Fernanda631 05/07/2023
Mundo Perdido (Jurassic Park #2)
A primeira sequência de um livro, feita por Michael Crichton, veio através dos pedidos de Steven Spielberg e da Universal Pictures, que queriam uma continuação para a história do Parque dos Dinossauros. História essa, que, ao se após virar filme, se tornou a maior bilheteria da história dos cinemas – até aquele momento. Apesar do apelo financeiro em torno dessa nova história, Crichton não deixou se levar por isso ao escrever o novo livro. Com isso, em 1995, “O Mundo Perdido” (original, “The Lost World“), nos traria uma continuação digna, tão ou (para alguns) melhor e mais feroz que o livro original. Neste uniriam-se mais uma vez a paleontologia, personagens interessantes a um thriller de ficção cientifica, recheado de suspense e ação. E uma observação: é uma lastima que essa história não tenha sido reproduzida da mesma forma para os cinemas.
Tudo começa a partir de rumores e ambições, egos e paixões, ciência e dinheiro.
Em “O Mundo Perdido”, Crichton retorna, de forma perspicaz, o melhor personagem de “Jurassic Park”, Ian Malcolm. O retorno é inesperado, tendo em vista que o personagem é dado como morto ao final do livro anterior. Mas, a explicação para que ele esteja vivo é suficientemente satisfatória. E, diferente do que vimos no cinema, temos Dodgson explorado na nova trama. Para recordar, o personagem é o mesmo que causou todos os problemas ao subornar Dennis Nedry, para que este último roubasse embriões do Jurassic Park.
O novo enredo gira em torno da Isla Sorna, ponto no qual os cientistas criavam os dinossauros, antes de que esses chegassem a vitrine da Isla Nublar, onde serviriam de atração para os visitantes. Então somos envolvidos por um mundo perdido, onde os dinossauros vivem livres. Literalmente, não é mais um passeio no parque.
O Parque dos Dinossauros não deu certo, sendo provado no primeiro livro. A tentativa de recriar animais há muito extintos e inseri-los no convívio humano provou-se uma verdadeiro desastre. Vidas foram perdidas e todo o caso foi abafado jamais chegando ao conhecimento público. Só que John Hammond tinha cartas na manga e uma outra ilha servia de palco para seus experimentos. Ali, os animais incrivelmente prosperaram contra toda a sorte de infortúnios e jogando contra a lógica da sobrevivência. Muitos predadores, poucas presas.
Crichton utiliza o mesmo método de contagem de história que utilizou em “Jurassic Park”. Uma longa introdução, que consome pelo menos as primeiras cem páginas do livro. Nela é criado um terreno fértil de desenvolvimento dos personagens e dos mistérios que rondam a Sorna. Quando em fim chegamos a ilha, temos quase todos os personagens desenvolvidos. Sarah Hadding é quem possui mais desenvolvimento após esse ponto.
O cenário da Isla Sorna, onde se passa a maior parte da história, é descrito minuciosamente. O livro traz um mapa para levar ao leitor uma noção de localização. São descritos as formas da ilha vulcânica, sua vegetação, os campos de caça e rios.
Na questão descrição, o melhor do livro é como são especificadas as características dos dinossauros. Os animais ganham detalhes que se constroem na nossa mente, desde na textura de suas peles até o hálito pútrido. São descritas cores, formas de se alimentar, e, até mesmo, táticas de caça.
A caça, por sinal ganha destaque, tendo em vista que, ao contrário do primeiro livro, aqui os dinossauros estão soltos, em um ambiente completamente selvagem. E, como o livro descreve, há um equilíbrio criado entre as espécies.
Para nos trazer mais detalhes sobre as particularidades dos hábitos dos animais, os personagens possuem um observatório no alto, onde podem ver as movimentações das espécies.
O vilão acaba ficando mais claro, a partir do momento que Dodgson ganha mais destaque. E, apesar de não possuir uma ideia forte (ou inteligente) em questão do objetivo do mesmo ao ir para ilha, os contornos que a sua história ganha, compensam. Ao mesmo tempo, é aprofundado ainda mais o personagem de Malcolm, que, em suas nuances já conhecidas, continua sendo o matemático excêntrico e cheio de ironia. Vale ressaltar que neste livro Malcolm torna-se protagonista. Ele traz inúmeros debates para dentro da história. Enquanto isso, fica a cargo de Sarah Hadding a observação e descrição da vida biológica local, além das cenas de ação.
A escrita de Michael Crichton é bem detalhada e se profunda, entregando inclusive explicações técnicas acerca dos assuntos abordados. Todo o plot e o desenvolvimento são de um alto nível intelectual e se desenvolvem entregando cenas fortes, muito bem descritas, de forma realmente a chocar devido a destreza e os aspectos sombrios da obra.