Carla.Parreira 13/04/2024
O Grande Deus Pã (Arthur Machen). A floresta de Pã, que em grande parte se encontra na movimentada metrópole de Londres, é um lugar onde a magia parece perder um pouco de sua essência. Pã, o deus dos bosques, é uma figura central nesse contexto, sendo associado à palavra "pânico". Ele é retratado como um ser híbrido, com características humanas, orelhas e patas de bode. Pã é tanto o protetor dos bosques quanto o símbolo do terror noturno. Na trama de Machen, Pã representa a combinação de loucura e terror, bem como os homens que perdem o amor de suas amadas ou são rejeitados por elas. Quando confrontados com as personagens femininas, esses homens relatam sentir uma crescente insanidade. O grande mistério que envolve a história é a presença marcante de Pã. Sua figura enigmática e poderosa desempenha um papel fundamental na trama, adicionando uma camada de mistério e intriga ao enredo.
Melhores trechos: "...Havia um horror no ar, e os homens se encaravam, imaginando se o outro seria vítima de uma quinta tragédia inominável. Os jornalistas procuraram em vão em seus álbuns de recortes por materiais para compor artigos de memórias, e o jornal da manhã foi desdobrado em muitas casas com um sentimento de assombro. Ninguém sabia quando ou onde o próximo golpe ocorreria... Comecei a me perguntar se a pressão, a ansiedade e o suspense de uma guerra terrível haviam perturbado a opinião pública, a ponto de estar pronta para acreditar em qualquer fábula, para debater as razões de acontecimentos que nunca haviam ocorrido. Por fim, coisas bastante incríveis começaram a ser sussurradas: os filhos dos visitantes não só haviam sido espancados, mas também torturados; um menino foi encontrado empalado em uma estaca em um campo solitário perto de Manavon; outra criança foi atraída para a destruição nas falésias de Castell Coch. Um jornal londrino enviou, sem alardes, um bom homem a Arfon para investigar. Ele ficou lá por uma semana e, no final desse período, voltou ao escritório e, em suas próprias palavras: 'jogou a história toda fora'. Não havia uma palavra de verdade, disse ele, em nenhum desses rumores; nenhum vestígio de uma base para as formas mais brandas de toda essa fofoca. Ele nunca tinha visto um país tão bonito; nunca conhecera homens, mulheres ou crianças mais agradáveis; não havia um único caso de alguém que ficara aborrecido ou perturbado de forma alguma..."