bobbie 04/08/2021
Um clássico com todos os traços que os clássicos devem ter.
Um livro belo, rápido e singelo. Lembrou-me Frankenstein, de Mary Shelley. Mas acalme seus ânimos e suas críticas a esta resenha. Se digo isto, não é porque se trata de outro clássico de terror do século XIX, quando ambos foram lançados, mas pelo estilo da narrativa, em que um terceiro conta a história contada por outro. O narrador da história ouve-a da boca - e lê das cartas - de Armand, o protagonista, e reconta-a para nós. Trata-se de um jovem rapaz de classe média que se apaixona cegamente por Marguerite, uma jovem e bela cortesã na Paris do século XIX. Quando a narrativa começa, Marguerite já está morta por tuberculose, enterrada e seus bens estão sendo liquidados em leilão para quitar suas muitas dívidas adquiridas por sua vida de alto padrão. Fascinado por um item específico, descrito pelo leiloeiro como um livro sobre um jovem que ama uma cortesã, livro que contém apenas uma linha escrita a mão em suas páginas iniciais, o narrador o adquire por impulso. E é este livro que vai uni-lo ao jovem que o presenteou a Marguerite, desesperado pelo amor perdido. Com toque sombrio e terrível no início - não vou dizer o que para não dar spoiler - começa a amizade entre os dois, e a narrativa se desenrola, supostamente depois que o narrador ouve todas a história de Armand e lê as correspondências por ele escritas e recebidas. A dama das camélias é uma história lúgubre, triste, sobre o amor proibido entre dois jovens unicamente pela hipocrisia da sociedade, que tolera e faz "bom uso" das mulheres da vida, mas não as aceita como seres humanos dignos de serem inseridos nessa mesma sociedade. O tipo de leitura que tanto me agrada. A dama das camélias foi inspirado em uma experiência de vida que o próprio Alexandre Dumas Filho teve em vida.