O Senhor March

O Senhor March Geraldine Brooks




Resenhas - O Senhor March


29 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Rodrigo1001 22/03/2024

Não julgue um livro pela capa (Sem Spoilers)
Título: O Senhor March
Título original: March
Autora: Geraldine Brooks
Editora: Ediouro
Número de páginas: 304

Vencedor do Pulitzer de Ficção de 2006, este livro ficou estacionado na minha estante por um longo tempo.

Estaria mentido se dissesse que isso aconteceu por qualquer outro motivo que não fosse por sua sofrível e horrorosa capa, que mais parece ter sido produzida por um aspirante a designer através do mais espartano dos softwares de computação e com a mesma inspiração das capas dos romances de banca de jornal dos anos 70 (lembrou das revistinhas Sabrina, Julia e Bianca? Bingo!)

Assim, após uma reprogramação mental total e mediante intensa repetição do mantra "não julgue um livro pela capa", consegui vencer meu próprio preconceito, dando vazão à leitura.

O resultado? Poucas vezes me senti tão feliz em vencer um preconceito!

O livro é, sem sombra de dúvida, merecedor do Pulitzer e um deleite em si.

Mesmo sabendo que minha resenha acrescentará pouco brilho ao conjunto de prêmios que o livro recebeu, posso te dizer que este é um belo romance, um clássico moderno. Se você gostou de "Little Women", de Louisa May Alcott, sugiro que avance para o próximo nível lendo este livro. Esteja preparado, no entanto, já que, ao contrário de "Little Women", que pinta um quadro mais bonito da era da Guerra Civil, este livro está repleto de grave crueza e dilema moral que reflete com mais precisão este período da história. Brooks faz justiça ao tema criando uma versão adulta crível dos personagens, ao mesmo tempo que se mantém fiel ao enredo do romance atemporal de Alcott - enquanto "Little Women" oferece a perspectiva de meninas inocentes protegidas das vulgaridades da guerra, neste livro os dilemas morais e as tragédias da era da Guerra Civil são flagrantes e assustadoras.

O personagem principal, Sr. March, é o que gosto de chamar de progressista imprudente, um idealista. Pregador vegetariano, ele coloca seus ideais e aqueles que busca salvar antes de si mesmo e de sua família. Embora nobre, é imprudente e, como descobrimos, um receptáculo de culpa.

Embora a Guerra Civil seja muitas vezes imortalizada nas mentes dos norte-americanos como uma guerra pela libertação da escravatura, muitas vezes esquecemos que esta liberdade teve um custo enorme para todos, incluindo os escravos. Como todas as guerras, tendemos a esquecer estes custos e a lembrar apenas da glória e do heroísmo da vitória. Em "O Senhor March", somos lembrados do conflito, do acaso e do custo físico que ela acarretou.

De um outro prisma, também não pude deixar de pensar em como a história se repete. Uma guerra aleatória, em nome da liberdade, aparentemente sem um plano definido... soa familiar pra você?

Desconsidere capa e leia. Será uma jornada dolorosa, mas extraordinariamente significativa.

Leva 4 de 5 estrelas.

Passagens interessantes:

"Se um homem deve perder sua fortuna, é bom que já tenha sido pobre antes de adquiri-la, pois a pobreza exige aptidão." (pg. 127)

"Sempre imaginei o paraíso como algo parecido com uma biblioteca." (pg. 26)
Débora 22/03/2024minha estante
Como sempre, suas resenhas são incríveis, Rodrigo! Adorei e já quero esse livro!


Rodrigo1001 23/03/2024minha estante
Obrigado, Débora! Depois me diz o que achou, tá? Abraço!


Débora 23/03/2024minha estante
Combinado!?


Tana 15/04/2024minha estante
tenho esse na prateleira!! colocando na fila de leituras!


Rodrigo1001 15/04/2024minha estante
Que responsabilidade! Espero que vc goste, Tana.


Tana 16/04/2024minha estante
Depois te conto!! tenho um projetinho de leitura para os Pulitzer!




Ket 14/04/2020

Um romance histórico sobre a Guerra da secessão americana, onde a autora pega emprestado um personagem de Louisa May Alcott e o transforma em protagonista. Nesse livro vamos acompanhar a história do Sr. March, o pai das "mulherzinhas" de Alcott, durante seu trabalho como Capelão das tropas nortistas em avanço sobre o Sul. Através do olhar abolicionista dele, a autora nos oferece um relato mais verdadeiro, pesado e triste sobre as condições a que eram relegados os negros "de espólio" depois que eram "libertados" pelas tropas da União.

É um livro acurado historicamente, bastante sensível e que vai obrigar o personagem a enfrentar os próprios defeitos e falhas de caráter ao se expor ao sofrimento bárbaro da guerra. Indico bastante para quem gosta do assunto ou queira entender melhor o contexto em que os personagens de Alcott viviam.


raissa.pinto.9 14/04/2020minha estante
Tenho esse livro parado há um tempão..


Ket 14/04/2020minha estante
É muito bom, Raissa! Achei bem interessante a Geraldine dar vida a um personagem emprestado. Só acrescenta ao trabalho da Alcott!




Higor 13/05/2023

"LENDO PULITZER": sobre leituras surpreendentes
Eu me protegi, inexplicavelmente, de todos os motivos possíveis para não ler "O senhor March", mesmo sendo vencedor (muito merecido, não temo em dizer) do Prêmio Pulitzer de Ficção de 2006, e no final, esta se tornou uma das leituras mais extraordinárias dos últimos meses.

O primeiro motivo era que eu não lera "Mulherzinhas", de Louisa May Alcott, livro-base para fazer de "O senhor March" seu spin-off, e também achei, inicialmente, uma imprudência da autora, Geraldine Brooks, escolher um personagem masculino para ser, justamente, seu protagonista, quando "Mulherzinhas" é conhecido e importante justamente com o papel feminino na história e no contexto em que se encontra.

Outros motivos menores ainda me defendiam para não começar tal leitura: eu encarei recentemente um livro sobre o assunto, a Guerra Civil Americana, e poderia ficar saturado do tema; e a edição da Ediouro era pouco convidativa. Acontece que, lendo aleatoriamente o início de vários livros, vi-me preso em "O senhor March" de tal forma, que quando percebi, eu já tinha passado de 30 páginas e queria mais. Preconceito dos mais bobos, eu reconheço.

Pois bem: a autora escolheu o senhor Robert March, um estudioso e ministro que decide participar da Guerra Civil Americana como capelão, para contar sua história, pois o personagem aparece brevemente no começo de "Mulherzinhas", quando deixa a família para encarar os desafios da guerra, voltando no final para se unir a elas. Essa lacuna é o ponto de partida de Geraldine Brooks, que, curiosa, decidiu ela mesma preencher, e depois da leitura, eu vejo como um trabalho de sensibilidade, cuidado e inteligência muito rebuscadas e pouco vistas por aí no mundo literário.

E o cuidado e bom senso para a composição do livro e do personagem não param: sabendo que as personagens de "Mulherzinhas" foram inspiradas na própria autora e suas irmãs, Brooks faz o mesmo em criar a vida de March, então fez todo um estudo criterioso sobre a vida do pai de Alcott, Amos Bronson Alcott, um conhecido abolicionista, defensor dos direitos das mulheres e de uma vida vegetariana.

Logo, o senhor Robert March é um capelão que busca viver uma vida a Deus regada de vegetais, sem contato com carnes, além de lutar por direitos de liberdade dos escravos e negros, sem tratá-los como mercadorias, mas os auxiliando a ler e a escrever, para que possam ter uma vida digna em sociedade, sem depender de seus senhores para lidar com o básico, porém essencial.

O problema é que o cenário de guerra é remotamente favorável, logo, o capelão se vê confrontado moral e religiosamente com o comportamento de seus colegas de exército, e até mesmo de abolicionistas que, embora concordantes com a libertação de escravos, não abraçam o ideal em sua completude, mas apenas parcialmente. Então, de confortador em meio a dor alheia, o senhor March passa a ser visto como alguém detestável, afrontoso para com Deus e a sociedade por conta de seus ideais muito rígidos.

Tópicos como a existência de Deus, amor ao próximo, o valor de uma vida, dentre tantos outros, são apenas a margem de um profundo lago que é este livro, e pensar e debater sobre tais questões é de grande satisfação, principalmente porque, sim, é um livro sobre um assunto um pouco batido, conhecido, mas necessário, que é a escravização, só que a maneira como a autora conduziu o tema e até mesmo tratou algumas problematizações foram novas, se não chocantes.

Há sim os conhecidos momentos de açoites e agressões contra escravos, mas eu acredito que a violência mental apresentada no livro é de maior impacto, tanto que, mesmo após a leitura de "O senhor March", eu não conseguia parar de digerir aquilo que li, a maneira como os personagens viviam, sim, em um estado físico crítico, mas ainda pior, com a mente em frangalhos, amarrados em um sofrimento muito mais doloroso que algemas e castigos físicos.

A única ressalva que tenho é a de que, em determinado capítulo, há uma intercalação da narração, do senhor March para sua esposa, Margaret "Marmee" March, o que derruba a qualidade do livro grandiosamente, mas que não contarei para não soltar algum spoiler. O alívio é que são poucos capítulos narrados por ela, e o livro, enfim, volta a ter seu poder.

Inesperado e bem executado, "O senhor March" vai deixar em mim um calor e gracejo que eu sequer imaginava encontrar nesta leitura. Se soubesse de tão incrível sensação, eu teria encarado muito antes, mas ainda bem que, enfim, deixei de lado o preconceito desnecessário e o conheci.

Este livro faz parte do projeto "Lendo Pulitzer".
Tana 06/07/2023minha estante
olha... me animei a pegar esse livro na estante!!




Lili 14/07/2009

Envolvente...
Fiquei encantada com a escrita rica e proficiente de Geraldine Brooks. A autora torna flexível a fronteira entre realidade e imaginação, dando também a cada personagem do romance uma textura diferente e singela. É sem dúvida um romance histórico muito bem pesquisado e cuidado. Recomendo vivamente!

comentários(0)comente



M@ri 17/08/2009

O livro me encantou com a escrita, quando comecei a ler percebi que não era muito um estilo que gosto, mas a mistura de realidade, sentimento e imaginação me fizeram perceber que é um livro que nos acrescenta muitos detalhes sobre a guerra e nos mostra claramente o sentimento de quem a enfrenta.

comentários(0)comente



lfcardoso 15/12/2009

Um religioso idealista
Para criar as protagonistas da novela "Mulherzinhas", a escritora Louisa May Alcott se baseou nela própria e nas irmãs. A história começa em uma véspera de Natal triste na casa da família March. O pai das protagonistas havia ido para o sul dos Estados Unidos, como capelão das tropas da União, na época da Guerra Civil Americana.

A obra de Alcott mostra as mudanças que aconteceram com as meninas da família March, as "mulherzinhas" do título, no período de um ano de guerra. Não há nenhuma informação sobre o que aconteceu com o pai delas nesse mesmo período. O senhor March só aparece no momento próximo do trecho final da história, gravemente doente. O livro termina com o pai das meninas indo passar o Natal com a família.

Aproveitando a lacuna na história deixada pela autora, a escritora Geraldine Brooks escreveu o romance "O senhor March". Para compor o protagonista do livro, Brooks se baseou no pai de Louisa May, o radical e abolicionista A. Bronson Alcott. Geraldine pesquisou sobre a família Alcott – leu principalmente diários, cartas e biografias de Bronson –, além de ler livros sobre a época da Guerra Civil, desde detalhes sobre as batalhas até o funcionamento dos hospitais naquela época.

Para poupar as filhas e a esposa dos horrores da guerra, o senhor March mente nas cartas que envia a elas. Ele quer passar a impressão de que o conflito entre escravocratas e abolicionistas é algo sem muita importância, um problema pequeno. Cada dia nas regiões devastadas pela guerra é uma prova para a fé do capelão March, em si mesmo e na causa que defende. Nem todos os soldados da União lutam pelo fim da escravidão, alguns estão interessados apenas em obter dinheiro com os espólios de guerra. Além disso, os maus tratos e humilhações de prisioneiros e escravos fugitivos cometidos por alguns soldados irritam o senhor March, que em alguns momentos acaba se desentendendo com alguns oficiais de patente superior.

Depois de escapar de uma emboscada do inimigo, o capelão relembra o momento em que percebeu a crueldade da escravidão. Quando tinha 18 anos, March trabalhava como caixeiro viajante. Em uma de suas andanças pelo estado da Virgínia, ele vai parar na propriedade de August Clement. Impressionado com a cultura do caixeiro viajante, Clement resolve hospedar o jovem. Nessa época, o protagonista conhece a escrava Grace, que é alfabetizada e bem-educada. Essa personagem irá desempenhar um importante papel na história, mostrando a March o que são verdadeiros atos de caridade e o ajudando na recuperação de uma grave doença na parte final do livro.

Após desobecer a uma lei que proibia a alfabetização de escravos, o futuro capelão é expulso da propriedade de Clement, e Grace é chicoteada por ser cúmplice. Anos mais tarde, já na época da guerra, March retorna à propriedade de Clement, que fora ocupada pelas tropas da União. Ele vê um local arruinado e abandonado. Com exceção de Grace, todos os escravos haviam fugido. A escrava ficara para cuidar do decrépito e doente August Clement e dos soldados feridos que eram mandados para lá. Por piedade, Grace resolvera ficar cuidando de seu antigo proprietário.

Através de outras lembranças de March, o leitor fica conhecendo o passado do protagonista. Após constituir uma razoável fortuna como caixeiro viajante, March resolve se tornar pregador. Em uma de suas visitas ao reverendo Daniel Day, ele conhece a sua futura esposa, Margaret Marie, ou Marmee. Ela é uma mulher de personalidade forte, além de ser contra a escravidão e defender os direitos das mulheres. Ao financiar a fracassada tentativa de levante armado do abolicionista John Brown, o senhor March gasta todas as economias, além de correr o risco de preso. Mesmo passando por dificuldades financeiras, a família March não deixa de ajudar os mais necessitados. Depois de um discurso para incentivar os jovens soldados da cidade de Concord, o protagonista resolve se juntar ao exército da União para acabar com a escravidão.

De volta ao presente da história, após discutir com um coronel, o senhor March se transfere para a propriedade de Oak Landing. Lá ele iria ensinar a ler e escrever ex-escravos que estavam sob a proteção da União. O administrador da propriedade, Ethan Canning, é indiferente à causa abolicionista e trata os trabalhadores com bastante rigor, chegando a castigar alguns. “Não finjo ser um evangelista da abolição, como você, senhor March. Sou um homem de negócios, simplesmente. Cheguei aqui com grande interesse no empreendimento do trabalhor livre. Acredito que a produção de algodão e açúcar por parte do trabalhador livre deve ser possível e rentável… para eles e para nós.”

Oak Landing experimenta momentos de prosperidade depois que March e Canning chegam a um acordo sobre o pagamento e as condições de trabalho dos ex-escravos. Infelizmente uma tragédia acontece na propriedade, deixando o capelão bastante ferido e doente. É, com certeza, um dos momentos mais dramáticos e tensos da história.

A maior parte da história é narrada pelo senhor March. Entretanto, Marmee assume a narração da história, enquanto o marido se recupera. Ela fica espantada com o estado em que encontra o marido. “O que resta dele? O que lhe sobra, agora que a guerra e a doença realizaram sua aterradora alquimia? Pude ver nele as mudanças mesmo antes de balbuciar algo em delírio. Logo que me trouxeram até seu leito, hoje à tarde. Achei que me tinham levado ao leito errado. De fato, não o reconheci.” Enquanto narra a difícil recuperação do marido, a senhora March descobre a verdade sobre os dias em que ele estava na guerra.

Não é necessária a leitura de "Mulherzinhas" para entender a história de "O senhor March", apesar de Brooks usar personagens do livro de Alcott. Com pesquisa, imaginação e sensibilidade, Geraldine Brooks recria um personagem de um clássico, dando a ele um lado mais humano. Mesmo lutando por uma causa nobre, o senhor March comete erros, como gastar todas as economias com o fracassado levante armado de John Brown ou abandonar um soldado ferido para sobreviver a um ataque do inimigo.

Para ler um trecho do livro, ver um vídeo com a autora ou obter maiores informações sobre a obra, visite o site www.osenhormarch.com.br.

Veja mais resenhas em http://www.literatsi.com/category/resenha/.
comentários(0)comente



Luciana 07/02/2010

Resenha O Senhor March
Louisa May Alcott foi uma famosa escritora norte-americana. Com o livro Mulherzinhas, ela mostrou toda a sensibilidade e força das mulheres americanas em uma época marcada pela guerra. O livro de Alcott possui tanta abrangência, que se tornou referência em vários filmes e séries americanas, chegando às telonas estrelado por Winona Rider e Susan Sarandon.

Agora é a vez de Geraldine Brooks (autora do Best-seller As Memórias do Livro) fazer uma referência desta obra. Brooks decidiu se basear no clássico de Alcott para escrever o premiado “O Senhor March”. Enquanto muitos comentam altivamente sobre as personagens femininas de Mulherzinhas, Alcott se interessou pelo personagem que menos aparece (porém, de peso imprescindível para a trama de Alcott) para este trabalho: o pai da família, o Senhor March.

Na história de Alcott, o Sr March se torna capelão do exercito durante a guerra civil americana. É baseado na ausência dele que se desenrola toda a história de Mulherzinhas. Geraldine busca mostrar como teria sido o período em que o pai das personagens passou no exército. Para conseguir isso, a autora utilizou cartas e documentos referentes ao pai de Alcott, que também serviu no exército naquela época.

A história é contada, em parte, por cartas escritas pelo Sr March a sua esposa e filhas. Logo em seguida cada capítulo relata em que circunstâncias se passam tudo àquilo que se passou enquanto ele escrevia a carta. A autora relatou mais que as aventuras, mas o pensamento que movia a personagem ali. Todos os ideais e convicções que o Sr March possuía são relatadas no livro.

Questões importantes como escravidão, a luta pela liberdade de todos os americanos e o direito de ler e escrever de todos são proclamadas e discutidas continuamente no livro. No desenrolar da história, ao esclarecer questões obscuras em Mulherzinhas, como a falência repentina da família (no livro relata-se que o pai perdeu tudo emprestando dinheiro a terceiros, mas nunca lhe pagam) e comportamentos mudados não bem esclarecidos (a mãe das meninas afirma que o temperamento estourado de Jô é idêntico ao dela, e que foi mudado com a ajuda do pai das meninas) é mais bem esclarecida por Geraldine.

Se aproveitar de um livro já existente para criar outro não é algo novo. Diversos autores já se basearam ou se inclinaram a utilizar fontes já conhecidas para isso. Diversos autores ganham espaço ao falar sobre livros do Dan Brown (O Código Da Vinci), Rhonda Byrne (O Segredo) e Philip P Young (A Cabana), entre outros.

Talvez por isso Geraldine já mostre desenvoltura para escrever livros assim. Jornalista, já sabe como buscar informações e utilizar os fatos de forma a instigar os mais diversos leitores. Em o Senhor March ela foca mais no ser humano, suas fraquezas, seu caráter e medos. Não procura criar um herói clichê (aquele que está sempre pronto a salvar todos), mas um ser humano que possui medos, se machuca, teme a morte e, até mesmo, perde a reação no momento mais importante da história.

O Senhor March criado por Geraldine é um homem como qualquer um. O seu diferencial é seu caráter e seus sonhos. Enquanto muitos lutam para destruir o inimigo, ele procura salvar todos que cruzam seu caminho. Seu desejo é libertar os negros, ensiná-los a ler e escrever, a terem suas próprias opiniões. Suas pregações são sobre perdão, sobre o livre arbítrio que possuímos e não sobre pecados e condenações.

Ao chegar à questão religiosa talvez se torne um ponto importantíssimo no livro. Apesar de não ser constante, não há como não fugir das partes onde o ideal cristão do Senhor March é revelado. Em Mulherzinhas, o livro O Peregrino (John Bunyan) é usado como base de comparação na vida das personagens, mostrando o lado cristão (mais ético do que religioso). Geraldine já mostra como o Senhor March vê o cristianismo. Nada de dogmas ali é empregado. Um cristianismo simples e claro, que busca não condenar, mas amar. Isso gera conflitos com os demais companheiros do Senhor March, mas retrata aquilo que muitos que vivem (até mesmo nos tempos de hoje) quando têm um pensamento mais “aberto” ao cristianismo.
comentários(0)comente



Teresa 30/01/2010

O Sequestro do Pai das Mulherzinhas
Ganhador do Pulitzer de Literatura de 2006 é um livro muito inteligente tanto do ponto de vista criatividade quanto literário.
Geraldine Brooks "sequestrou" o Sr. March do clássico de Louisa May Alcott (Mulherzinhas). Assim que vi este título, lembrei-me desse livro que li (pelo menos três vezes) na adolescência e, imediatamente, vieram-me à lembrança: Jo, Meg, Amy e Beth e, é claro, a Sra. March. O Sr. March tinha ido para a guerra e é apenas mencionado no livro.
Mulherzinhas é uma biografia romanceada da família Alcott. Seu pai era um professor abolicionista e trabalhou muito pela causa, tanto é que participou da "ferrovia subterrânea" mencionada em O Senhor March.
Geraldine Brooks pesquisou os diários e cartas do Sr. Alcott e, desta forma, percebemos no romance um profundo conhecimento da história daquela guerra.
Pois bem, na narrativa de Geraldine Brooks, o Sr. March é um capelão idealista, numa guerra fraticida que vai colocar em cheque sua autoconfiança e sua confiança na causa federal, uma vez que ele descobre que o seu lado da guerra é também capaz de atos de barbárie e racismo.
O livro é narrado na primeira pessoa, às vezes através das cartas de March para casa e outras (a maior parte) através de textos dirigidos a nós leitores. Nas cartas, ele evita falar dos horrores da guerra, mas para nós ele conta tudo e também conta-nos sua vida, desde seu passado antes de conhecer a mulher até os últimos tempos antes de partir para a guerra.
Depois da guerra, ele já não é o mesmo, precisa botar suas idéias em ordem e descobrir a melhor maneira de se religar à mulher e às filhas que não imaginam as provas pelas quais passou.
Com base no mundo cultural do Norte e a sensibilidade do Sul de antes da guerra, O Senhor March faz com que Mulherzinhas cresça em importância.
comentários(0)comente



cid 01/08/2011

Não temos a idéia. A idéia é que nos tem.
Eu não sei se gostei do Sr. March. Muito atormentado, muito perfeito...
E francamente, alguém que perdeu toda a sua fortuna , colocando-a nas mãos de John Brown , não tinha nenhum juízo. Eu adoro John Brown, mas ele está em um outro nível de entendimento.
Enfim, os textos que mais gostei foram os sobre John Brown, embora Geraldine Brooks não o tenha retratado como merecia.
- Gostei quando conversando com Brown, o Sr March cita uma frase de Heine, sobre a idéia. “Não temos a idéia. A idéia é que nos tem... e nos leva à arena para defendê-la como gladiadores, queiramos ou não”
-Gostei de relembrar o discurso de Henry Thoreau sobre Brown.” Mil e oitocentos anos atrás Cristo foi crucificado, hoje de manhã J Brown foi enforcado.São dois extremos de uma corrente com muitos elos.E Ralp Emerson disse que Brown tornou a forca tão memorável quanto a cruz.
comentários(0)comente



Jaqueline 21/05/2012

O Senhor March é uma obra de ficção inspirada em uma das grandes famílias norte-americanas do século XIX, os Alcott. O personagem Sr. March foi emprestado da obra de Louisa May Alcoot, Mulherzinhas que foi uma das primeiras novelas a abordar a Guerra Civil Americana

March em sua juventude trabalha como caixeiro viajante, e em uma de suas andanças ele conhece Grace, uma escrava que é tratada como sendo da família, e agia de forma bem refinada. Algo revoltante acontecerá e March tomará um rumo diferente de Grace, reencontrando-a nas páginas finais do livro.

O caixeiro se tornará capelão do exercido da Guerra Civil Americana, e seguirá junto com os jovens soldados rumo a sanguinolentas batalhas. March presenciará momentos terríveis, e certos fatos irá ocasionar mudanças bruscas em sua vida.

É um livro comovente, trata de assuntos importantes como a escravidão, a luta pela liberdade e o direito de ler e escrever de todos.

O livro é dividido em duas partes. Na primeira a história é narrada pelo próprio March, já na segunda parte a narração fica por parte de sua esposa Marmee.

O senhor March é um livro muito rico em descrições e detalhes, e como trata da escravidão é impossível não ficar pensativa após terminar de lê-lo.
comentários(0)comente



Sandy 03/12/2012

Narração extraordinária, envolvente. O conteúdo histórico excelente! Porém, achei o personagem título um "tantinho" irritante.
comentários(0)comente



Egídio Pizarro 31/07/2015

Surpreendente
Com uma história baseada na Guerra Civil Americana, o livro é primorosamente intenso. Um enredo incrível com personagens ótimos, onde nem tudo é o que parece ser. Surpreendeu demais

Eu, pessoalmente, sugiro que quem vá ler não comece pela orelha ou pela sinopse - vá direto ao ponto. Sugiro também um pouco de noção sobre a Guerra Civil Americana.
comentários(0)comente



Pandora 10/02/2016

Acho que tenho mais dificuldade de comentar um livro do qual eu gosto do que um de que não gosto. Nem sei o que dizer, só que amei este livro, devorei-o em algumas horas e valeu cada linha!
comentários(0)comente



Sil 28/07/2016

MULHERZINHAS ÁS AVESSAS
Olá,

quem é vivo sempre aparece ne? Pois é, aqui estou, depois de duas semanas sumida num mundaréu de livros, resolvi largar um pouco minha atual leitura para vir aqui e entediar todos vocês 😀

Pro assunto de hoje, resolvi falar do livro O Senhor March. A autora australiana Geraldine Brooks, resgatou o Senhor March, um dos personagens do clássico livro “Mulherzinhas” da autora Louisa May Alcott. O Senhor March, é um pai bastante ausente, envolvido constantemente na luta contra os direitos dos negros, o mesmo acaba negligenciando suas queridas filhas, tirando delas, para ter recursos para a sua causa. Já com idade, o mesmo decide se alistar e participar da violenta Guerra Civil Americana. Após diversos acontecimentos, se vê obrigado á abandonar suas crenças e trair seus ideais, para sobreviver. Quando volta para casa, o mesmo está mudado, e as pessoas ao seu redor também.

Um livro sobre mudanças e as pequenas tristezas que nos cercam.

Abraços.

site: http://www.colunadovale.com.br/mulherzinhas-as-avessas/
comentários(0)comente



29 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR