Clara T 17/07/2022Um outro Lado de MulherzinhasQuem lê o livro Mulherzinhas de L. M. Allcott percebe que o pai está ausente e fica com a mensagem de aquela é uma família de uma pai ausente como muitas outras. Mas e se você pudesse conhecer o ponto de vista dele, o senhor March? Foi o que a autora quis fazer.
Depois de uma grande pesquisa da vida da Bronson Allcott, pai da escritora, e os acontecimentos históricos da região durante a Guerra Civil Americana, Geraldine Brooks se atreveu a interpretar quem seria o senhor March e o que acontecia com ele enquanto as meninas estavam vivendo seu ano de transformação.
A maior parte dos personagens e acontecimentos relatados neste livro foram criados pela autora, não são os personagens originais de Mulherzinhas. Mas é claro que a família e a vizinhança são citados através de lembranças.
Duas construções que foram feitas neste livro me desequilibraram. A parte do Senhor March jovem, construindo a sua riqueza e depois perdendo tudo daria uma história a parte para o casal March. E tudo o que envolva a personagem Grace, também merece uma longa discussão.
Enfim, o começo dos capítulos são as cartas enviadas por March à família durante os meses da guerra e o resto mistura os acontecimentos que ele não consegue descrever nas cartas e as lembranças de sua vida antes até aquele momento.
Como capelão March não é obrigado a pegar em armas, então muitas vezes ficou afastado com os feridos se movimentando durante as batalhas e trabalhando intensamente com o médico para trazer alívio espiritual e conforto para os feridos, principalmente nos casos em que não é possível salvar. Mas March precisa encarar pessoas que se recusar a conversar com ele porque não é um padre ou não professa a mesma fé religiosa que ele e precisa de conforto. Muitas vezes os soldados menosprezam a presença do religioso. E March também luta pela boa moral de seu batalhão ainda que seja uma guerra, tentando evitar outros crimes, e com isso não é bem visto e acaba sendo transferido.
Nesta transferência tem a oportunidade de atuar como professor de escravos libertos que estão trabalhando numa fazenda de algodão de forma remunerada. E mais lembranças vão voltando sobre a luta pelas libertação dos escravos e as rotas de fuga para o Canadá.
Foi um misto de emoções ao ler este livro. Acredito que os fãs de Mulherzinhas não vão gostar. Principalmente pela forma como descreve a mãe das meninas. Não sei se me interessa reler. Mas a escrita da autora é gostosa, me manteve interessada. Além de narrar o que acontecia com o senhor March durante o livro Mulherzinhas também tem toda a narração das lembranças do que ocorreu antes, o casamento, o nascimento das meninas e tal.