Joshua 25/09/2013
Gélido me deu calafrios...!
Após a leitura satisfatória de Desaparecidas, quinto volume da série Rizzoli & Isles de Tess Gerritsen, sempre fiquei com vontade de ler outro livro da autora, já que a primeira experiência tinha sido ótima. Decidi então ler Gélido, oitavo livro da saga e recente lançamento aqui no Brasil pela Editora Record, e sim, mais uma vez pude comprovar o quão a autora é sensacional, tanto na escrita, narração, quanto na construção dos seus personagens e no mistério. Gélido me deu arrepios!
Na trama, com um foco maior na patologista Maura Isles, a médica-legista viaja para Wyoming em um inverno rigoroso para um congresso médico, e lá reencontra um antigo amigo de faculdade, Doug Comley, que a convida para um passeio, juntamente com sua filha Grace e dois amigos, Arlo e Elaine. Na estrada, o grupo acaba sofrendo um acidente de carro devido à nevasca, e perdidos, sem terem contato com mais ninguém, decidem se abrigar no vilarejo Kingdom Come, que estranhamente está vazio. À medida que eles permanecem lá, fica ainda mais óbvio que algo de ruim aconteceu as pessoas que moravam ali, e que eles precisam sair o quanto antes para não serem as próximas vítimas. Enquanto isso, sua amiga, a policial de Boston, Jane Rizzoli, recebe a notícia do desaparecimento de Maura, e então decide investigar ao lado do seu marido Gabriel, um agente da FBI. Só que ela não esperava que no meio de tanto mistério, descobrisse um envolvimento de uma seita e segredos do passado que nunca deveriam ter sido levados à tona.
"- Ser focada não é um defeito - disse ela, em defesa própria - É a única forma de se conseguir alguma coisa neste mundo."
A atmosfera de Gélido é fria, e chega a ser inquietante enquanto vamos acompanhando o desenrolar da história, que fica ainda mais com cara de filme de terror quando os personagens ficam presos em Kingdom Come. Tess tem uma escrita direta e uma narração descritiva que nos faz sentir, tanto no cenário, como na pele dos personagens, vivendo as emoções, e igualmente, o desespero humano. Como a protagonista, queremos saber o que aconteceu á tal vila, principalmente a razão para que simplesmente as pessoas tivessem "evaporado", deixando jantares intocados na mesa, janelas abertas em uma época de puro frio... São essas perguntas que movem Gélido, e autora não poupa páginas para nos dar uma dose de terror.
É difícil falar de um livro realmente bom e que acertou em cheio em todos aspectos - mesmo tendo uma leve caída no suspense da metade pro final, mas nada que tenha estragado a leitura. Além de nos dar calafrios - principalmente se você ler num dia frio, o que foi o meu caso - a autora teve total cuidado com a parte técnica do livro, usando termos médicos nada forçados e que até os leitor mais leigos irão se adaptar. Isso se deve porque a autora, antes de se tornar escritora, era médica, ou seja, ela tem uma grande gama de conhecimentos.
"Maura não queria deixar a garota mais apavorada do que já estava. Assim, não disse nada a ela sobre o que acabara de ver na floresta. Elaine, contudo, teria de saber. Precisavam estar preparadas, agora que sabia a verdade.
Não estavam sós naquele vale."
Quanto à Maura Isles, a personagem que passa pelo "sufoco" todo, ela é o tipo de mulher reservada e bastante cuidadosa, e por ser legista, ela é fria e calculista - sendo até apelidada de Rainha dos Mortos - e nos momentos de tensão tenta usar, mais do que tudo, a lógica. Por tratar sempre de coisas esterilizadas no trabalho e ter uma fixação por limpeza e ordem, aqui vemos uma Maura que pra lutar pela sua vida não atenta para a sua higiene ou organização, tornando-se quase em uma selvagem. Já Jane Rizzoli, por não ter tanta influência nesse livro, não vemos tanto dela por aqui, mas é quem usa todas as suas forças para procurar por sua amiga, até mesmo quando todos desacreditam que ela esteja ainda viva.
No fim, Gélido é aquele livro que te surpreende pelo desfecho que coloca todas as suas teorias inicias na geladeira. Em um emaranhado de tantos mistérios e segredos, o leitor acaba sabendo o tanto que os personagens sabem, e fica difícil prever o final, mas Tess prova com maestria ao finalizar a história, dando aquela sensação de "caso fechado". Como Stephen King diz, e eu sou de mesma opinião, "Tess Gerritsen é leitura obrigatória...".
"Maura olhou para o relógio e viu que eram quatro da manhã. Já estava quase na sua vez de tomar conta do fogo, de maneira que era melhor permanecer acordada até amanhecer. Quando ficou de pé para se espreguiçar, seus olhos perceberam um brilho refletido, ao lado do fogo. Aproximando-se, viu que havia gotas de água no chão de madeira. Depois percebeu, na região de sombras, uma leve camada branca. Alguém tinha aberto a porta, deixando entrar uma raja de neve. Ela caminhou até a porta, onde a neve ainda não havia derretido, e olhou para o pó fino. Marcado nele, via-se uma única marca de sola de sapato."
Então não perca tempo e corra para ler a série, que pode ser lida independente da ordem cronológica. A saga policial Rizzoli & Isles é composta pelos livros, em sequência, O Cirurgião, O Dominador, O Pecador, Dublê de Corpo, Desaparecidas, O Clube Mefisto, Relíquias e o último lançado, no Brasil, Gélido.
E quer saber mais? O blog fez uma entrevista exclusiva com a Tess Gerritsen. Clique aqui e leia na íntegra!
site: www.pensamentosdojoshua.blogspot.com