O outro pé da sereia

O outro pé da sereia Mia Couto




Resenhas - O Outro Pé da Sereia


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Malu 17/06/2019

O Outro Pé da Sereia
Mia Couto, a cada nova obra lida, me surpreende em sua sagacidade e realismo fantástico.
O livro aborda 2 momentos da história da África dos Sécs. XVI e XXI, e supera na organização de 2 mundos tão distintos e tão iguais. Para conhecer esta trama maravilhosa, impactante e q nos deixa em transe, só acessando a msm.
Recomendo a leitura pra ontem!
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Alê Xenite 26/07/2011

Resenha no site Subtítulo!
http://www.subtitulo.com.br/index.php/o-outro-pe-da-sereia-mia-couto/
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fsamanta (@sam_leitora) 27/06/2012

Esses personagens respiram o mesmo ar da família Buendia (Cem Anos de Solidão). A prosa do Mia Couto é uma delícia, super poética, o leitor se surpreende a cada página. Já a história não tem grandes encantos, mas ainda assim vale a pena.
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Rub.88 12/05/2017

Voltas em Torno da Arvore do Esquecimento
A busca do particular passado próprio e dos antepassados longínquos para reconhece-se no espelho, entender os traços leves do rosto, as comissuras amargas da boca, as rugas precoces da testa larga, os olhos acostumado a ver o vazio da vastidão, a cor da pele que lhe dá algo que nem sabia existir entre os humanos; Uma raça...
O outro pé da sereia, do escritor moçambicano Mia Couto, conta sobre dois momentos narrativos separados por séculos, mas não plenamente distintos um do outro.
Num período do enredo, algo cai do seu céu e acaba indicando bem indiretamente o lugar de uma estatua de Nossa Senhora a um pastor de cabras. Então, o pastor que se chama Zero Madzero e sua mulher Mwadia Malunga, que moram isolados no meio do mato, levam a imagem a um adivinho que os orienta a procura um lugar sagrado apropriado para depositar a efigie da Virgem. A estatua tem um defeito, falta-lhe um pé. Zero Madzero por razões ocultas não quer ir mais a vila e fica a cargo de Mwadia levar, sozinha, o objeto de culto ao povoado que é o mesmo onde nasceu.
Na outra parte da estória conta-se como a imagem viajou a navio de Goa, Índia, para Moçambique. Benzida pelo próprio Papa e sobre os cuidados de um membro da Companhia de Jesus, Nossa Senhora atravessa o oceano índico num barco que transporta nos porões carga humana. E nessa viagem um padre, que escreve o diário de bordo, sente a fé lhe fraquejar. Uma emprega indiana de uma fidalga se encanta com um tripulante forçado, que tem como função tomar conta do fogo do navio.
No vilarejo, Mwadia encontra velhos conhecidos e familiares. A mãe engordou muito depois que a todas as filhas foram embora. O padrasto abandonou a profissão de alfaiate. Na parede da casa de infância estão os retratos dos ausentes, que na pratica são os mortos. Os personagens um tanto excêntricos do lugar tentam esquecer tudo que já aconteceu com eles e com o mundo. Porem a chegada de dois estrangeiros em busca de suas raízes africanas mostra que escavar esse chão preto não traz somente ouro escasso e pedras preciosas sangrentas. O que mais aflora são ossos escurecidos e relíquias forjadas.
A estatua, já manca e sangrado, chega à costa do império monomotapa onde o mambo local quer que a imagem fique por uma noite no seu quarto, e também que ser batizado. A recusa do clérigo para o segundo pedido faz desencadear eventos que levam a Nossa Senhora a ser abandonada no meio da floresta, onde será encontrada quase 400 anos depois...
Pode parecer que contei a estória toda, mas o foco das linhas escritas por Mia Couto, que foi mantido no vocabulário original do português moçambicano, esta na vergonha, no ressentimento, no sincretismo, no desespero calado, nas lagrimas secas por um passado horrível e da duvidas sobre o modo que se vive a vida.
Talvez o livro sofra com os excessos de aforismos e pelo final dubio, porem a leitura de O outro pé da sereia foi prazerosa.
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Day 03/12/2016

“Na figura do curandeiro, ele confirmava como era triste uma terra em que o dormir não difere do morrer”
O outro pé da sereia é dividido em duas partes que são intercaladas ao longo do livro:
fatos acontecidos em 2002 em Moçambique e fatos acontecidos por volta de 1560.
Nos capítulos que contam a história em 1560, temos a narração de um grupo de
pessoas que viajam de Goa até Moçambique e nos capítulos de 2002 a história dos
moradores de Vila Longe.
Diversos assuntos complexos e interessantes são apresentados no decorrer da narração
das duas histórias, assuntos estes que nos passam uma ideia das influencias da
colonização, da escravidão e da religião em África.
A igreja e suas imposições são amplamente abordadas ao longo da história,
principalmente as imposições da igreja católica em relação a conversão e abandono das
religiões africanas, ora trabalhado com pesar, ora com ironia.
Um ponto interessante da obra é a grande quantidade de palavras de diferentes línguas
que são apresentadas ao longo das histórias e que tem seus significados apresentados em
notas de rodapé.
Entre os temas trabalhados, encontramos também a desigualdade social e as relações
de poder, dentre estas, o patriarcado é muito apresentado. A mulher sempre presa às
suas tarefas, reduzia ao papel de mãe e muitas vezes tratada como uma serva. Censurada
de pensar, de ser mulher, sempre impotente a reagir.
Além disso, o idioma também é muito bem trabalhado. A generalização feita pelos
portugueses ao pensar existir apenas uma língua em África e a real variedade linguística
presente no continente são exemplos de pontos trazidos pelo autor.
O racismo também é um tema muito bem apresentado e aprofundado na obra. Além
disso, a questão de “todos os negros são irmãos” também é trazida a tona. Daí, um
ponto que pode ser retirado é a crítica ao costume de reconhecer os danos colônia X
metrópole, mas ignorar os embates entre os próprios povos africanos. Escravos que
possuem escravos e têm o tráfico como forma de vida, guerras e a própria ideia de
negros racistas são alguns dos assuntos apresentados a esse respeito.
Tudo isso é trabalhado de maneira delicada e com muita poesia, escrita já espera de Mia Couto.
Deixo também algumas questões que eu mesma não tenho resposta. Talvez com mais uma leitura da obra eu consiga encontra-las, talvez...
Estariam os moradores de Vila Longe vivos? Seriam os mesmos personagens nas duas historias?

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Nélio 26/04/2016

Desde quando comecei a ler contos e romances de Mia Couto, sua escrita me impressionou. Seus contos em O fio das missangas me fez querer conhecer mais e mais de sua obra.
Seu primeiro romance que li é, até hoje, um dos melhores livros que li Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra! Depois desses dois livros, ainda li 3 romances e agora terminei o quarto dele total de 5 romances! Não é qualquer autor que me prende assim!
Este último romance, com certeza, é outro dos grandes livros dele! Este é, junto de Um rio..., um dos mais bem tramadosrs.rs.. Longe de querer me aventurar como pretenso crítico literário deixo isso para os profissionais! -, quero dar meus palpites de leitor que gosta de bons livros.
Para além da mística que encontramos em sua obra e isso é algo maravilhoso de se ler! , o livro da vez vai além do lugar comum de quem já se coloca fora de muitos comuns lugares para literaturas como a dele. Mia é um moçambicano, branco, hoje vivendo na Europa, que se afirmou como não conseguindo pensar em escrever em outra língua que não em língua portuguesa, e que, por fim, (d)escreve em suas obras - sob a perspectiva de negros - a vida africana com maestria. Mistura de raças, de credos, línguas, política... e muito mais!
Passagens memoráveis:
A pele escura não ajudava a ver neles uma alma.
A vida são fósforos, acendendo-se uns em outros que se apagam.
A viagem termina quando encerramos as nossas fronteiras interiores. Regressamos a nós, não a um lugar.
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mimima_0 23/04/2024

Parece que estou dormindo
Desde que li terra sonâmbula (outra obra do autor), eu sinto que os livros que leio dele são como se eu estivesse em um sonho. Ele é um livro bem viajado, vai falar como outras obras sobre a guerra e acho muito interessante. É bom pegar obras em que a língua original é o português e ser de outro país, com outros vícios de linguagem, outros modos de falar e outras culturas a serem representadas, especialmente à África, um país tão rico que passou por tanta coisa.

Recomendação: recomendo quem quiser conhecer mais sobre Moçambique e sua guerra, mas sem ser explicitamente, como um pano de fundo para algo mais profundo.
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Felipe 16/06/2015

O melhor livro do Mia Couto.
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Carina 11/09/2013

Não é dos melhores, mas é do Mia Couto
A narrativa descentralizada, que se passa em épocas e locais distintos e apresenta diferentes protagonistas, é interessante do ponto de vista técnico, mas deixa a desejar ao leitor.

A variedade de histórias faz com que seja mais difícil acompanhar o ritmo dos acontecimentos ou se permitir cativar pelos personagens. Alguns trechos fogem a essa regra, mas justamente por ser uma obra longa, é difícil que o escritor mantenha o mesmo fôlego no mesmo nível durante toda a trama.
A boa escrita de Mia Couto, contudo, é a que sustenta o livro, mesmo que ele não seja tão plenamente satisfatório quanto os outros do autor.



Trechos:

A melhor maneira de fugir é ficar parado.

A mulher regressava à sua condição de esposa: retirou-se, convertendo-se em ausência. Lá fora, ela se dedicaria à sua mais antiga vocação: esperar.

Nenhum sonho se pode contar. Seria precisouma língua sonhada para que o devaneio fosse transmissível. Não há essa ponte. Um sonho só pode ser contado num outro sonho.

Lázaro sempre dizia que não resolvia problemas. Ele dissolvia os problemas, que é uma forma superior de prestar ajuda.

A vida, para ele, era um rio comportado. A felicidade era o prenúncio da inundação.

Eis a nossa sina: esquecer para ter passado, mentir para ter destino.

A viagem não começa quando se percorrem distâncias, mas quando se atravessam as nossas fronteiras interiores. A viagem acontece quando acordamos fora do corpo, longe do último lugar onde podemos ter casa.

O que faz uma igreja é o silêncio mora lá dentro.

Quem parte treme, quem regressa teme. Tem-se medo de se ter sido vencido pelo Tempo, medo de que a ausência tenha devorado as lembranças. A saudade é um morcego cego que falhou o fruto o mordeu a noite.

A casa da infância é como um rosto de mãe: contemplamo-lo como se já existisse antes de haver o Tempo.

As pessoas é que abrigam a casa, a ternura é que sustenta o tecto.

A casa tem nome? E que nome tem a pedra? (...) Deram-nos nome como um modo de nos dizerem que não temos eternidade.

A vida são golpes, costuras e pontes.

A saudade é a única dor que me faz esquecer as outras dores.

A tristeza é uma doença, a alegria é um veneno. Como escolher?

Salvar é uma grande palavra. E amor é uma palavra ainda maior. Grandes palavras escondem grandes enganos.

Uns dizem que nos dividimos entre religiões. Não nos dividimos: repartimo-nos. A alma é um vento. Pode cobrir mar e terra. Mas não é da terra nem do mar. A alma é um vento. E nós somos um agitar de folhas, nos braços da ventania.

O que não é nosso em um mundo em que tudo nos roubam?

Temos medo do pó porque é uma prova de que o Tempo existe e nos vai tornando obsoletos, quase minerais.

Para nós, africanos, o tempo é todo nosso. O branco tem o relógio, nós temos o Tempo.

Mentir não passa de uma benevolência: revelar aquilo em que os outros querem acreditar.

Nascemos e choramos. A nossa língua materna não é a palavra. O choro é o nosso primeiro idioma.

Pela dança voltamos ao ventre materno. Foi lá, nesse oculto abrigo, que escutamos o primeiro tambor, executamos os primeiros movimentos de embalo. Foi lá que fomos peixe, fomos água, adormecida onda, incessante maré.

Os ricos enriquecem os pobres empobrecem. E os outros, os remediados, vão ficando sem remédio.

Vícios de historiador: ele não via fotos, ele lia imagens.

A saudade é uma tatuagem na alma: só nos livramos dela perdendo um pedaço de nós.

A verdadeira viagem é a que fazemos dentro de nós. Há ondas movidas por anjos, outras empurradas por demônios.

A melhor maneira de não morrer queimado é viver dentro do fogo.

Como é que se sabe se o caracol anda perdido? Se toda a terra é seu caminho...

Quando se faz amor assim, de paixão total, fica-se longe das palavras. O encantamento é uma casa que tem o silêncio por tecto.

Nos últimos meses ele e sua esposa já não davam asas aos lençóis.

Os outros passam a escrita a limpo. Eu passo a escrita a sujo. Como os rios que se lavam em encardidas águas. Os outros têm caligrafia, eu tenho sotaque. O sotaque da terra.

Agora, ela sabia: um livro é uma canoa (...). Tivesse livros e ela faria travessia para o outro lado do mundo, para o outro lado de si mesma.

Só tem viagem quem recebe adeuses.

Só há um modo de enfrentar as más lembranças: é mudar radicalmente de viver, decepar raízes e fazer as pontes desabarem.

Quem não tem passado não pode ser responsabilizado. O que se perde em amnésia, ganha-se em amnistia.

Não é fácil sair da pobreza. Mais difícil porém, é a pobreza sair de nós.

Primeiro, perdemos lembrança de termos sido rio. A seguir, esquecemos a terra que nos pertencera. Depois da nossa memória ter perdido a geografia, acabou perdendo a sua própria história. Agora, não temos sequer ideia de termos perdido alguma coisa.

A gente ama alguém que desconhecemos, casa com quem conhece e vive com uma pessoa irreconhecível. Às vezes, temos luas-de-mel, outra vezes, luas melosas. A maior parte do tempo, porém, são noites sem luar nenhum.

Rasteiro é o rio; e chega ao céu.

Ele seria um crente, sim, no dia em que a igreja morasse dentro de cada um.

A nossa vida inteira é feita de esperas. E, afinal, basta uma palavra, uma só palavra, para sermos deuses, isentos de esperas.

As despedidas são sempre derradeiras.

Não são os grandes traumas que fabricam as grandes maldades. São, sim, as miúdas arrelias do quotidiano, esse silencioso pilão que vai esmoendo a esperança, grão a grão.

A viagem termina quando encerramos as nossas fronteiras interiores. Regressamos a nós, não a um lugar.
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sonia 21/09/2014

tornar-se preto
Dizia Jung que veio embora da África antes que se tornasse preto, e com isso queria referir-se à intense ligação do homem com a terra, e o modo de viver das tribos que vai nos religando, a nós, civilizados, com forças poderosas da natureza, forças que desprezamos, mas lá, na África, é impossível ignorar.
Assim, Mia Couto segue pelo mesmo caminho e vai nos levando para dentro do pensamento africano, muito poético, e muito lucidadmente, um de seus personagens esclarece que 'precisamos deixar de ser pretos para sermos simples pessoas'. No context em que é dito, respondendo a um americano que queria resgatar valores africanos, quer simplesmente dizer que é melhor ser respeitado e aceito pelo que se é, deixando de lado os rótulos, afinal, africanos ou europeus, de qualquer cor, merecem o mesmo respeito e tem os mesmos direitos.
Na poética, Mia escolhe os nomes dos lugares como Vila Longe, Antigamente, o que já nos remete a um ambiente de sonho, de lembranças, para ir desfiando o rosário de tragédias que foi-se abatendo sobre aquelas pessoas, especialmente a moça Mwadia, perdida entre as lembranças de seus mortos e seus sonhos desfeitos.
Os acontecimentos da época das navegações portuguesas, resvalando pelos catequistas, terminando pelo Americanos que nesse século vem pesquisar a escravidão, ficam todos surreais, como sem sentido sempre foram, e Mia escolhe uma história bem bizarre para desnortear o leitor: o rei escravocrata que envia seu filho como escravo acorrentado no porão de um navio negreiro para que, ao regressar da viagem e assumer o trono, saiba como negociar com os escravagistas...afinal, o Americano finge não saber, como nossos professors escolares preferem não ensinar, que os pretos se escravizavam entre eles mesmos, uma tribo vendendo gente da outra, comércio milenar que existiu desde a Antiguidade, e não foram os portugueses que começaram com esse horror. E por que o título sereia? Sereia porque no continente africano, como aqui no Brasil, o sincretismo religioso trasnformou Nossa Senhora em Rainha das Águas.


site: http://escritoraporvocacao.blogspot.com.br/
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rafaela 05/08/2014

Incrível!
Quando comecei a ler este livro, a única coisa com a linguagem mais rebuscada que eu havia lido tinha sido a trilogia Fronteiras do universo. Depois dessa minha declaração, vocês podem imaginar que no começo deste livro tive alguns probleminhas com a escrita do Mia Couto pela sua ''complexidade'', chegando a deixar o livro de lado por um tempo. Quando o peguei de novo, tive o mesmo problema mas decidi continuar lendo mesmo assim, e foi uma das melhores coisas que já fiz! Foi impressionante como eu consegui engatar na leitura rapidamente e simplesmente não conseguia parar de ler! A escrita dele passou de difícil para uma leitura maravilhosamente poética, linda e rebuscada (de um modo positivo). A estória é extraordinária, alternando passado e presente, sonho e realidade, nos faz passear entre as crenças, esperanças e lendas do povo africano, sempre com um toque de realismo fantástico. Não vou dizer mais nada, pois é uma experiencia bastante divertida ler este livro sem saber quase nada sobre ele, e de capitulo em capitulo ir mergulhando na trama. Só te digo uma coisa: Leia devagar, pois quando acabar você vai querer mais.

Uma das melhores leituras do ano e com certeza procurarei outros livros do autor.
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