O apocalipse dos trabalhadores

O apocalipse dos trabalhadores Valter Hugo Mãe




Resenhas - O Apocalipse dos Trabalhadores


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Faluz 10/11/2023

O apocalipse dos trabalhadores. - Valter Hugo Mãe
Livro da fase em que Vater Hugo Mãe ainda escreve somente com minúsculas, O Apocalipse dos trabalhadores nos traz quatro personagens centrais que buscam a felicidade, mas uma felicidade não fácil mas conquistada a duras penas do pensar constante.
Três trabalhadores que sofrem com a necessidade de correr atrás de condições de sobrevivência mas cujas buscas existenciais persistem de maneira intensa.
Intenso.
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nerito 05/08/2022

Vidas que se entrelaçam
É um grande desafio para mim falar de O apocalipse dos trabalhadores, de Valter Hugo Mãe. Esse não é um livro fácil. Ele conta as histórias de três pessoas: Maria da Graça, Quitéria e Andriy. Duas portuguesas e um ucraniano. A trama se passa em Portugal, na cidade de Bragança. Nesse emaranhado de vidas há também o Senhor Ferreira, o homem para quem a Graça trabalha e que a assedia constantemente. Por conta das constantes investidas, ela o chama de Maldito, mas admite que por ele está apaixonada. Graça é casada, um casamento sem amor. Ela detesta o marido a ponto de colocar lixívia na sopa dele, na esperança de que morra aos poucos.
Quitéria é namorada de Andriy. Ele fala pouco o Português e sofre de falta de notícias dos pais, Ekaterina e Sasha, que ainda vivem na Ucrânia. O velho Sasha é paranoico e vive com medo de ser levado pelos soldados. Isso porque há muitos anos ele matou um homem. Ou pelo menos é o que acredita. Não dá para saber o que é fato e o que é fantasia para Sasha.

A narrativa não segue um padrão linear, embora haja um enredo central que respeita certa sequência de acontecimentos. O texto é um emaranhado que vai se desenrolando enquanto lemos. A narrativa truncada pode ser incômoda, bem como a forma como as personagens interagem.

Com um enredo simples, mas emaranhado, personagens emblemáticos com atitudes controversas e uma certa dose de erotismo, O apocalipse dos trabalhadores é uma obra densa e incômoda, que nos marca como ferro em brasa.



site: https://www.oguardiaodehistorias.com.br/2022/08/o-apocalipse-dos-trabalhadores-vidas.html
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O resenheiro 17/04/2022

Histórias de duas trabalhadeiras em Portugal
Mulher-a-dias, sim, em Bragança de Portugal é o título que recebem Maria da Graça e Quitéria. Amigas, vizinhas, limpam casas de seus patrões, é assim que ganham a vida. Além disso, atuam como carpideiras quando aparece algum cristão que não deseja ser tão cristão assim, deiegando esta difícil tarefa de velar o caixão do morto no avançado da madrugada até que o sol desponte, enquanto todos repousam em seus lares.

Valter Hugo Mãe escreve como sempre, sem toda aquela pontuação que nos direciona mas que muitas vezes pra nada serve ao leitor atento. As perguntas fazem sentido mesmo sem o ponto de interrogação. De qualquer modo, achei este de mais fácil leitura do que outros com está mesma particularidade de sua escrita.

Augusto é o marido de Maria da Graça, mas passa mais tempo fora de casa, embrenhado no mar pescando e fugindo da vida ao lado de sua esposa. Deixa assim Maria da Graça livre para limpar a casa do senhor Ferreira, por quem acaba se apaixonando após tantas investidas deste. Um romance escondido de todos, mas não de sua amiga Quitéria nem de Portugal, o cachorro que a tudo assiste no casarão do senhor Ferreira.

Enquanto isso Quitéria vive um romance diferente, não escondido mas de poucas falas, já que Andriy veio do leste para ganhar a vida em Portugal. Nascido em Korosten, na Ucrânia, deixa o velho pai Sacha e a mãe Ekaterina cheios de saudades. São eles a família Schevenko, o pai vivendo do medo de ser encontrado pelos soldados, que nunca aparecem, apenas seguem em sua mente perturbada. A mãe cuida do pai e sofre da ausência do filho distante.

Histórias de vidas inventadas, desses tipos que parecem conhecidos, e talvez por isso nos mostrem que somos todos iguais aqui, em Portugal, na Ucrânia ou outro lugar. Realidades diferentes mas que se igualam em muitos pontos. Todos temos sentimentos, laços familiares e procuramos alguma felicidade, independente da função que exercemos, sendo mulheres-a-dias, patrões ou homens vindos do leste.
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Larissa.Carvalho 16/04/2022

Um livro que centraliza aquilo que se encontra à margem
O apocalipse dos trabalhadores é um livro centrado em temas e pessoas que normalmente apenas margeiam os romances, ou a literatura no geral. Nele, são contadas as histórias de maria da graça e quitéria - assim mesmo, em letras minúsculas -, duas vizinhas e amigas que se dividem entre os ofícios de mulher-a-dias e carpideiras para conseguir sobreviver.

A história, embora simples, constrói questionamentos metafísicos em volta das mais corriqueiras situações do cotidiano dessas trabalhadoras. A rotina dessas duas mulheres, embora permeada por relações de poder e abusos, é também recheada de pequenos atos de transgressão e humor que mostram sua contínua resistência à desumanização.

Assim como o trabalho, o sexo é um dos temas centrais da história, à medida que é utilizado como artifício de vingança e controle sobre os homens, mas também como marca da liberdade das protagonistas. Embora não seja alheio a questões da opressão de gênero, o romance foge do lugar-comum de inserir mulheres na condição de ingênuas, ou ainda de simples vítimas do comportamento masculino.

Histórias de personagens e episódios emblemáticos que marcam a vida das protagonistas aos poucos invadem o romance. Entre estas, encontra-se a história de andriy, um jovem ucraniano que chega à Portugal fugindo da miséria e da instabilidade política do Leste Europeu. Desabrigado não só de seu país, mas também de sua família, sua cultura e seu idioma, andriy vê um refúgio na solidão e na constância laboral das máquinas, mas encontra no amor de quitéria um impedimento a esta fuga.

Recheado de histórias em parte tristes, mas também engraçadas e empoderadoras, este livro torna-se ainda mais belo pela prosa poética de Valter Hugo Mãe, que transforma o cotidiano em terreno adequado para as mais profundas questões metafísicas, sem porém oferecer para elas respostas baratas ou rasas.
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Thai 13/02/2022

Livro belíssimo! Valter Hugo Mãe tem uma sensibilidade enorme para construir personagens femininas muito interessantes, complexas, divertidas e dramáticas ao mesmo tempo e que saltam das páginas. Existem partes divertidas, divertidas porque são trágicas e terrivelmente reais.
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Lethycia Dias 23/01/2022

Prosa bonita, porém não me envolveu
Comprei este livro há alguns anos, quando ouvia falar bastante deste autor português com sobrenome inusitado e livros com títulos ainda mais inusitados. Na época, li "A desumanização"; deixei "O apocalipse" para depois, depois e depois, até achar que tinha chegado a hora de ler.
Nesta novela, acompanhamos Maria da Graça e Quitéria, duas diaristas na cidade de Bragança, em Portugal, e Andryi, um imigrante ucraniano em busca de trabalho. Maria da Graça trabalha para um homem com quem tem uma estranha relação que alterna entre abuso sexual, paternalismo e afeto; enquanto Quitéria se relaciona com Andryi, que enfrenta um silêncio imposto pelo pouco conhecimento do idioma português.
A proposta, aparentemente, era nos inserir no cotidiano de pessoas cujos trabalhos consomem suas vidas. Pessoas que se anulam em trabalhos braçais e pouco qualificados a ponto de estarem à beira de um constante apocalipse. A meu ver, não foi bem executada; poderia ter sido se acompanhássemos mais o dia-a-dia de Andryi, que aparece mais em companhia de Quitéria do que sozinho ou com outros imigrantes do norte da Europa. É verdade que Maria da Graça e Quitéria têm trabalhos pouco valorizados que as tornam quase "coisas" de seus patrões; mas não vi essa questão tão presente na história.
As duas alternam entre seus empregos, o serviço doméstico das próprias casas e o "freela" como carpideiras, chorando a morte de pessoas que não conhecem e que não têm ninguém próximo para estar em seus velórios. E passam os dias conversando sobre esse cotidiano que é sempre igual, alterado apenas pela morte do patrão de Maria da Graça e pela volta do marido dela, que é marinheiro e passa meses no mar.
A prosa é bonita, mas não foi suficiente para que eu criasse algum tipo de conexão com essas personagens. Os trechos a respeito do pai de Andriy, que sofre com uma mania de perseguição e um medo constante de ser capturado e morto, também não ajudam. Fiz uma leitura bastante lenta e com pouca imersão.
A edição da Cosac Naify é como a linguagem utilizada: bonita, porém pouco funcional. A diagramação deixou o texto afastado das margens internas e muito próximo das externas, de forma que, segurando o livro físico, os dedos sempre tampam parte do texto.

site: https://amzn.to/3IxZYJd
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Ximena.Taurino 05/11/2021

Eu queria ter gostado mais do livro, mas achei algumas passagens um pouco repetitivas. Acho que a versão que eu li do livro não ajudou muito na imersão também, porque a letra era muito pequena e a divisão dos capítulos era confusa.
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Raphael Rasse 25/07/2021

Não o melhor mas bom também
As obras de VHM são sempre muito poéticas e os personagens são, como sempre, muito bem construídos. Infelizmente nesse livro específico já é possível ao leitor mais atento prever o desfecho da história. Mesmo assim recomendo a leitura por causa da poesia do obra.
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Bia 06/07/2021

"acordava suada, com o coração a bater doido no peito e a boca sibilando aflita dizendo, não sou mulher de fugir a nada, eu não sou mulher de fugir a nada".

eu não sou mulher de fugir a nada.
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Léo Leite 21/04/2021

"a maria da graça queria dar mil pontapés no cu de deus. entrar no paraíso e dar mil pontapés no cu de deus até que, por maior que fosse, inchasse de vermelho e lhe doesse ao sentar. seria de modo que aprendesse a inventar menores penas para quem não tivera escolha para chegar à vida."
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Lorena 09/11/2020

A poesia cotidiana de VHM
VHM por muito tempo foi um autor que me despertou curiosidade, especialmente pela descrição apaixonada de seus leitores. Sem dúvida é uma leitura agradável, bonita, que foge do lugar comum. Um traço forte do autor, a meu ver, é mostrar a poesia das pessoas comuns, abrir espaço no cotidiano para o sentir (independente da forma que esse sentimento se expresse), para encontrar a poesia no que é simples, sem nunca cair na mediocridade. Tanto a qualidade da escrita quanto seu traço literário tornam a leitura convidativa, gostosa de fazer. Por outro lado, não senti o encantamento que pensei que sentiria. Quem sabe no futuro tanto o livro quanto o autor se encaixem melhor aqui. Espero que sim.
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Layla 01/08/2020

Achei o livro bom, sensível e poético na medida certa, como já é típico do autor. Senti incômodo em algumas partes e já consegui prever o final na primeira página, mas nada que atrapalhasse a experiência, só aumentou a angústia. Além disso, o tema do abuso é introduzido de uma maneira muito desconfortável. A falta de travessões e letras maiúsculas atrapalhou o meu ritmo e demorei um pouco para engatar, mas nada absurdo. Vale a leitura.
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euandrevasconcelos 13/05/2020

Um livro maravilhoso com um tom muito triste e reflexivo. É incrível como o autor tem uma sensibilidade aguçada para o desenvolvimento de seus personagens. Cada vez mais fã de Valter Hugo Mãe.
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Catarina 05/05/2020

Como foi ler pela primeira vez VHM
Não vou falar da história do livro. Apenas como foi a leitura. Posso dizer que foi uma experiência nova e muito boa. A forma de escrever sem maiúsculas ou travessões foi um desafio no início, mas depois me acostumei. Não ficará na lista dos favoritos porque não é o estilo que mais gosto. Ainda tenho mais dois livros do autor que pretendo ler e acredito que serão também boas leituras.
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Rodrigo Brasil 10/04/2020

Morrer de amor, segundo Valter Hugo Mãe
É sempre uma experiência maravilhosa ler Valter Hugo Mãe. E O apocalipse dos trabalhadores não perde nada em comparação aos outros livros.
Ele consegue ser cômico, trágico, triste e profundo. É um retrato da simplicidade portuguesa, narrando a história de duas domésticas que tentam levar a vida com bom humor, mas muitas vezes mostrando a tragédia de suas vidas.
Como sempre, magnífico.
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