Memórias do cárcere

Memórias do cárcere Graciliano Ramos




Resenhas - Memórias do Cárcere


47 encontrados | exibindo 31 a 46
1 | 2 | 3 | 4


Mi Ramos 05/02/2017

O livro é bom.
O livro é bom e sua narrativa flui muito bem. O personagem que narra sua experiência tenta ser imparcial, mas é óbvio que isso é bem difícil porque se trata de um momento autobiográfico e por isso mesmo tende a ser subjetivo. Julgo ser importante fazer uma leitura sobre o cenário político no qual se encontrava o Brasil. Além de sua narrativa fluída o autor nos enlaça porque mostra muito dá natureza humana em um ambiente hostil. Não há a polarização das pessoas em boas e más, há atitudes que eles tomam e julgam ser boas ou más. Acredito que o cotidiano carcerário dos dias atuais destoa um pouco do descrito pelo autor, mas esses registros são importantes para a história e para nós como seres humanos. O livro é ótimo, intenso, faz você se perder no tempo assim como o personagem. O ambiente abafado, a comida indigesta, as noites mal dormidas devido a vigilância, o medo, a preocupação. Apesar do número de páginas parecer desafiador é muito tranquilo de se manter um ritmo e estabelecer uma meta. Fiquei pesarosa pelo fato de que ele veio falecer antes da finalização da obra e particularmente senti falta de um final de fato, mas nada que me desistimulasse a indica-lo. A tensão psicológica do personagem também te deixa tenso, a falta de resposta para as perguntas mais simples que não lhe são dadas (as vezes nem ele é por consequência nós ficamos sem respostas) nos faz meditar. A preocupação dele com a família fora, sem saber como estão também nos atingi, ele não dá respostas para o leitor até mesmo porque ele próprio está cheio de questionamentos. Ótima leitura, vale a pena, recomendo.
comentários(0)comente



Vittor Az 25/08/2016

Fantásticas idas e vindas
Chega uma hora que não se sabe se a sensação descrita no trecho ocorre no momento em que o autor escreve, ou à época da vida que ele narra ou a um momento anterior ao do cárcere.
De fato, memórias. Muitas vírgulas onde outros escritos inseririam pontos, como se se lembrasse e fosse escrevendo à medida que vinham as reminiscências.
Fantásticas descrições de sentimentos, ações e reações verbais e físicas do ser humano. E o fato de ele procurar colocar-se numa posição imparcial durante toda a obra, o faz observar bem as características dos dois lados, sejam quais forem eles.
Linguagem e vocabulário agradáveis, repetições (já confessadas no início da obra) positivamente angustiantes e estruturas sintáticas também aprazíveis, sem requintes.
comentários(0)comente



Heron 19/04/2016

Recordação eterna
Li este livro com 12 anos. Já se passaram 27. A história vivida pelo comunista Graciliano, mais do que comover, ensina-nos. à preciso conhecer o passado, principalmente o passado feio, para não repeti­-lo. Uma história viceral.
comentários(0)comente



Jana 29/10/2014

Descobri ''Memórias Do Cárcere em uma das passagens do livro Olga que se citava Graciliano vagando pelas celas com o caderninho debaixo do braço. Caderninho este que viria a se transformar em memórias do cárcere, sem rodeios, exageros ou omissões a rotina forçada destinada aos presos políticos, é muito bom, ver esse período pela visão de alguém que sofreu repressão e não somente pelos livros de história.
comentários(0)comente



Mary D. 21/09/2014

Com certeza um dos livros que tive mais dificuldade em ler. A linguagem usada por Graciliano é muito complicada, foi preciso muita concentração para concluir este livro, não era somente ler, mas analisar cada parágrafo, nessa leitura tive que deixar o hábito de ler no ônibus de lado, passei a ler quando estava sozinha ou de madrugada para compreender e acompanhar a história. Falando primeiramente da experiência de leitura deste livro, com certeza, aprendi a refletir mais profundamente sobre o que era lido, fugindo um pouco das minhas leituras habituais, em que a linguagem é mais fácil e a leitura flui com mais rapidez.

A história é narrada em primeira pessoa pelo próprio Graciliano Ramos, relatando os acontecimentos que vivenciou nos meses que passou na prisão, acusado de ter ligações com o Partido Comunista. O autor relata não somente o que acontecia com ele nesse período, mas também com os outros presos. No mesmo período em que esteve no Pavilhão dos Primários da Casa de Detenção no Rio de Janeiro, estiveram presos a militante comunista alemã e de origem judaica Olga Benário, que foi entregue pelo governo brasileiro ao governo alemão em 1936, nesse período estava grávida; o militar e comunista brasileiro Luís Carlos Prestes, companheiro de Olga; Rodolfo Ghioldi, político e comunista argentino, dentre outros. Além do Pavilhão dos Primários, Graciliano também passou pela Colônia Correcional de Dois Rios na Ilha Grande. Antes de ser mandado para a Colônia Correcional, de dentro do Pavilhão ele publicou uma de suas obras de maior destaque, Angústia, com a ajuda de amigos, como José Lins do Rego. Graciliano foi solto em janeiro de 1937 e Memórias do Cárcere foi publicado em 1953, após sua morte, o livro não conta com o capítulo final, já que Graciliano morreu antes de escrevê-lo.

Apesar da linguagem difícil, o livro é muito bom, ver esse período (Estado Novo) pela visão de alguém que sofreu repressão e não somente pelos livros de história é ótimo para entender o contexto histórico. Recomendo.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Bruno Oliveira 08/01/2014

Algumas impressões sobre Memórias do cárcere
Sempre considerei Graciliano Ramos um escritor difícil: suas palavras duras e retilíneas expressavam pensamentos sem curvas nem beleza, que sem me causar qualquer empatia, retratavam “coisas” viscerais, todavia, mesmo hoje, depois de terminar meu terceiro livro dele, continuo sem saber exatamente que coisas eram essas. Honestamente, não sei ao certo o que aprendi com Graciliano Ramos e ignoro se gosto do que ele escreve ou não, se me reconheço em alguma coisa do que diz, se são interessantes os seus livros, sua falta de encantamento com o mundo, ignoro tudo isso; sei apenas que quero saber mais de suas obras e que há algo de fascinante em sua prosa ou em sua pessoa que me seduz, mesmo que eu não possa entendê-la bem

A primeira impressão que tive ao ler Memórias do cárcere foi que mesmo num livro autobiográfico Graciliano era tão árido quanto nos seus livros de ficção. Assim, suponho que não exista em sua literatura uma diferença significativa entre sua produção como romancista-novelista, e sua escrita no tocante àquilo que seja diferente disso. Contrariando todas as receitas prontas de nossos manuais de redação, Graciliano escreve um romance tal como escreveria uma carta, um relatório ou poema, uma vez que ele não é um escritor compondo obras literárias mas é ele próprio sua literatura, é sua pessoa e não uma figura literária e imaginativa que surge em São Bernardo, Vidas Secas ou qualquer outro.

Minha segunda impressão foi notar a forte concretude dos personagens descritos, melhor dizendo, a maneira como eram tecidos sem que para tal se recorresse a elementos psicológicos ou conceituais que explicassem uma pessoa através de recursos predominantemente intelectuais. Todos os “personagens” da obra são apresentados sem que haja grandes divagações a respeito do que pensam ou de como se constituem internamente. Graciliano evita abstrações e tentativas de adentrar no mundo dos conceitos para assim explicar o mundo concreto, na verdade, aí reside um dos aspectos mais complexos do livro: o fato de que ele jamais sai dessa concretude infeliz e sórdida. Por sinal, mesmo quando o autor faz alusão à literatura, que poderia ser o espaço o espaço da imaginação e da liberdade, ela jamais aparece como um momento de desprendimento do mundo – nunca há desprendimento; apenas o contato frio e constante com as coisas do mundo, que não respeitam nossa interioridade e agridem-nos todo o tempo com sua insistência em existir.

Enquanto Machado ou Clarice, por exemplo, divagam, fogem e voltam ao mundo segundo seus humores para lhe observar segundo um novo ângulo descoberto fora da realidade imediata, Graciliano mal usa palavra “mundo” já que ela parece indicar um limite entre o que existe e o que pode existir, entre o real e o possível. Em suas retinas castigadas as coisas simplesmente são e estão, sendo fútil o questionamento a respeito de como poderiam ser, ou qual “deveria” ser “nossa” postura perante os fatos. Não há possibilidades, não há esperança e nenhuma coisa tem valor senão por aquilo que é. Para esse alagoano triste, impera o determinismo agressivo e mortificante do dia a dia.

Se me expressei suficientemente, devemos conceder que esse deve ser, talvez, o livro mais ateísta do mundo.

Essa concretude absoluta em que Memórias do cárcere está produz algumas características notáveis na escrita. A princípio, as cenas em que o autor descreve suas sensações (sobretudo o nojo), por exemplo, são poderosíssimas e viscerais. Ser literal, nada mais que literal dá muito poder às descrições de um negro coçando seus testículos, ou da comida ensebada das prisões de Getúlio Vargas, sendo que essa nudez literária é mais forte que qualquer tergiversação ou recurso de estilo que o autor pudesse empregar. Ademais, isso permite ao escritor aborda temas sociais sem recair numa visão científica ou filosófica do assunto, como se poderia esperar em algum momento, que produz resultados que parecem simples e óbvios, mas que jamais chegaríamos por nós mesmos – estamos intoxicados por demais de teorias e discursos prontos, ao passo que em sua escrita há uma visão das desgraças que vem diretamente de uma experiência sentida nas profundezas da pele, daquilo que ele e o leitor podem confirmar apenas respirando, sentindo o cheiro do sangue e do pó espalhados no ar, o escândalo faceiro diante de nós. A exemplo disso, a parte dedicada ao ladrão Gaúcho é ótima, pois Graciliano nunca olha seus personagens a partir do conforto do conceito, por conseguinte, vê e ouve naquele momento um sujeito que pratica ações condenáveis, que não se enxerga longe dessa vida e a vive sem remorsos, de uma maneira que nós, que temos tanto orgulho de nossa cultura, jamais poderíamos: como um ser humano igual a si mesmo e aos demais, outra vida se agitando debaixo da bota do tempo, fazendo aquele imenso esforço para existir e gozar que, por si só, já contém alguma dignidade.

Por fim, tenho a impressão de existir certa semelhança entre a escrita de Graciliano e de Camus. Pensando bem, creio que ambos se situam num tipo de pessimismo que antecede qualquer valor, seja moral ou intelectual e contamina os seus corpos, com efeito, malgrado possa ser interessante, nunca é plenamente agradável ler qualquer um dos dois: são anomalias literárias que não escondem seu caráter aberrante. Como diria Carpeaux, o alagoano é: ”o maior pessimista dessa literatura de pessimistas que é a brasileira”. Quanto a Memórias do cárcere, sinto que o expediente do livro é como um passeio num museu repleto de molduras vazias, de espaços ocos nos quais esperamos encontrar beleza e beleza ali não há; mas o vazio está lá escancarado, a ausência é perceptível e somente nos movendo por essa falta, por essa precariedade absoluta é que podemos ir de encontro ao autor. É lindo, e profundamente deprimente de um modo que não inventaram ainda uma palavra que abarque como.

Veja no blog: http://aoinvesdoinverso.wordpress.com/
Leonardo 21/06/2015minha estante
Não compreendi a atribuição de valor tão baixa...rs


Bruno Oliveira 06/07/2015minha estante
Eu percebi algumas coisas a respeito do Graciliano através do livro, mas não creio que seja uma boa obra.

Acho que ela se resume a uma repetição enfadonha de descrições, em que cada dia é apresentado sem nenhuma perspectiva interessante, seguido de outro e de outro. Foi uma leitura muito cansativa para mim que me trouxe bem pouca coisa, é como se a literatura nunca chegasse.




raphahass 11/07/2013

Apenas Citações do Livro
Capítulo 13
"Somos grãos que um moinho tritura - e ninguém quer saber se resistimos à mó ou se nos pulverizamos logo."
comentários(0)comente



Carla Martins 02/01/2013

Para aprender sobre o Brasil
"Resolvo-me a contar, depois de muita hesitação, casos passados há dez anos”.

Assim Graciliano Ramos começa a escrever Memórias do Cárcere, o primeiro livro desse estilo que eu li. Sua prisão aconteceu durante o Estado Novo e é narrada, dez anos depois, de uma maneira real, fiel e sem censuras nem exageros.

O livro é amargo, duro, seco. Porque a vida dele naquela época difícil, bem como os acontecimentos vividos também foram amargos, duros e secos. Adorei o livro e, apesar de tê-lo lido há muitos anos, lembro exatamente do impacto que me causou. Em algumas edições, ele possui quatro volumes, mas, no meu caso, possuo um com dois volumes apenas.

Recomendo muitíssimo o livro, até para entender um pouco sobre essa época do nosso País. Para mim, foi bem importante, já que havia lido muito sobre a ditadura militar, os atos institucionais, a prisão e tortura de jornalistas, mas pouco sabia sobre o Estado Novo.
comentários(0)comente



Carlos 25/12/2012

Livro muito bom para quem quer saber um pouco mais sobre a história de Graciliano Ramos,sua filiação como partido Comunista,e tudo o que ele passou durante a Era Vargas,na ditadura do Estado Novo!
comentários(0)comente



Arsenio Meira 25/08/2012

Leitura inesquecível. Uma porrada. Um retrato do nosso país, o drama de um homem público íntegro, um intelectual honesto, um grande e invencível escritor.
Arsenio Meira 09/08/2013minha estante
É verdade, Felipe. Às vezes pesa um pouco, mas é um painel fiel de um fato grave que marcou não só Graciliano, mas diversas pessoas que pensavam diferente. Toda e qualquer ditadura é a morte de tudo. Concordo contigo também. O "Memórias" merece 5 estrelas. Abraços




Rita 27/04/2012

Li quando estava na escola para trabalho com nota. É um apanhado de idéias e da política em que vivia o Brasil em 1.930. É cansativo, só li mesmo para nota.
comentários(0)comente



Gy Sousa 14/02/2012

Memórias do Cárcere
Assim a essência do livro até que é legal, mas como a maioria dos livros mais antigos a linguagem é bastante rebuscada o que faz os leitores mais jovens não se identificarem muito com esses tipos de livros porque não conseguem entendê-lo, mas como eu disse sua essência é muito interessante.
Rafael 14/04/2012minha estante
A linguagem não é tão rebuscada, são poucas palavras 'difíceis' e estas se repetem bastante.E o livro é não é ''antigo'' (1953)... Com esta resenha parece que você está falando de ''Auto da Barca do Inferno'' de Gil Vicente. (1517) Sobre a essência, tudo certo.




cfsardinha 14/07/2011

Esse livro é como uma metáfora da tirania. Quer dizer, fala sobre acontecimentos trágico-políticos, nos quais o personagem se envolveu, e sem saber por quê, tenham servido para quê sua visão de mundo pendesse para a certeza da dramaticidade. É um livro altamente biográfico que fala das misérias, torturas e degradações perpetradas pelo chamado Estado Novo. Esta obra também faz parte do movimento que chamamos de realismo.
comentários(0)comente



Accioly 19/06/2010

Uma Pancada Necessária
A sua vida está uma maravilha? Sem problemas para resolver? Então é chegada a hora, pegue seu Memórias do Cárcere (e seus gigantescos dois volumes, quatro dependendo da edição) e prepare-se para receber um relato cru e indigesto sobre a experiência de Graciliano Ramos entre os presos políticos (e comuns) da Era Vargas. Este, sem dúvida, é o grande mérito da obra: mostrar sem rodeios, exageros ou omissões a rotina de ociosidade forçada destinada aos presos políticos. Em certos trechos do relato, o leitor será contagiado pelo tédio reinante; em outros, ficará angustiado com o ambiente insalubre e claustrofóbico descrito pelo autor (confesso que quase abandonei o livro durante a incômoda descrição da viagem no porão do navio-prisão Manaus).

Ora, por que ler um livro que traz à tona sentimentos tão ruins? Em primeiro lugar, há de se reconhecer a precisão do autor em passar aos leitores exatamente estes sentimentos. Em segundo, o relato nos mostra como a vida de pequenas e simples pessoas pode ser duramente afetada por arbítrios governamentais se não se garantem direitos básicos ao indivíduo. A construção desta memória é importantíssima para evitar que no futuro pessoas sejam presas, submetidas à agruras sem sequer serem acusadas formalmente por algum crime. Acredito que quanto mais brasileiros tiverem acesso à estas memórias do cárcere, mais afastados estaremos de aventuras autoritárias.
Toni 11/08/2009minha estante
ainda não li as memórias do ramos, mas lembro que enquanto lia o texto-mais-ou-menos de 'Olga', a única parte que realmente me emocionou foi Graciliano Ramos, coadjuvante, perambulando pelas celas com o caderninho que se transformaria nas memórias do cárcere debaixo do braço. desde então sou doido pra lê-lo, mas a oportunidade ainda não chegou. =D excelente resenha, siñor. ambas o são, verdade seja dita. =D


Professor_estudante 13/09/2011minha estante
Faz tempo que li esse livro, e foi somente o 1º volume, mas gostei muito. Muito boa a resenha.




47 encontrados | exibindo 31 a 46
1 | 2 | 3 | 4