Brenoarf 15/03/2022
Os operários não têm pátria!
"O Capital", de Karl Marx, constitui o que muitos afirmam ser “o marco do pensamento socialista marxista”, contemplando diversos conceitos econômicos complexos, bem como uma série de percepções sobre o salário e a acumulação primitiva, mas, ao meu ver, o autor alemão consagrou, na verdade, uma exímia teorização do próprio Capitalismo, não do Socialismo e, tampouco, do Comunismo. Em resumo, o autor tece comentários bem fundamentados acerca da miscelânea de aspectos incumbidos ao modo de produção capitalista, incluindo, também, uma crítica sobre a teoria do valor-trabalho de Adam Smith e de outros assuntos dos economistas clássicos de uma maneira ácida, objetiva (mas nem tanto) e radical, como nenhum outro autor fez. Confesso que, em muitos momentos, a leitura fora bem desgastante não só em razão da minha bagagem rasa quanto aos assuntos acessórios necessários ao entendimento do enredo, mas também em detrimento da linguagem que, na minha opinião, não é destinada a amadores (esse é um dos pontos responsáveis por me fazer questionar se tal obra era realmente um "manual de autonomia e esclarecimento direcionado ao proletariado"). De qualquer forma, para além da minha ignorância, acredito que esse seja um texto de muitas releituras, sobretudo para quem busca criticar Marx - positiva ou negativamente - de modo legítimo. Isso porque aqui se configura um estudo sistemático das determinações históricas e do movimento real do capital, patamar esse que é indispensável, a priori, para entender o que determina a sociedade que vivemos, a fim de superar suas ideologias. Ademais, por trás das justificativas burguesas de "liberdade de escolha", "trocas voluntárias" e "igualdade de condições", Marx iniciou uma pesquisa aprofundada no caminho de desvelar os reais interesses por trás da exploração do homem pelo homem na sua forma mais avançada - a do capital - e, finalmente, ultrapassá-la.