Mia Fernandes 03/05/2020
Entre o agora e o nunca
Para um romance ter sucesso é necessário que o leitor se apaixone pela história. Venha a querer estar no lugar do protagonista, embarcar junto com ele na sua jornada e vivenciar suas vitórias e padecer dos seus dramas. Eu realmente cheguei a comprar o meu bilhete para o expresso Entre Agora e Nunca, porém foram passando as estações e eu acabei perdida e desorientada com a viagem.
Entre Agora e o Nunca é mais um livro do gênero New Adult, que mistura romance jovem com dramas de gente grande. Mas, foi na categoria de drama que o livro ficou devendo. Quando uma sinopse te diz uma coisa e quando o desenrolar da história te entrega outra, não tem como não sair desapontado. A ideia em si do drama foi bem interessante, mas a demora dele se desenvolver foi tanta, que a autora viu que estava acabando as suas páginas e decidiu contar tudo e resolver todas as pontas de uma vez. Todo o mimimi e segredos que o enredo guardava foram desvendados tão superficialmente e de maneira tão fácil, que se tornava óbvio o final do livro. Ou seja, nem tentei forçar-me a derramar lágrimas, porque nem deu tempo para despertar a minha comoção com o drama do casal.
Camryin Marybeth Bennett apesar de ter somente 20 anos e ter terminado o ensino médio, já teve a sua cota de dramas totalmente preenchida. Há um ano ela perdeu o seu namorado, Ian, em um acidente de carro, depois o seu irmão foi pego dirigindo bêbado e matando uma pessoa no trânsito, seus pais se divorciaram, e ainda, o namorado de sua melhor amiga, decidiu dar em cima dela e Cam acabou saindo como a piriguete da história! É ou não é muito drama e problemas para uma adolescente? Com tudo isso acumulando nos seus ombros, Cam decidi pegar o primeiro ônibus interestadual para fora dali e viver a sua vida sem nenhuma amarra com a sua cidade natal. Numa das paradas da estrada, ela conhece Andrew Parrish que vem a ser tornar seu companheiro de viagem. Andrew é aquele cara descolado, gato, mas que também carregava a sua cota de segredos e mistérios. O que ambos têm em comum é a vontade de viver a vida da maneira mais intensa possível sem ter que ficar dando satisfações para terceiros. Enquanto Cam esta viajando sem um destino certo, Andrew decidiu fazer aquela viagem para visitar seu pai, que estava num estado avançado de um tumor cerebral.
De imediato senti a química se formando e tornando-os perfeitos companheiros de crimes, prontos para explorar os quatros cantos do mundo. Toda a sua jornada na estrada foi guiada pelo melhor do Rock Clássico, como Rolling Stones, Bad Company, Kansas, etc. No meio do percurso, dá para reconhecer e até se divertir com a presença e a boca suja de Andrew que fizeram com que Camryn enfrentasse seus medos, a se impor e realmente descobrir quem ela é e o que quer de sua vida. Mas, quanto eu mais eu descobria sobre Cam, menos eu sabia o que se passava com Andrew. Muitas vezes a sua postura e seus mistérios me tiravam do sério. Eu queria mais drama, problemas, ciúmes, algo que levantasse a poeira deste casal. Mas toda a bomba só veio a estourar nos últimos capítulos tudo sendo tão rápido e de fácil resolução quanto a velocidade de um carro numa pista da fórmula 1. Como eu acabei descobrindo que vai ter um livro dois, talvez no próximo volume todo o enfoque seja no Andrew e finalmente faça justiça a todo o drama que poderia ter sido mais desenvolvido neste.
Não é lá um livro leve e nem penso, num minuto, em fazer a mesma coisa que a protagonista. Onde já se viu viajar com somente um PAR DE SUTIÃ? Apesar deste pormenor, Cam e Andrew são personagens totalmente humanos, que cometem erros e estão tentando a todo custo fazer o seu próprio destino e viver plenamente cada momento das suas vidas.
XOXO
Mia Fernandes.