesmo sexuais), entre os portugueses com os mouros durante a Idade Média, foram fundamentais para que o português pudesse realizar bem a empreitada da colonização. Pois através de vários séculos de lutas contra os mouros, os portugueses assimilaram algumas de suas características culturais, como se observa nas palavras de Freyre (2006, p. 66) ''A singular predisposição do português para a colonização híbrida e escravocrata dos trópicos, explica-a em grande parte o seu passado étnico, ou antes, cultural, de povo indefinido entre a Europa e a África. ''O Clima, a Terra e a Gente que o Português encontrou: O português diferentemente de outros povos europeus, especialmente os de origem nórdica, teve uma grande facilidade em se adaptar em terras de clima tropical, isso se deve pois o clima de Portugal era equivalente ao clima africano, que por sua vez tinha suas semelhanças com o Brasil colônia. '' Em compensação, os portugueses teriam dificuldades em relação à terra devido a irregularidade dos rios, as pragas que atingiam as plantações, etc. Como nos mostra Freyre (2006, p. 77), ''Tudo era desequilíbrio. Grandes excessos e grandes deficiências, as da nova terra (...). Enchentes mortíferas e secas esterilizantes – tal o regime das águas. E pelas terras e matagais de tão difícil cultura como pelos rios quase impossíveis de ser aproveitados economicamente na lavoura, na indústria ou no transporte regular de produtos agrícolas – viveiros de larvas, multidões de insetos e de vermes nocivos ao homem. '' Já em relação aos índios, os portugueses formaram um forte hibridismo. Logo ao chegarem ao Brasil os portugueses se surpreenderam com o que viram inúmeras mulheres e todas elas nuas alisando seus negros cabelos. Aquela cena remetia ao português a uma grande excitação sexual, isso ocorre pelo fato de que as índias eram muito parecidas com a ''moura encantada'' que como Freyre (2006, p.71) expõe, era um '' tipo de mulher morena e de olhos pretos, envolta em misticismo sexual – sempre de encarnado sempre penteando os cabelos ou banhando-se nos rios. '' Tal idealização se dá pela influência moura o que favoreceu para nascer uma nova geração, agora formada por mestiços, ajudando assim a ocupação do Brasil, tendo em vista que Portugal não possuía um grande contingente populacional para ocupar o Brasil de forma rápida e, além disso, havia outras colônias na África e na Ásia que também necessitavam serem ocupadas.
Freyre quis concluir que através do levantamento histórico, cultural, entre outros do período colonial, foi possível ter um entendimento da construção do Brasil como nação, e que este se deu por bases de antagonismos, como bem expressa Basile (2006), ''que a formação brasileira tem sido um processo de equilíbrio de antagonismos. Para compreendermos o hoje é necessário entendermos o ontem''.


site: http://toninhofotografopedagogo.blogspot.com.br
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Edmar 25/03/2014

É muito complicado. Muito difícil. Estou pensando em abandonar. Deixar para os estudantes de História ou Direito ou Sociologia, sei lá!!
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