@wesleisalgado 19/05/2023A frustração também vai ser infinita A primeira vez em que ouvi falar de GRAÇA INFINITA e DAVID FOSTER WALLACE foi lá por 2016 ou 2017 quando assisti pela primeira vez o ótimo filme O FIM DA TURNÊ. Onde é encenada a última semana de divulgação do referido livro, com um repórter e o escritor.
A partir daí uma inundação sobre a obra em séries, livros e filmes ocorre em todo lugar, quando você passa a saber do que está sendo tratado. E lá fui eu esse ano me arriscar com esse livro, porque eu AMO calhamaços e NUNCA deixo um livro sem terminá-lo. Mas se eu conseguisse cometer tamanha heresia, com certeza teria sido aqui.
É um livro que te consome e não existe recompensa no final. Foram quase cinco meses de leitura, e eu só consegui ir adiante munido de uma infinidade de material suplementar, diagramas, podcasts. E mesmo assim eu muitas vezes me esquecia da “trama” e dos próprios personagens.
Absolutamente nada é explicado, e não de um jeito elegante, tipo não subestimando o leitor. O autor não faz questão nenhuma, é como se tivesse sido escrito só pra ele e tá tudo certo. O livro não está sequer na ordem cronológica e o final acontece fora das páginas. (Quê??) Não me acho pouco inteligente, mas realmente não consegui enxergar o brilhantismo no qual a obra é enviesada. Eu não entendi nem a referência a Hamlet na tradução do título, quem me mostrou foram os podcasts.
COMO EU LI: como me propus a consumir muito material sobre o livro durante a minha leitura, eu ignorei as 380 notas de rodapé, e as li somente no final. Se você se arriscar na leitura, NÃO FAÇA ISSO, existem linhas narrativas importantes inteiras nas notas de rodapé.
MATERIAL SUPLEMENTAR: a maioria do material está em inglês, o que é uma pena para quem não entende. Indico o podcast sobre o livro do canal OVERDUE e um canal exclusivo para quem vai se arriscar a ler o livro, que acompanha e desmistifica a história junto com você em 20 episódios, chamado JEST FRIENDS. Existe também um episódio no canal da Companhia das Letras com o Daniel Galera e o Caetano W. Galindo, o próprio tradutor do livro em português, falando sobre a importância do livro e do trabalho hercúleo que foi traduzi-lo. Todos citados acima eu encontrei no SPOTFY.
QUAL LIÇÃO EU TIREI: em tempo a deixar a leitura de O ARCO-IRIS DA GRAVIDADE para o próximo ano, um calhamaço que dizem ser incompressível perto de GRAÇA INFINITA, esse último beirando ao didatismo em comparação ao outro.
Gigante, desafiador, frustrante, cansativo, uma fonte minúscula, 1140 páginas, 380 notas de rodapé, notas de rodapé que continham notas de rodapé...Fico feliz de como leitor ter me aventurado e persistido, mas é um livro ao qual eu nunca mais pretendo retornar sequer para pensar sobre ele e o qual não vejo nenhuma razão para recomendar para alguém. Se você, como eu, é do tipo começou vai terminar, pelo amor de Deus, passe longe de se arriscar. As três estrelas são pela minha persistência.