Gustavo M.D. 30/05/2017
Lagostrosidades?
A Escolha dos Três, de Stephen King, continua a saga “A Torre Negra”, iniciada em O Pistoleiro, A Escolha dos Três foi escrita em 1986, muito tempo depois de O Pistoleiro, e assim continuamos a acompanhar Roland em sua viagem excruciante.
Depois de Roland encontrar o Homem de Preto no último livro e ter sua sorte lida ele sabe que terá de encontrar três pessoas importantes (entre outros, mas só três neste livro), o três que ele encontrará neste livro são o Prisioneiro, a Dama das Sombras e o terceiro será a Morte.
Depois de mostrar que completo desapego à integridade física de seu personagem principal, Stephen King chuta o balde e começa à nos mostrar porque suas histórias são repletas de realidades alternativas: Roland é ferido em uma batalha que é o antônimo de épica, seja lá qual for, contra lagostas gigantes com bicos de papagaio. Ele fica doente e sangrando, mas mesmo neste estado encontra uma porta na praia em que caminha. Fisicamente esta porta não leva à lugar nenhum, é apenas uma porta sem paredes ou construção em volta, mas Roland descobre que pode atravessar a porta e “possuir” uma pessoa em nosso mundo, e esta pessoa é o Prisioneiro, Eddie Dean, que é um prisioneiro de seu próprio vício por heroína.
Roland ajuda Eddie, de seu jeito, e descobre que pode transportar Eddie fisicamente até seu mundo. Quando estão juntos e decidem serem companheiros na busca de Roland eles andam até encontrar mais uma porta assim como a de Eddie, mas esta é a porta da Dama das Sombras. Depois de descobrirem quem é a Dama das Sombras, Roland também à trás para seu mundo, sendo que ela é uma bela mulher negra com ambas as pernas amputadas e duas personalidades, chamadas Odetta e Detta.
Quando viajam até a terceira porta Roland descobre que ela leva até um homem chamado Jack Mort, ele é a morte, mas Roland não o trás para seu mundo, ao invés disso matando-o por ele ser um assassino psicopata, e no processo fazendo a Dama das Sombras desenvolver uma terceira personalidade; Susanah.
Vou analisar estilo podcast: A trama deste livro é bastante fraca, ele é apenas uma super previsão dos livros seguintes, ou seja, Roland juntando seus companheiros para sua missão épica, portanto são basicamente três arcos de histórias representando os três que ele procura, assim como o arco de história que une todos enquanto Roland tenta sobreviver em seu mundo, os arcos se relacionam mas não possuem muito roteiro, servem apenas como apresentação de quem são os personagens.
Anteriormente eu resumi muito bem a história, sem a complexidade desnecessária que King deposita em seus personagens. Eu me pergunto porque ele descreve tantos pequenos detalhes dos personagens secundários e terciários, ele chega à uma profundidade de personagem principal só para falar de um garçom que serviu alguém. Gosto do nível de descrição dos personagens principais, difícil maior profundidade psicológica do que a que King exprime em seus personagens principais, mas realmente me entedio quando ela se estende à figurantes, parece que ele está querendo preencher páginas.
A escrita de King é cansativa em muitos pontos, pontuando muitas partes com descrições pesadas, delírios e sonhos, assim como devaneios malucos. Nunca achei a escrita de King muito boa, mas ele está em uma de suas piores formas neste livro. As partes da vida de Detta/Odetta são parágrafos e mais parágrafos de baboseira sem objetivo. Ao mesmo tempo King tenta inserir tantos detalhes e descrições de Jack Mort tentando criar uma atmosfera negativa em volta do personagem que comecei a simpatizar com o personagem só de teimosia e desgosto com a atitude de King.
A leitura é fluída em alguns pontos e travada em outros, as vezes eu lia dezenas de páginas em alguns minutos e cheguei à ficar emperrado por dias em um punhado de páginas, tamanho cansaço sentia em lê-las. King é um escritor muito irregular, nunca consegue escrever livros iguais aos próprios, e as vezes muda de estilo dentro de um mesmo livro, e foi isso que senti um pouco em A Escolha dos Três.
Achei o Pistoleiro melhor do que a Escolha dos Três, vamos ver como As Terras Devastadas continua esta saga.
Curiosidades: Roland fala que em sua infância viu o Homem de Preto transformar um homem em um animal, isto é uma referência ao livro “Os Olhos do Dragão”, que se passa no mesmo mundo da Torre Negra. As lagostrosidades são similares à monstros de “A Névoa”, e Eddie faz referência ao filme do “Iluminado”. Foram as que consegui achar, mas parecem haver outras referências à livros do Stephen King.
site: http://www.grifonosso.com/2011/09/review-a-escolha-dos-tres/