Lodir 19/04/2011O autor tem boas intenções, mas...A intenção era boa. Na sinopse de “O Ponto da Virada”, livro do jornalista e pesquisador Malcolm Gladwell, a promessa era um livro que tentava desvendar as causas das epidemias sociais – ou seja, fenômenos que, como doenças, se espalham rapidamente e viram febre entre as pessoas. Pode ser o livro de um autor desconhecido, um novo estilo de sapato ou uma onda inexplicável de crimes. Para o autor, esses acontecimentos estranhos, que parecem não ter explicação, têm sim uma razão para existir, e seu objetivo era encontrá-la.
O problema de Gladwell é que ele nem sempre entrega exatamente o que promete. No primeiro livro que li dele, chamado “Fora de Série”, ele já fez isso. Nesse segundo livro o autor volta a se perder entre os assuntos, e acaba discursando páginas e páginas sobre coisas que poucos têm a ver de fato com o tema principal do livro, deixando o leitor com a sensação de propaganda enganosa. Ele descreve durante longas páginas, por exemplo, os resultados de suas pesquisas sobre as razões que levam os adolescentes a usar cigarros, mesmo sabendo dos malefícios. O mesmo destaque ele dá as suas pesquisas sobre a criminalidade de Nova York.
O problema é que tanto detalhe faz o leitor se perguntar se esse era realmente o livro que queria ler. Não é. Não existe foco durante a narrativa do autor. Ele começa a abordar um assunto, depois pula sem gancho para outro e então retorna ao primeiro, sem concluir nenhum dos dois. A leitura torna-se arrastada e tediosa. Confesso que não pulava tantas páginas de um livro a um bom tempo, e não fico nada feliz em precisar recorrer a tal prática para terminar uma obra. No fim, a sensação é que a intenção do autor ao escrever esse livro até era boa, mas infelizmente a falta de organização e escolha dos temas fez o livro se perder, deixando o leitor facilmente confuso e aborrecido.