Nati 18/05/2022
Apesar de não ser tão extenso, o livro parace ter o dobro do tamanho. Não que Defoe tenha uma escrita ruim ou tediosa, mas por vezes passam páginas sem grandes acontecimentos e a falta de divisão em capítulos torna tudo mais cansativo. Vai ser mais proveitoso ler a introdução no final.
Aqui temos temas maiores como o colonialismo, a conversão e escravidão e outros que talvez não chamam tanto a atenção. Defoe usa a história de Crusoe para demonstrar como é possivel através da razão e dos sentidos chegar a Deus (pois tudo acontece de acordo com a vontade de Deus e com Sua permissão, e é possivel ver isso ao analisar tudo o que acontece a ele próprio). O homem, ou seja Crusoe, não se curva a natureza e vive em estado "natural"; ele a transforma e trabalha, domina, a torna produtiva para que sirva a seus projetos, sempre seguindo a orientação de Deus.
A relação com Sexta Feira, apesar de amistosa, é de servo e amo. Crusoe inclusive se vê como rei em "sua ilha". Interessante ver como os papéis se inverteram para Crusoe. Aliás pode ser uma perspectiva minha, mas existe uma diferença sutil na visão dos ingleses sobre espanhóis e portugueses.
Para nós, em muitos momentos pode ser uma leitura incómoda, para dizer o mínimo. Mas é um importante retrato da época.