Su 18/11/2018
A rainha vermelha é o segundo volume da série A guerra dos primos. Porém, ao invés de ser uma continuação do anterior, A rainha branca, é a apresentação da mesma história, contada sob o ponto de vista de Margaret Beaufort, parente de Henrique VI.
Desde pequena, Margaret possui um ardente desejo de tornar-se santa. Ela, até mesmo, segue as horas litúrgicas, ora com os joelhos diretamente no chão e faz jejuns periodicamente. Após ouvir, de um soldado voltando da batalha, sobre a forma como Joana d'Arc, sendo apenas uma menina, conduziu os franceses em sucessivas vitórias contra os ingleses e como todos acreditavam que ela, realmente, ouvia a voz dos anjos, Margaret passou a acreditar que também havia sido escolhida para fazer a vontade de Deus.
Sua mãe a conduz em uma viagem até Londres, a fim de apresentá-la ao Rei Henrique VI. Além disso, sua mãe também pretende pedir o cancelamento de seu noivado com João de la Pole. Margaret se revolta ao ser informada, que mesmo com o cancelamento do noivado, não poderia ingressar em um convento, pois seria dada em casamento a outro homem, alguém escolhido pelo Rei. De acordo com sua mãe, sua obrigação é gerar um sucessor para a Casa de Lencastre, nada mais.
Ao chegar em Londres, o cancelamento de seu noivado é tão rápido que ela apenas é autorizada a confirmar seu assentimento. O Rei Henrique VI dá a guarda de Margaret a Edmundo e Jasper Tudor, seus meio-irmãos. Como tem apenas nove anos, é necessário que se espere até que ela complete doze anos para poder se casar com Edmundo Tudor, o mais velho dos dois.
Como já havia sido provado em A rainha branca, Philippa escreve sobre acontecimentos históricos de forma primorosa. Margaret, confesso, é uma personagem difícil de se afeiçoar. Ainda assim, suas ações são justificáveis sendo ela uma peça a mais no jogo politico da época. Principalmente, por ser mulher e por sua pouca idade no inicio do livro, nada pode decidir por si mesma, tendo que sujeitar-se a decisão dos demais. No entanto, ao receber algum poder, ao longo da narrativa, vemos que é uma estrategista formidável e que fará de tudo para colocar seu filho no trono da Inglaterra.
“— Eles vão deixar-vos visitá-lo — afirma ele num tom consolador.
-—Mas sois vós quem vai ficar com ele. Suponho que o sabíeis. Suponho que vós todos haveis planejado isto em conjunto. Vós, a minha mãe, o meu padrasto e o meu futuro marido idoso.
Ele baixa os olhos para o meu rosto lavado em lágrimas.
— Ele é um Tudor - diz cautelosamente. — Filho do meu irmão. O único herdeiro do nosso apelido. Não podíeis ter escolhido ninguém melhor para cuidar dele do que eu.
— Nem sequer sois o pai dele — digo eu irritada. — Porque é que ele há-de ficar convosco e não comigo?
— Senhora minha irmã, vós própria sois pouco mais do que uma criança, e vivemos tempos perigosos.”