spoiler visualizarLu 21/09/2015
Escrito nas estrelas, Sidney Sheldon
Lara Cameron é sem dúvida uma das personagens mais fascinantes que conheci!
Qualquer romance que tenha por protagonista uma mulher ambiciosa e corajosa, que conquista o lugar que quer ocupar é algo inspirador para mim.
Lara teve uma infância difícil: seu pai teve problemas de alcoolismo e era um homem acomodado, portanto não tinha condições psicológicas e/ou financeiras de cuidar da filha e dar a educação que ela merecia. Mas por outro lado esse foi um dos fatores que contribuíram para que Lara á construísse uma personalidade forte, corajosa, ambiciosa, e infelizmente insegura, possessiva, ciumenta...
Mulher sedenta de poder e sucesso (talvez por receio de passar novamente pelas privações que passou na infância), não media esforços para conquistar o que quisesse. O que levou a personagem á se envolver com pessoas perigosas; uma delas pertencia ao círculo de amizade de Lara (porém ela desconhecia esse lado da personalidade do sujeito), chegando ao ponto de prejudicá-la e pôr todo seu patrimônio em risco.
Esse é um daqueles livros que você lê em pouco tempo, pois o enredo é interessante e te instiga á continuar com a leitura. Claro... como todo bom livro há momentos onde você sente vontade de entrar no livro e "dar uns tapas" na personagem para ver "se ela acorda", ou no vilão.
Como nos momentos onde ela era arrogante com empregados, ou demonstrava ciúmes e insegurança (que são reflexos da carência que ela tinha dado o relacionamento 'pobre' que ela teve com o pai), e principalmente quando acusou uma empregada de roubar uma pulseira para "demiti-la por justa causa" por sentir ciúme.
Esses quatro sentimentos quando combinados (ciúme, carência, sentimento de posse e insegurança), ao contrário do que mostram nos livros é a receita para o fracasso de qualquer relacionamento, seja da parte da mulher ou do homem. Lara é uma personagem extremamente possessiva, á ponto de falar com o empresário do marido para reduzir as viagens que ele fazia á trabalho (sabendo que a musica era tudo para Philip).
Não podemos controlar ou possuir as pessoas; principalmente aquelas que queremos ao nosso lado. E privá-las de fazer o que amam para ficar conosco o tempo todo não é amor. É egoísmo, insegurança, sentimento de posse. Sufocar as pessoas que amamos por querer que elas fiquem disponíveis o tempo todo para nós, tentar tolher a liberdade de qualquer maneira, e impedir que façam aquilo que querem e gostam de fazer, só torna a pessoa infeliz e destrói o relacionamento.
Acredito que não fui a única pessoa á acreditar que a pessoa por trás da sabotagem com a vida de Lara era Steven Murchison(?) ou o mafioso Paul Martin. O autor me deixou com dúvida em alguns momentos entre um capítulo e outro, dado o histórico desses personagens.
O tal de Steven (ô nomezinho difícil de lembrar!) era um covarde. E também... invejoso. Estava ressentido por perder sua posição e prestígio para uma mulher. O ramo que Lara escolheu para atuar, por ser dominado por homens é extremamente machista (hur duuur); logo, dificultaram as coisas para Lara com a intenção de fazer com que ela desistisse. Lara foi forte e provou para si mesma (e seu pai) que era capaz de conquistar o que desejasse!
O fim do livro para mim é uma incógnita. Porém, tudo dá á entender que Lara conseguiu superar mais uma provação imposta pelo 'destino'.
O que não me surpreende é o fato que do ano que o livro foi escrito para 2015, as coisas não mudaram muito quando se trata de machismo. O autor abordou o tema de forma sútil e discreta, usando o mercado imobiliário como pano de fundo. Mas sabemos (principalmente nós, mulheres) que o machismo está enraizado em todas as áreas, impedindo a ascensão das mulheres. Por mais ambiciosa, inteligente e culta que uma mulher possa ser, o machismo é um empecilho quando uma mulher quer conquistar alguma coisa. Logo, ela tem que se esforçar em dobro e provar ser tão capaz ou melhor que um homem a fim de chegar onde quer.