Correndo o risco de soar repetitiva vou começar a resenha dizendo que adoro elfos, desde o fascinante Tolkien, as mitologias desenvolvidas do nada as que se baseiam na mitologia nórdica. O verdadeiro pesar é ver o número pequeno de traduções de livros com eles de trama central que chega por aqui todo ano. Por isso foi com exultação que recebi "Névoa" da parceria com a Farol e com mais felicidade ainda constei que a história criada por Kathryn James traz os elfos como enredo absoluto, em uma trama sombria, cheia de mistérios e riqueza.
Nell já está acostumada a viver a sombra de sua irmã mais velha, Gwen e a não ser importar com os comentários maldosos da sua turma de amigos. Ainda mais agora quando estava intrigada com a história do aluno novo que apareceu no colégio e que ninguém mais parecia notar. Evan entra e sai quando bem quer e as pessoas parecem esquecê-lo ou pior nem enxergá-lo. Nell estava feliz por finalmente conseguir trocar duas palavras com Evan depois de tê-lo visto mais uma vez entrando no bosque. O mais esquisito foi Evan, ao ouvir sobre a festa que a irmã de Nell planejava nos bosques, pedir a ela que não aparecesse no bosque naquela noite. Por mais estranho que tenha sido Nell avisa a irmã, pede para ela não ir, mas é claro que Gwen não iria ouvir seu conselho. Precisava ir atrás da irmã mesmo com a estranha sensação desde que ouvira o conselho de Evan. Confirmando seu pressentimento e o aviso, Nell vê a irmã desaparecer desacordada na vastidão da névoa gelada do bosque. Assustada com o que viu decide adentrar no bosque copiando o estranho jeito que Evan se movia de pedra em pedra para driblar a névoa e quem sabe encontrar Gwen ainda desacordada. Quando se depara com uma clareira tem certeza de que está muito longe de casa. Continuando na onda de choque Nell descobre que Evan não é um simples garoto de cabelos longos e pálidos. Ele é um elfo, as histórias de sua avó não são lenda, ela é uma Observadora e se a organização não aceitar os termos de Fen, irmã de Evan eles nunca mais verão Gwen. Porém Nell não vai esperar mais, ela quer a irmã de volta e fará de tudo para conseguir antes da meia-noite...
Essa é a premissa básica do enredo da história criada por Kathryn James, digo básica porque não posso simplificar o complexo mundo apresentado pela autora. Com uma narrativa em primeira pessoa rica e fluida a autora desenvolve a partir do sumiço da irmã de Nell o ambiente para apresentar os elfos e sua triste história. Juntamente com Nell temos um vislumbre da história desse complexo e antigo povo que vive as margens do mundo humano. O desenrolar da trama é ágil, com descrições fortes e vívidas que tornam a ambientação da história um dos pontos marcantes. A mitologia criada pela autora baseia a origem dos elfos na mitologia nórdica o que enriquece a história ao mesmo tempo em que cria possibilidades sombrias e intrigantes.
Nell é uma personagem forte, que cresce com a trama, inteligente e suave sua voz narrativa é ágil e perspicaz. Foi bem interessante a maneira como a autora desenvolveu a relação dela com Evan. Eles supostamente deviam ser inimigos, Evan que cresceu nessa guerra contra os seres humanos até é ríspido e duro com Nell. O que causa uma dissonância já que Nell, além de ter acabado de saber da existência deles é uma garota prática, que não consegue entender o motivo da rixa, e portanto não age da forma que Evan e os outros elfos esperam de uma humana. Uma protagonista justa, simples com um humor rápido e que cativa o leitor. Do começo da trama até o desenrolar a história de Nell, Evan, humanos e elfos é uma mistura precisa de elementos ricos, trama intrincada com mistérios e segredos sombrios. Um final com revelações que surpreendem e deixem no ar perguntas e histórias a serem exploradas.
Leitura rápida, criativa e instigante com uma mitologia fascinante, que remete aos elfos da mitologia nórdica, mas com elementos inovadores e intrigantes. Kathryn James surpreende a todos com uma heroína única, a promessa de uma romance emocionante e principalmente uma trama central que promete uma continuação ainda mais rica. A única coisa que faltou para meu gosto de amante de elfos foi aumentar mais a parte onde explorava o mundo dos elfos, mesmo que perdesse em ritmo. A edição da Farol está linda, fonte grande, o livro é mais baixinho e a capa tem um efeito cintilante muito bonito. Ansiosa para o próximo livro da trilogia. A história ficaria mais do que perfeita no cinema, não só pelo mundo rico e ambiente belíssimo, mas porque vemos poucos elfos no cinema. Recomendado a todos que procuram uma fantasia rica, com uma mitologia que inova ao mesmo tempo que traz o melhor dos elfos em um conflito repleto de questões como preconceito humano e ambição desenfreada de dominar o mundo e seus recursos. Além claro de um (...)
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