Resenhas - O Feiticeiro

Aguinaldo 20/09/2011

o feiticeiro
Depois de conhecer Jim Harrison no surpreendente Lendas do outono resolvi continuar e ler os demais livros dele que encontrei nos meus guardados. "O feiticeiro", "Warlock" no original, é de 1981. É um romance muito divertido e bem humorado. Um sujeito desempregado, nos anos Jimmy Carter, segunda metade dos anos 1970, passa os dias experimentando receitas sofisticadas e imaginando jogos sexuais com sua mulher, uma enfermeira relativamente bem sucedida. Ao "feiticeiro" (apelido que adota após ter um sonho com toques de epifania) não faltam inteligência e juventude, mas sim vontade de voltar ao mercado de trabalho e a rotina dos escritórios de advocacia. Ele conhece um médico extravagante, que o contrata como uma espécie de estafeta, um investigador da saúde financeira de seus negócios. Esta atividade parece ajustar-se perfeitamente ao cinismo e falta de escrúpulos do feiticeiro (que de resto é filho de um policial, já aposentado). Ele usa as armas que tem para obter informações e se "enturmar" com os suspeitos que investiga: a facilidade de se embriagar e consumir drogas, seu gosto pela sedução e pelo sexo, sua verborragia e agilidade mental. Ian MacEwan já escreveu que um bom escritor se conhece pela qualidade de suas cenas de sexo. Se isso for mesmo verdade Harrison ganha muitos pontos com McEwan. O "feiticeiro" é um sátiro brincalhão. Harrison é também um bom observador da paisagem natural (o mesmo meio-oeste agressivo do "lendas do outono", mas agora em uma versão urbana). Suas descrições dos campos e da interação entre homem e natureza são muito boas, e não tem nada de piegas ou artificial. Os diálogos são um caso à parte, muito precisos, não emperram a história, que segue vertiginosa para um final denso e movimentado. Claro, como bom trambiqueiro, o "feiticeiro" sabe apenas metade das historias com as quais está envolvido (como todos nós no mundo real, sempre). Isso garante espaço para Harrison refletir (e levar o leitor a refletir) sobre a natureza humana e a vida em sociedade. Bom livro. [início 07/09/2011 - fim 12/09/2011]
"O feiticeiro", Jim Harrison, tradução de Marcos Maffei, São Paulo: editora Companhia das Letras, 1a. edição (1998), brochura 14x21 cm, 255 págs. ISBN: 85-7164-822-0 [edição original: Warlock (New York: Delacorte) 1981]

MVGiga 01/11/2010

O feiticeiro e as suas feitiçarias
Peguei esse livro ha muito tempo, atraves de uma amiga do trabalho, tinha começado a ler e logo após abandonei, devido a complexidade da narrativa (2007), voltando a ler recentemente (2010). Quem ver o titulo pensa que se trata de um livro de magia e fantasia q enche as prateleiras da literatura infanto-juvenil, mas se trata de uma ficção norte-americana abordando a vida de um sujeito de 42 anos em depressão.

O motivo do livro se chamar O Feiticeiro é devido ao apelido que o personegem principal, Jonhny Ludgren, ganhou quando era escoteiro na infancia. Ele acredita que o nome lhe traz forças para enfrentar qualquer obstaculo. O autor se preocupa com o lado psicológico do personagem principal, deixando um pouco de lado a historia em si. A narrativa é feita em terceira pessoa (apesar de algumas vezes, o personagem exige os seus pensamentos). Atraves das divagações sobre a mulher, o "infiel" cachorro, o desemprego e o tao solicitado sexo, Jonhny constroi o mundo ao seu redor. O ápice da historia acontece quando Jonhny aceita o emprego temporario de investigar e espionar os negócios empresariais e a familia de um conceituado medico, Dr. Rabun. Ele se envolve em uma busca onde, de certo modo, vai interferir na sua propria vida e o da sua familia.

O livro O Feiticeiro é um romance desconhecido por essas bandas, longe de ser um best-seller, vale a pena conferir se o leitor gosta de analisar comportamento do ser humano e as suas consequencias. O enredo ajuda a criar a expectativa do que vem adiante. Uma dica: Cuidado para não se perder nos devaneios de Jonhny Ludgren! Pois nem tudo que ele percebe, é verdadeiro e real.