NoronhaDT 04/03/2020
A Recompensa dos Três
Após o enfadonho, confuso e esquisito O Pistoleiro, finalmente me vi livre para seguir adiante na saga de Roland de Gilead em sua busca pela Torre Negra. O primeiro volume dessa saga possui uma narrativa estranha, que em nada se parece com o que estamos acostumados em relação a Stephen King, mas que ainda assim, agora percebo, serve como um bom volume introdutório para aquele universo.
O sentimento que vem após a dificuldade em ler o bom, porém mal escrito, O Pistoleiro, e a experiência de ler este segundo volume da obra é o que dá título a essa resenha. A Escolha dos Três é uma recompensa, é um presente para você que passou pelo volume inicial e insistiu na história de Roland.
Aqui vemos a narrativa característica do Stephen King; o aprofundamento detalhado e o desenvolvimento de personagens que são sua marca registrada; um escritor muito mais experiente e segundo ele próprio, sem a grande influência da forma acadêmica de escrita que era exercida sobre ele à época em que escreveu O Pistoleiro. Aqui vemos Stephen King como o Stephen King que conhecemos.
Seguimos a história de Roland imediatamente (ou quase) após os acontecimentos do primeiro volume, e a função deste segundo basicamente é apresentar os novos personagens ao leitor, os três escolhidos que formarão o "Ka-tet" de Roland. E que personagens. A profundidade presente em cada um, os limites e regras criados pelo autor para aquele universo como recurso de narrativa, a paciência com que a história é desenvolvida, tudo isso enriquece demais este volume e faz você ter a sensação de estar lendo uma obra legítima do mestre.
De uma forma geral, A Escolha dos Três, após terminá-lo, me pareceu muito mais como a verdadeira introdução da saga, o que também fez o livro anterior parecer algo similar a um prelúdio. Aqui é estabelecido quais são as motivações e a personalidade de cada personagem (ainda que isso seja muito melhor desenvolvido nos próximos volumes), um pouco como funciona aquele universo e serve de um excelente ponto de partida para a jornada de um grupo de pessoas que embora de mundos diferentes, compartilham do mesmo objetivo agora: achar A Torre.
Caso você tenha paciência o suficiente para chegar ao fim de O Pistoleiro e seguir adiante, assim como o mundo seguiu, você será recompensado com esse maravilhoso livro, que te faz querer devorar o próximo logo em seguida.